quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Viagens 14 - Belgrado

Em Setembro de 2006, depois de uma escala em Colónia (Alemanha) aterrei pela primeira vez no Aeroporto Nikola Testa, em Belgrado, capital da Sérvia.
Já tinha estado em Belgrado, muitos anos antes, ainda capital da Jugoslávia, vindo então de comboio, desde Atenas e confesso que por motivos que já relatei antes essa estadia não tinha sido muito agradável.
Mas agora, a situação era bem diferente, e os motivos da viagem, não eram uma escala mais num inter-rail juvenil, mas sim ir ao encontro de alguém.
Desde nove meses antes, mantinha contacto virtual com uma pessoa que “mexeu” muito comigo, e era imperioso para ambos um conhecimento real e assim lá fui eu ter com o Déjan

Foi a primeira de várias viagens a esta cidade, à qual me ligam agora laços que ultrapassam em muito a pessoa que ali me levou nessa data.
O Déjan estava à minha espera no aeroporto, e foi com um misto de alegria e timidez que nos vimos e cumprimentámos pela primeira vez; tomámos um taxi para a sua casa, no centro da cidade e durante o longo percurso, poucas palavras trocámos, apenas um imenso sorriso transparecia em ambos e os nossos dedos mindinhos estiveram sempre apertados até chegarmos à Kneza Milosa (assim se chama a avenida onde ele morava)
 e que desde já adianto ser talvez a mais importante da cidade, já que faz a ligação da entrada norte com o centro da cidade – é uma longa avenida – e na sua parte final, onde se situava a casa do Déjan, estão locais muito importantes, como a sede do Governo, as traseiras da Presidência da República, vários ministérios e acaba junto ao Parlamento, além de ter variadas embaixadas (EUA, Canadá, Croácia e outras).
O apartamento era pequeno, mas acolhedor e quando a porta do mesmo se fechou atrás de nós, libertámos toda a timidez e num só momento tivemos a certeza da importância e do bom que esta viagem iria representar nas nossas vidas futuras.
Foram duas semanas maravilhosas em que além de ir descobrindo o Déjan, fui descobrindo uma cidade fascinante nas suas diferenças, uma cidade que ele me foi mostrando, fervilhando de vida, com características muito próprias e que me levaram a conhecer melhor aquele povo, tão especial, e nalguns aspectos bastante parecido com o nosso

Mas foi ao longo de posteriores viagens que ali fiz que melhor fui conhecendo a cidade dos dois rios, o Danúbio e o Sava, das suas muitas pontes, dos muitos cafés e bares cheios de gente
de Verão e de Inverno, das gentes que tanto podem mostrar sinais de carência, como mostram que sabem vestir bem e viver a vida.
Agora, o Déjan deixou de viver em Belgrado, arrendou o seu apartamento e apenas lá voltará para férias e ficará em casa do irmão, pelo que não sei quando voltarei lá, com muita pena minha
Apenas em dois aspectos os nossos futuros encontros fora de Belgrado são positivos: por um lado não temos que (fora de casa) fazer teatro sobre os sentimentos que nos unem – a Sérvia é terrivelmente homofóbica; e por outra, ir à Alemanha ou a outra cidade europeia é sempre mais fácil e barato, já que evita uma escala, sempre penosa.
Mas jamais esquecerei Belgrado!

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

2014 - O meu ano literário

Li em 2014, 66 livros (ou melhor, serão 70, já que um está desdobrado em três, e se considerarmos o meu). 
Foi um bom ano literário e não só em quantidade,mas também à qualidade.
Neste aspecto qualitativo e segundo as estrelas atribuídas por mim a esses livros no Goodreads, apenas três obtiveram a cota mínima (uma estrela), quatro obtiveram duas estrelas (ainda assim negativa), doze estiveram num nível médio – três estrelas; já num plano elevado houve 36 livros a que atribuí quatro estrelas e a onze dei mesmo o máximo, as cinco estrelas que se aproximam da obra prima.
Daí poder desde já afirmar que a grande decepção do ano foi o livro de Lobo Antunes “Que farei quando tudo arde”
No campo oposto os dois melhores livros que li foram, no lado de autores portugueses, o livro de Norberto Morais - “O Pecado de Porto Negro”
 injustamente preterido no prémio Leya, e no plano de autores estrangeiros o surpreendente “Stoner” de John Williams

Uma referência à surpresa positiva do ano, um livro que eu julgava ser um livrinho apenas agradável e me “encheu as medidas” - “Agora ou Nunca” de Tom Spanbauer

A nível de autores, houve dois de que li quatro livros cada – o brasileiro Caio Fernando Abreu

e o autor do meu género preferido, o romance histórico: Allan Massie

Li dois livros de bastantes autores: Frederico Lourenço, Phillipe Besson, João Ubaldo Ribeiro, José Régio, Mário Cláudio e Ana Cristina Silva.
De realçar que a maioria dos livros lidos são escritos por autores da língua portuguesa (31 nacionais e 7 brasileiros), contra 28 estrangeiros.
Uma referência a ter lido apenas dois livros de poesia, um de banda desenhada e dois de teatro.
Li (e vi) cinco livros sobre fotografia (todos eles de grande nível), um livro muito interessante de pequenas histórias de autores anónimos ou quase, e apenas um pequeno ensaio. 
Houve ainda três livros de viagens.

Aqui fica a lista completa dos livros lidos, por ordem de leitura:

“Três Tristes Tigres” (Guillermo Cabrera Infante)
“Praia Lisboa” (Henrique Levy)
“Tibério” (Allan Massie)
“Viagens” (Paul Bowles)
“A Segunda Morte de Anna Karenina” (Ana Cristina Silva)
“Girassóis” (Caio Fernando Abreu)
“Uma Gota de sangue” (José Régio)
“A Casa dos Budas Ditosos” (João Ubaldo Ribeiro)
“O Instituto Smithsonian” (Gore Vidal)
“Instantâneos” (Margarida Leitão)
“A Photographer's Life: 1990-2005 (Annie Leibovitz)
“Gens du Barroso- Histoire de une Belle Humanité” (Gérard Fourel/Antero de Alda)
“Partilha-te” (Vários)
“O Crepúsculo do Mundo” ( Allan Massie)
“Morangos Mofados” (Caio Fernando Abreu)
“Cartas Vermelhas” (Ana Cristina Silva)
“EuroNovela” (Miguel Vale de Almeida)
“Augusto” (Allan Massie)
“António” (Allan Massie)
“USA Wild West: Oeste Selvagem Americano” ( João Máximo/Luís Chaínho)
“Fun Home” (Alison Bechdel)
“Morte em Pleno Verão e Outros Contos” (Yukio Mishima)
“Vivian Maier: Street Photographer” ( Vivian Mayer/John Maloof/ Allan Sekula/Geof Dyer)
“Helen Levitt” (Helen Levitt/Walker Evans)
“Castelo de Sombras” (Judith Teixeira)
“Mister Norris Muda de Comboio” ( Christopher Isherwood)
“Irving Penn: Small Trades (Virginia Heckert/Anne Lacoste)
“Amor que se faz Homem” (Henrique Pereira)
“O Mar por Cima” (Possidónio Cachapa)
“Carta de Sócrates a Alcibíades, seu Vergonhoso Amante” (Miguel Real)
“A Breve e Assombrosa Vida de Oscar Wao ( Junot Diaz)
“Sedução” (José Marmelo e Silva)
“Noites de Anto: Alegoria em Sete Quadros)
“As Raízes do Futuro” (José Régio)
“O Essencial sobre Eugénio de Andrade” - Luís Miguel Nava
“A Metarclândia” ( Carlos Alves)
“Histórias para Esquecer” ( Manel Zé) – 3 vol.
“A Seco” (Augusten Burroughs)
“O Físico Prodigioso” (Jorge de Sena)
“Nas tuas Mãos” (Inês Pedrosa)
“Crónicas de Bons Costumes” (Guilherme de Melo)
“O Pecado de Porto Negro” (Norberto Morais)
“Retrato de Rapaz” (Mário Cláudio)
“Um Eléctrico Chamado Desejo e Outras Peças” (Tennesse Williams)
“Diabruras de um Gay Assumido” (Alexia Wolf)
“Melhores Contos: Caio Fernando Abreu” (Caio Fernando Abreu)
“Em Nome do Desejo” (João Silvério Trevisan)
“Queer” (William S. Burroughs)
“Qual é a minha ou tua língua- Cem Poemas de amor de outras Línguas” (Jorge Sousa Braga)
“A Canção de Tróia” ( Collen McCullough)
”Uma Casa na Escuridão” (José Luís Peixoto)
“Uma Outra Voz” (Gabriela Ruivo Trindade)
“Moçambique – Para a Mãe se Lembrar como Foi” - Manuela Gonzaga)
“Stoner” (Jonh Williams)
“Onde Andará Dulce Veiga?” (Caio Fernando Abreu)
“Outras Vozes, Outros Lugares” (Truman Capote)
“ O Albatroz Azul” (João Ubaldo Ribeiro)
“Sangue do meu Sangue” (Michael Cunningham)
“Assustando os Unicórnios” (Lawrence Schimel)
“30 Dias em Sidney” (Peter Carey)
“As Aventuras de um Garoto de Programa” (Phill Andros)
“Internato” (João Gaspar Simões)
“Em Tempos de Guerra” (Phillipe Besson)
“Um Instante de Abandono” (Phillipe Besson)
“Agora ou Nunca” (Tom Spanbauer)
“A Formosa Pintura do Mundo” (Frederico Lourenço)
“Que Farei Quando Tudo Arde?” (António Lobo Antunes)
“A Máquina do Arcanjo” (Frederico Lourenço)

Finalmente e sem falsa modéstia, foi este ano que foi publicado pela INDEX ebooks o meu livro “Ilha de Metarica – Memórias da Guerra Colonial.



segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

NOVE!


29 de Dezembro de 2005 – estava muito longe de travar conhecimento com alguém através daqueles sites que existem para esse efeito, em teoria, mas que na prática, funcionam mais em termos de meros encontros sexuais.
Naquele tempo, e não porque necessitasse realmente de encontrar alguém para um relacionamento – estava muito bem, sozinho – apetecia-me encontrar gente para conversar.
E encontrei um “puto”, então com 26 anos que também queria, e tão só isso, conversar.
Era da Sérvia e começámos a falar (teclar) em inglês.
Gostámos da conversa e repetimos nos dias seguintes; e depois começou uma troca de mails, mails grandes em que contávamos muita coisa um ao outro.
E começou a surgir algo que eu não imaginava que pudesse ainda acontecer-me – apaixonámos-nos! Mas havia um grande problema: a distância!
Equacionámos o problema, mas já não fomos a tempo de desistir – FELIZMENTE!
E passados 9 meses, em Setembro de 2006 dei um passo que tinha algum (não demasiado) risco: fui à Sérvia e conheci pessoalmente o “puto” - o Déjan, o meu Déjanito e tornámos-nos ambos um para o outro “CHAKO PAKO” (manias dele)...

E agora, a 29 de Dezembro de 2014, comemoramos NOVE anos de uma união que eu não acredito, apesar da distância, possa ser mais feliz.
Meu amor, muito obrigado por tudo o que me tens dado, por todos os momentos passados juntos, que até foram curtos para o tempo que levamos da nossa relação, mas é preciso não esquecer que ao longo destes anos, todos os dias falámos um com o outro, uma ou várias vezes ao dia.
Eu não posso passar sem ti, e sei, sem querer ser presunçoso, que o mesmo se passa contigo.

Estivemos (ainda estamos) o mais longo tempo sem nos encontrarmos – 14 meses – e isso devido essencialmente às grandes modificações de vida que  passaste ultimamente com o estágio, os estudos e exames da língua alemã, o processo de candidatura a um trabalho na Alemanha, enfim, tanta coisa que inviabilizou o nosso reencontro.
Mas a 19 de Janeiro, espero que estejas em Dusseldorf à minha espera e vamos passar 15 dias calmos, tu a trabalhar, e eu a ler e a entreter-me com a net, até tu chegares e depois há os teus dias de folga e há tanta coisa para partilhar de novo...

Desculpa-me este texto ir escrito em português, mas tu tens possibilidade de o traduzir facilmente; é que me era difícil dizer isto tudo em inglês...

Mas e agora só para ti: Puno havala, ljubaj moja. Volim te já tebe, moj predivni. Ti biti divan, Déjan! 

(Hope you like this music. Is not our song, as you know, but is for you, my love.)

domingo, 21 de dezembro de 2014

O Jorge - um grande Amigo que perdi...


Todos nós temos amigos e todos nós temos, dentre os nossos amigos, alguns que não sendo denominados mais amigos que os demais, o são realmente.
Nesses amigos especiais têm uma importância grande aqueles que nós conhecemos quando éramos crianças e com quem mantivemos ao longo dos anos uma relação de proximidade afectiva, mesmo quando as distâncias nos separam.
Eu não sou excepção e tenho (não mais) de meia dúzia deles.
Nunca estabeleci comparações afectivas mas essa questão da “antiguidade” pesa muito, pois são muitas cumplicidades que se tiveram, muitos momentos marcantes vividos em comum, muitos acontecimentos (bons e menos bons) sentidos simultaneamente, enfim um mundo de “muitos mundos”.
Há anos perdi um desses amigos, o Pedro, que vivia na altura em Portalegre e era um ano mais novo que eu – foi vítima de uma leucemia aos cinquenta e tal anos.
Entretanto perdi outros amigos, cuja morte muito senti por diversas razões, entre eles o Francisco, há precisamente um ano (19 de Dezembro de 2013).
E agora, exactamente um ano depois vi partir, sem surpresa, mas com uma dor imensa outro dos tais amigos que falei de início – o Jorge!
Nunca pensei que fosse tão difícil e tão doloroso...
Em toda a nossa vida (eu era 15 dias mais velho que ele), só estivemos realmente separados durante o período da guerra colonial que ambos fizemos quase no mesmo tempo, mas em cenários diferentes: eu em Moçambique, ele em Angola; eu no mato, ele no ar condicionado de Luanda.
Se refiro este facto é apenas porque ele reflecte um pouco a maneira como o Jorge viveu a sua vida. O Jorge era um optimista nato, via tudo sob um prisma positivo e essa forma de encarar a vida levou-o sempre a situações aparentemente denominadas de “sorte”.
Sim, ele teve muitas ocasiões em que foi bafejado pela sorte, mas fazia por isso...
É talvez de todas as pessoas que já conheci, quem nunca se zangou com ninguém, para quem a adversidade era apenas um acidente de percurso e a quem aconteciam coisas incrivelmente boas, porque ele predispunha a sua vida para que tal acontecesse.
Só não pôde fazer nada contra o linfoma que o atacou há uns anos e que foi debelado como geralmente acontece numa primeira aparição mas que volta sempre mais tarde noutro orgão do corpo e que geralmente é fatal.
Assim aconteceu agora.
O Jorge era filho de um casal que era o casal mais amigo dos meus Pais, pelo que nos conhecemos em crianças e embora na instrução primária tivéssemos diferentes escolas, pertencemos à mesma turma no Liceu e entrámos juntos para Económicas.
Partilhámos várias casas aqui em Lisboa durante a nossa vida universitária e apenas seguimos percursos profissionais diferentes mas sempre em contacto.
Agora, ambos reformados, ambos a vivermos na grande Lisboa, tínhamos com mais três amigos, um almoço mensal num restaurante perto da Av. de Roma em que recordávamos os velhos tempos, contávamos as novidades e falávamos sobre futebol e política.
(nesta foto, o Jorge é o da esquerda e o Francisco o da direita)

Aí éramos opositores: ele sportinguista, eu benfiquista, ele de direita e eu de esquerda – mas eram conversas, por vezes acaloradas e nunca discussões.
Agora com o desaparecimento do Francisco, o ano passado, e agora do Jorge, pensamos que é impossível continuarmos a ir ao mesmo local; temos que reformular os nossos encontros.
Sexta-feira no velório, sábado no funeral, tanta gente que há tanto tempo não via...tanto abraço emocionado, defronte daquele caixão que a todos nos unia.
Meu querido Jorge, jamais te esquecerei. Um dia destes hei-de ir à tua procura pois sei que estás, como sempre, num belo lugar.
(na sua bela casa de Azenhas do Mar, comigo, com o Déjan e com o Duarte)

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

G & T - Uma série italiana


Esta é a música principal de uma série de televisão italiana, que tem o título internacional de "Our Story", mas que pode ser encontrada (todos os episódios das duas séries já exibidas) no You Tube e com tradução em espanhol, francês ou inglês.

Trata-se de uma série muito interessante, essencialmente baseada na história de dois grandes amigos, um homo (Giullio) e outro heterossexual (Tomazzo), que numa noite de paródia e de bebida acabam por se beijar e das consequências desse "amor impossível" entre ambos.
Mas não é só isso, pois entre os encontros e desencontros de ambos, outras personagens bem delineadas, principalmente uma amiga absolutamente fabulosa (Sara) aparecem e dão um contributo muito bom a esta série, maioritariamente LGBT, mas com outros momentos de interesse.
A terceira série já se anuncia para breve e eu não vou perdê-la.
Os actores principais, quase todos jovens são praticamente desconhecidos, mesmo em Itália, mas são excelentes.
Matteo Rocchi é Tomazzo e é lindo de morrer.
Giullio é representado por Francesco d'Alessio, que faz lembrar um pouco o nosso Zé Maria do 1º. Big Brother.
E há uma maravilhosa Angela Miraim Ceppone a representar uma impagável Sara
enquanto Gian Lucca, um hetero, mas com muitos amigos gay é representado por Anthony Circiello
Toda a história se passa em Turim e na região de Piemonte.
Os epísódios são curtos, vêem-se muito bem e há quase sempre um "flash back" que funciona muito bem.
Recomendo sem reservas e aqui fica um pouco do último episódio da 1ª. série.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Regresso às origens em boa companhia...


É óbvio que eu sou demasiado suspeito, em tudo o que rodeia a Covilhã.
Como não deixa de ser natural, enquanto ali vivi, primeiro como criança e adolescente, e depois de voltar, passado largos anos, como adulto e para trabalhar, a minha relação com a cidade não foi fácil, pois a minha ânsia de vida, em diversos aspectos, sentia-se espartilhada num local suficientemente grande para pensarmos que estamos bem, mas afinal ainda tão pequena, que toda a gente se conhece e sabe os passos que damos.
Agora, que vivo longe, a minha ligação afectiva com a cidade é muito mais fácil, quando ali retorno em curtos espaços de tempo e em que maioritariamente estou na companhia da minha Mãe.
Mas a Covilhã de hoje é também objectivamente diferente do que era antes e sobretudo em dois aspectos: os lanifícios morreram e foram substituídos por novas e diversificadas indústrias situadas em dois parques industriais, mas também e principalmente por uma Universidade (UBI), que a dinamizou e que se espraia por variadas zonas da cidade
 O outro aspecto tem a ver com o desenvolvimento urbano que levou a cidade para o vale, onde nasceu uma nova urbe, moderna, desenvolvida
 e que tem como único defeito despovoar o antigo centro, mas mesmo essa consequência está a ser combatida com um ressurgimento de locais de interesse, o que é agradável.

E após este prólogo que seria indispensável vamos lá relatar de uma forma sucinta os factos essenciais de um excelente fim de semana, ali passado, com um tempo que pareceu encomendado a S.Pedro – frio houve, sim, mas não tanto como se temia, e é sempre um frio seco e saudável que recebemos no rosto, desde que estejamos bem protegidos; e houve sempre sol durante os dias em que nem uma nuvem aparecia no céu azul e com noites de lua cheia e estrelas, de bonita claridade.

Parti de carro por volta das 5 da tarde de sexta-feira, com o Duarte, e quando chegámos fomos ter com o Miguel que tinha chegado um pouco antes, vindo de Coimbra no seu carro.
Levámo-lo ao hotel, no centro da cidade, junto ao Jardim Público e depois fomos a pé a um restaurante próximo, que tinha aberto recentemente, de um casal de espanhóis e de um argentino, com uma comida deliciosa e onde encontrei um velho amigo que como eu, ali estava a passar o fim de semana e que não via desde 2001, quando noutra ocasião nos encontrámos também na nossa cidade.
Sucede que entretanto esse amigo foi uma figura muito conhecida em todo o país pois foi o procurador do mais badalado processo judicial que já houve em Portugal – o caso Casa Pia.
Mas o João é uma simpatia e foi um prazer conversar com ele apenas sobre a nossa terra e de gente amiga.
Fomos depois dar uma volta de carro até serem horas para ir buscar a Margarida à estação, pouco depois das 23 horas.
Ainda antes de levar o Miguel e a Margarida ao hotel fomos a um local muito interessante, meio tasca, meio restaurante, para ela petiscar algo e todos bebemos uma jarra de sangria.
Um curto passeio a pé numa zona que agora começa a ser revitalizada, por detrás da Câmara e fomos todos descansar por volta da uma hora da manhã; o Duarte ficou comigo em casa da minha Mãe.

Sábado, pelas 10 horas da manhã lá partimos para a Serra, com uma primeira paragem para conhecer a magnífica Pousada que aproveitou o belíssimo edifício do Sanatório, agora maravilhosamente recuperado – dá mesmo vontade de ir ali passar um par de dias!
 Já nas Penhas, fomos também ao “velho” (já é centenário), mas sempre renovado Hotel das Penhas
agora rodeado de quase uma centena de bungalows, e também muito acolhedor (tem lá um restaurante medieval que merece uma posterior visita gastronómica).
Depois foram todos os recantos da Serra, com inúmeras paragens, até à Torre

e com as habituais buzinadelas no “túnel”
mas com uma paragem mais demorada na mais bela zona de toda a montanha – o Covão da A'metade – onde nasce o Zêzere e que é base do monumental Cântaro Magro

Depois o fabuloso vale glaciar (em U) do Zêzere

até Manteigas

Ali almoçámos muito bem, só o Duarte não comeu as sempre excelentes trutas de Manteigas e logo a seguir fizemos uma curta visita a uma pessoa que me é muito querida, a Lurdes, hoje com 88 anos e que me ajudou a criar, a mim e aos meus irmãos durante mais de dezena e meia a servir na minha casa – ela começou ali a trabalhar quando eu tinha apenas 9 meses. 
Ela já conhecia o Duarte, de quem gosta muito e encantou a Margarida e o Miguel com as suas referências à minha meninice e com a sua simpatia. 
Já há muito que a não via, e confesso que não sei se a verei muitas vezes mais, pois é raro ir de carro à Covilhã, o que me impossibilita ir vistá-la a Manteigas. 
Seguimos depois directos a Sortelha, já nas faldas da Serra da Malcata, uma das mais belas aldeias históricas do nosso país



É um local que parece que parou no tempo e calcorrear aquelas ruazinhas sem gente mas com casas bem recuperadas é sempre um prazer renovado; notei no entanto a falta das casas de artesanato que ali vi noutras visitas. 
O Duarte teve ali um autêntico caso de paixão, por parte de um lindo gato, dos muitos que por ali havia...

 Já anoitecia quando ainda demos um pulo a Belmonte para vermos o seu Castelo com a linda janela manuelina

 Regressámos à Covilhã, um pouco cansados, para um brevíssimo descanso antes de nos dirigirmos a uma aldeia situada a cerca de 20 kms da Covilhã, onde jantámos num óptimo restaurante (que bom estava o pernil) e com um atendimento 5*. 
Fomos depois ver as festas de Santa Bebiana que se realizavam ali neste fim de semana com as ruas do centro pejadas de uma pequena multidão que vagueava de tasca em tasca a petiscar e a bebericar geropiga e outros “alcóois”, com uma procissão muito original, em honra dos deuses protectores da bebida

claro que as tascas eram todas casas de gente da terra, nesses dias transformadas em local de acolhimento. 
No domingo, com regresso agendado para depois do almoço, fomos de manhã visitar a pé o centro histórico
pleno de arte urbana muito interessante e em sítios muito bem escolhidos


 visitámos igrejas e capelas

 
e o centro cívico

Depois e de carro fomos dar uma volta alargada por toda a cidade com destaque para o Monumento a N.Sª.da Conceição
cuja imagem está virada para a cidade e pelo qual também é designada como N.Sª.da Covilhã. 

Fomos buscar a minha Mãe com quem almoçámos a meio caminho entre Covilhã e Fundão no “Mário” a já célebre “panela no forno”, prato regional muito afamado, que é um arroz bem condimentado e recheado de bons enchidos, carnes gordas de porco e dobrada

. Fomos pôr a Margarida à estação do Fundão e deixámos o Miguel junto ao seu carro, no hotel, tendo ele seguido viagem. 
Eu e o Duarte depois de uma curta ida com minha Mãe ao shopping, deixá-mo-la em casa e saímos de regresso a Massamá pelas 4 da tarde. 

Concluindo, um excelente fim de semana, passado com gente muito amiga.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Walter Stuempfig


Walter Stuempfig é considerado como um dos melhores pintores do seu tempo.
Trabalhou sempre de uma forma independente, fora das correntes artísticas principais e dos movimentos artísticos contemporâneos.
O seu estilo está marcado pelas tradições da Academia de Belas Artes da Pensilvânia onde ele ensinou pintura durante muitos anos.
O seu estilo é o de um realista que se pode conotar com a pintura social, temperado com uma sensibilidade romântica.
 Stuemfig nasceu em Germantown, Filadélfia, em 1914. Filho de uma família rica, pôde prosseguir a sua paixão pela pintura sem as contrariedades por que passaram tantos artistas.
Depois de se ter diplomado pela Academia de Germantown em 1930, passou um ano a estudar arquitectura na Universidade da Pensilvânia tendo em seguida continuado os seus estudos em Filadélfia, na Pennsylvania Academy of Fine Arts onde se inscreveu em 1931, aprendendo com mestres muito importantes dessa Escola.
O seu sucesso foi rápido e depressa foi considerado como um dos pintores figurativos americanos mais importantes.
Foi lançado em 1942 pela sua participação numa importante exposição apadrinhada pelo Metropolitan Museum of Art.
De 1932 a 1966 tem exposições regulares na Academia da Pensilvânia.
Em 1935 casou-se com Lila Hill, uma escultora que também tinha estudado na mesma Academia. Desde a sua primeira exposição individual em Nova York, em 1943, que o Whitney Museum e o Musée d'Art Moderne lhe compram os quadros.
Os seus pintores favoritos foram Caravaggio, Degas e Eakins.
 Após a morte prematura da sua esposa em 1946, Stuempfig concentra-se cada vez mais na sua arte. Trabalha no seu atelier de Chestnut Hill, e consagra-se inteiramente à pintura.
Passa os Verões na costa de New Jersey e frequenta as ruas de Manayunk. ~
Pinta retratos de família, dos seus amigos e paisagens.
Em 1948 volta, como professor de desenho e composição à Academia de Belas Artes da Pensilvânia, em Filadélfia, até à sua morte, ocorrida em 1970.
 Muitas vezes comparado a Edward Hopper, que ele admirtava, a sua técnica minuciosa e exigente era mais subtil e mais polida que a de Hooper.
A sua obra está impregnada de nostalgia.
Walter Sluempfig foi um pintor muito prolífico, tendo pintado mais de 1500 quadros.