segunda-feira, 8 de abril de 2013

Cartazes soviéticos

São inúmeros os cartazes de propaganda comunista quando existia a URSS, principalmente durante o período do pós guerra.
Aliás eram um dos instrumentos mais eficazes, internamente falando, da divulgação das maravilhas do comunismo de então.
O curioso é a descoberta entre eles de alguns com conotações homo eróticas, de uma forma talvez acidental nalguns casos, mas noutros bastante deliberada.
Vejamos alguns exemplos






















sexta-feira, 5 de abril de 2013

Actualização literária

Como já vai sendo hábito, gosto de referir de tempos a tempos, os livros que vou lendo, numa actualização que é também uma espécie de balanço que se faz periodicamente.
 Desde que aqui falei nos livros lidos nos últimos tempos, mais alguns consegui tirar da interminável fila de espera da minha sala.
De três deles já falei em posts especiais: o interessante ensaio de Collin Spencer - “Homossexualidade – Uma história”, do livro de poemas que me deu a descobrir Al Berto – “Horto de Incêndio”, e da recente referência ao magnífico “Correr com Tesouras” de Augusten Burroughs.
Mas mais uma série deles li entretanto, desde “O Caderno de Algoz”
um decepcionante livro de Sandro William Junqueira, que aliás mais do que uma decepção foi uma grande desilusão, até a um surpreendente pequeno livro do desconhecido autor brasileiro Alexandre Ribondi, “Da Vida dos Pássaros”
em que fiquei a conhecer além de uma bela história de amor homossexual, um pouco mais da América do Sul (Perú, Bolívia e Argentina),  uma muito agradável surpresa.
Entretanto li três livros de autores portugueses, bastante diferenciados entre si: um dos poucos livros que ainda não tinha lido de Guilherme de Melo – “A Porta ao lado”
que não acrescenta muito à obra do autor, mas não desilude; estreei-me a ler um escritor consagrado, dos nomes maiores da literatura portuguesa do século XX, Jorge de Sena, com um muito bom livro de contos – “Os Grão-Capitães"
e finalmente dei continuidade à quadrilogia que lançou definitivamente um dos nomes mais recentes da nova leva de escritores lusos, Valter Hugo Mãe; foi o terceiro da série – “O Apocalipse dos Trabalhadores”
e confesso, que sendo um livro bom (penso ser difícil vir a ler um livro menos conseguido deste autor), estará na minha opinião um pouco abaixo dos dois anteriores (“O Nosso Reino” e “Os Remorsos de Baltazar Serapião”); o que me parece de realçar é que são três livros completamente diferenciados entre si e as expectativas sobre o último que me falta ler são muitas, até porque é dos quatro o que mais edições já tem (“A Máquina de Fazer Espanhóis”).
Finalmente dois excelentes livros de dois óptimos escritores: de Michael Cunningham li um muitíssimo interessante “Ao Cair da Noite”
e principalmente fiquei rendido ao livro do já muito lido (por mim) David Leavitt, com o seu soberbo “Enquanto a Inglaterra dorme”
onde o escritor nos mostra uma Inglaterra num período interessante, o final dos anos 30 do século passado, numa dupla incursão na vida homossexual burguesa e no apogeu do comunismo inglês, que levou muitos ingleses a combater ao lado dos republicanos na Guerra Civil Espanhola.

terça-feira, 2 de abril de 2013

A "nona"

No dia 26 de Março de 1827 morreu, em Viena, Ludwig van Beethoven, um célebre alemão, canhoto, surdo, com o rosto marcado pela varíola e a quem chamavam “o espanhol”, devido à sua tez morena e cabelos muito negros.
Tinha nascido em Bona, na Alemanha, no dia 16 de Dezembro de 1770.
Hans von Bülow refere-se a Beethoven como um dos "três Bs da música" (os outros dois seriam Bach e Brahms), considerando as suas 32 sonatas para piano como o Novo Testamento da música.
Ludwig nunca teve estudos muito aprofundados, mas sempre revelou um talento excepcional para a música. Com apenas oito anos de idade, foi confiado a Christian Gottlob Neefe, o melhor professor de cravo da cidade, que lhe deu uma formação musical sistemática, e lhe deu a conhecer os grandes mestres da música alemã.
Neefe afirmava que o seu aluno, de dez anos, dominava todo o repertório de Johann Sebastian Bach, e apresentava-o, orgulhosamente, como um segundo Mozart.
Existem especulações históricas sobre um provável encontro entre Beethoven e Mozart, mas não existe nenhum facto histórico que o possa comprovar. No entanto, existem histórias do seu encontro, como por exemplo, uma que refere um Mozart absorto no seu trabalho, na composição de Don Giovanni, que não terá tido tempo de lhe prestar a devida atenção. Uma outra, bem mais interessante, refere um encontro em que Mozart terá dito acerca de Beethoven: "Não o percam de vista, um dia há-de dar que falar."
Beethoven demonstrou genialidade em praticamente todas as obras que compôs. E foram muitas, entre sinfonias, concertos, quartetos, trios, sonatas, não esquecendo uma ópera.
No ano em que morreu, ainda conseguiu compor cerca de 44 obras musicais.
A sua influência na história da música foi imensa.
Ao morrer, a 26 de Março de 1827, estava a trabalhar numa nova sinfonia e projectava escrever um Requiem.
Conta-se que cerca de dez mil pessoas compareceram no seu funeral, entre elas,Franz Schubert. Ludwig van Beethoven faleceu de cirrose hepática, após contrair pneumonia.
A sua obra-prima, na opinião de muitos, foi a Sinfonia nº 9 em ré menor, Op.125.
Pela primeira vez é inserido um coral num andamento de uma sinfonia.
O texto é uma adaptação do poema de Friedrich Schiller, "Ode à Alegria", feita pelo próprio Beethoven. Otto Maria Carpeaux, na sua obra “Uma Nova História da Música”, afirma que Beethoven assistiu à primeira apresentação pública da sua 9ª Sinfonia, ao lado de Umlauf, que a regeu, mas abstraído na leitura da partitura e já com uma surdez avançada, não percebeu que estava a ser ovacionado até que Umlauf, tocando-lhe no braço, lhe chamou a atenção para a sala, e então Beethoven inclinou-se diante do público que o aplaudia.

E agora faço uma proposta ousada a quem me lê e que sei não vai ser seguida por quase ninguém; a proposta é que arranjem um bocadinho do vosso tempo e que oiçam esta versão da "nona".
É muito tempo? Sim, é algum, mas é tão arrebatador e ao mesmo tempo tão relaxante que será tudo menos entediante. Vá lá, não custa nada...

Sinfonia nº 9 “Ode à Alegria”, de Beethoven
Soprano: Anna Samuil
Mezzo-soprano: Waltraud Meier
Tenor: Michael König
Baixo: René Pape
Coro Nacional da Juventude da Grã-Bretanha
West-Eastern Divan Orchestra
Maestro: Daniel Barenboim

domingo, 31 de março de 2013

Running with Scissors


 Baseado nas memórias pessoais de Augusten Burroughs, “Running with Scissors” é uma história mordaz e divertida, corajosa e tocante sobre sobreviver a uma infância absolutamente estranha.
Realizado por Ryan Murphy em 2006, recebeu em Portugal o nome de “Recortes da minha vida” e penso que tenha sido exibido comercialmente.
A mãe de Augusten (Annette Bening) é uma mulher de personalidade bipolar com aspirações frustradas de vir a ser poeta, cujo casamento com o seu pai (Alec Baldwin) está à beira da ruína. Pouco depois ela é acompanhada por um excêntrico psicólogo, o Dr.Finch (Brian Cox), enquanto Augusten (Joseph Cross) é deixado a cargo da peculiar família deste, incluindo uma filha muito reservada (Gwineth Paltrow). Abandonado pelos seus paise adoptado pelos Finch, ele descobrirá grandes afinidades com a filha mais nova, Natalie (Evan Rachel Wood) e uma figura maternal na sofredora mulher de Finch, Agnes (Jill Clayburgh).Registando constantemente os acontecimentos da sua vida no seu diário, como forma de os enfrentar, Augusten dá por si a rejeitar a escola, a aprender o significado do amor com um homem mais velho (Joseph Fiennes) e a ter de tomar grandes decisões apenas com 15 anos.
 Apenas vi este filme agora, após ter lido o livro, com o mesmo nome do escritor americano Augusten Burroughs
 o qual muito me entusiasmou e quando soube que havia um filme baseado no livro, apressei-me a arranjá-lo e vê-lo, embora soubesse à partida que essa adaptação ficaria como ficou bastante aquém do livro. Para quem não leu o livro, o filme é à mesma bom, mas é muito difícil transpor para imagens toda a trama do livro e o que mais me “incomodou” é que o filme é sempre muito mais “dramático” do que o livro, que tem partes até bastante divertidas; também seria impossível desenvolver mais algumas das personagens, quer das faladas aqui quer de outras que nem menciono. Aceito até que o filme por si só, pareça algo confuso a quem não leu o livro. As interpretações são brilhantes num cast muito equilibrado, e que tem em Annete Bening, Brian Cox e Jill Claybourgh os melhores desempenhos, embora todos os outros estejam muito bem.
Auguste Burroughs é um autor que me está a agradar sobremaneira. Este é o segundo livro que li dele, sendo o primeiro “Efeitos Secundários”. Deveria ter lido este “Correr com tesouras” em primeiro lugar, pois teria ainda gostado mais de “Efeitos Secundários”, embora não haja uma relação directa entre ambos; mas como este livro é uma colectânea de pequenas e muito divertidas histórias, se eu conhecesse a infância e juventude de Augusten em primeira mão ainda teria gostado mais.

A seguir a “Correr com tesouras”, Burroughs escreveu “ A Seco” em que fala do seu alcoolismo já em Nova York, ao qual se seguiu “Pensamento mágico”. Só depois deste escreveu “Efeitos Secundários” e finalmente, apareceu um dos seus mais celebrados livros “ À mesa com o lobo” que poderá ser considerado uma prequela de “Correr com Tesouras”, em que ele descreve o seu relacionamento com o seu problemático pai.
Talvez uma das razões porque me agrada tanto este autor seja por todos os seus livros o terem a si próprio como centro das histórias, muito no estilo que eu prefiro nos meus pequenos escritos.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Privatize-se

«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno de olhos abertos.
E finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional.
Aí se encontra a salvação do mundo…e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos.»

 José Saramago – Cadernos de Lanzarote – Diário III – pag. 148

quarta-feira, 27 de março de 2013

"A borboleta" ou o reverso da medalha

Cada vez mais fico mais convencido da importância dos comentários; mais uma vez um comentário me trouxe à memória um certo acontecimento e o que é curioso é que apenas relacionei esse acontecimento com o que relatei no post anterior, mas agora num campo oposto. O "intruso" fui eu e apenas não houve qualquer alusão monetária em todo o contexto.
É curioso que eu já publiquei este conto (em 6 de Março de 2009), que escrevi para participar no primeiro concurso que o Sad Eyes promoveu, ainda no seu anterior blog "Uma imensa minoria" e a que ele deu como mote para as participações o tema "blind date". Esse concurso decorreu durante o mês de Janeiro de 2007, teve participações muito interessantes e seria curioso que, se por acaso alguém participou nesse concurso , deixasse essa participação no blog que tem, embora à distância me pareça pouco provável que ainda ande pela blogosfera algum desses participantes.
Mas aqui vai o conto, a que dei o título de "A Borboleta"

Foi numa sauna já desaparecida desta Lisboa que o vi.
 Era lindo,sedutor, diferente.
A sauna estava cheia, a fauna habitual, que ao ver "sangue novo", se excita e se prepara para atacar a presa. O homem, trintão, ar estrangeirado, ia deambulando pelos espaços, e um bando de vampiros o seguia, sequioso.
Deixei-me ficar, observando a cena, mas tão excitado como os demais.
Alguns minutos mais tarde, o homem, visivelmente agastado, dirigiu-se ao sítio dos cacifos, para se vestir e sair.
Fui mais rápido, agi prontamente e saí primeiro.
Não o esperei cá fora; uma estranha intuição me dizia que seria de uma companhia de aviação, e provavelmente estaria hospedado no Sheraton (intuição de puta, dirão...).
Para lá me dirigi e não tive que esperar muito tempo para ver parar um táxi que o trazia.
Sorri-lhe, sorriu-me, entrámos, subimos ao seu quarto sem uma palavra e pude ver tatuada na sua nádega direita uma pequeníssima e bela borboleta.
Não sei do que mais gostei, se da borboleta, se do seu habitat.
Era manhã, quando deixei a borboleta voar.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Num hotel de Atenas...

Nunca na vida andei obcecado por nada ou por ninguém.
No que diz respeito às pessoas com quem tive relacionamentos, nunca as procurei deliberadamente, embora sempre estivesse receptivo a eventuais encontros que pudessem levar a compromissos futuros duráveis; assim, tive alguns relacionamentos, não muitos e todos eles quando acabaram, foi sem azedume e mantendo relações cordiais com as pessoas em causa.
Também esse tipo de atitude foi marcante nos meus encontros sexuais e embora em certas alturas frequentasse sítios de eventual engate, não ia desesperadamente à procura disso; se acontecia, tudo bem, se não, não acabava o mundo.
Mas o que fui, foi sempre muito directo quando as situações aconteciam: matava-os com os olhos e nunca os deixava com dúvidas, mas gostava muito daquele jogo de sedução que levava ao epílogo…sexual.
O exemplo que agora vou contar, insere-se nesse tipo de jogo, mas teve um desfecho bastante original e faz parte de muitas situações incríveis que me foram acontecendo ao longo da vida; como já disse, quando uma oportunidade surgia, aí sim, eu não a deixava perder e assim tive contactos com gente muito interessante e em circunstâncias variadíssimas.

Mas, vamos à história:
estava eu em Atenas, nesta célebre viagem que acabei de relatar, quando certa noite, não demasiado tarde, e depois de ter andado a deambular pela Plaka (uma espécie de Bairro Alto lá do sítio), resolvi ir dormir; o hotel não era longe e resolvi ir a pé.
A um dado momento reparei que havia um rapaz, bastante interessante que me seguia. Não aparentava qualquer perigo, pelo que me fiz ao jogo: paro aqui, ele para ali, e lá fomos andando, sem uma palavra, ele sempre atrás de mim.
Chegado ao hotel, um hotel pequeno, (mas pelo que se seguiu depreendo que muito liberal), dirigi-me à recepção e pedi a chave do meu quarto e quando me dirigia para o elevador, reparei que o rapaz entrara no hotel e se dirigiu também para os elevadores, tendo, sempre sem uma palavra, subido comigo.
Claro que não havia qualquer dúvida e assim chegado à porta do quarto finalmente lhe perguntei (como se houvesse dúvidas…) se queria entrar?
E claro que entrou e aconteceu aquilo que aqui omito, como é normal, apenas dizendo que foi muito bom… Depois disso, o rapaz começou a vestir-se para se ir embora e eu estva sentado na cama, apenas de sleep, à espera que ele se fosse para tomar um duche e dormir.
,Qual o meu espanto quando o vi sacar da carteira e deixar uma nota em cima de um móvel perto da porta; levantei-me da cama e ia aproximar-me dele, quando ele abriu a porta e começou a correr, corredor fora; não ia com certeza correr atrás dele quase nu, hotel abaixo…
Fiquei a olhar para nota que não era assim tão pequena, e acabei por rir.
Ali a deixei, fui tomar banho e já estava a adormecer quando ouvi alguém a bater à porta.
Fui abrir e era outro rapaz ainda mais interessante que o primeiro, com uma nota na mão!!!
Em inglês disse-me que o amigo tinha gostado muito e ele também queria…
Eu não acreditava que aquilo se estivesse a passar comigo.
Fui buscar a nota que o outro tinha deixado, entreguei-lhe essa nota e disse-lhe para a devolver ao amigo, para guardar a dele, mas disse-lhe também para entrar…é evidente!
O resto deixo à vossa perversa imaginação..........

quarta-feira, 20 de março de 2013

Viagens - 7 - (parte 3)

Depois do sucedido e que teve o seu epílogo em Belgrado, e em virtude do dinheiro que a embaixada me disponibilizou para chegar a casa ser muito limitado, era avisado que fizesse o trajecto de volta, o mais directo possível e também o mais rápido.
Mas, nos meus planos iniciais estavam duas paragens mais programadas para o regresso: a adiada visita a Marselha e a mais que ansiada deslocação a Veneza. 
Se me foi fácil prescindir de Marselha
até pela fraca impressão que fiquei durante as poucas horas que ali estive à vinda e que não passei das cercanias da estação, já a Veneza era difícil resistir
E assim, lá vou eu, confiando que o dinheiro esticaria…
Aluguei um quarto em Mestre, do outro lado da grande ponte que liga Veneza ao continente e fui conhecer a cidade; claro que fiquei rendido e com pena de não poder estar mais que um tempo reduzido.
 Calhou que quando estava a gastar umas moedas numa sandoca e num sumo, num barzito, ouvisse falar português – era uma família de Coimbra, pai, mãe e dois filhos menores e claro que fui falar com eles. Conversa aqui, conversa ali, falou-se do sucedido comigo, do roubo, blá blá blá e quando me despedi deles só sabia que tinha mais uns cobres para as despesas, e não foi uma ajuda pequenina…
Como sou meio maluco e um Carneiro retinto, não consigo resistir a certos impulsos e até de gôndola andei!
Enfim, Veneza ficou razoavelmente vista e lá segui destino, sempre viajando de noite. 
Desta vez fui mesmo sem mais paragens além das necessárias para ir apanhando os comboios devidos.
E foi já em Madrid, numa estação ferroviária, que salvo erro era a do Padre Pio, quando estava numa grande seca (de horas), à espera do comboio a que o bilhete dava direito, reparei que havia um outro em direcção à fronteira portuguesa que partiria dali a 40 minutos. 
Mas o problema é que era um comboio que se eu o utilizasse teria de pagar uma taxa suplementar pois era muito mais rápido (ainda não havia TGV’s, mas já havia comboios com taxas de velocidade).
Assim, lá vou eu, (que vergonha…) de mão estendida para a fila da bilheteira com aquele velho cliché do “dê-me lá uma ajuda para poder apanhar este comboio…”
Claro que consegui o dinheiro e lá venho eu na direcção de Portugal. 
Quis o destino (?) que no meu compartimento viajasse uma senhora um pouco mais idosa que eu - vá lá, uma “balzaquiana", pronto - e lá desbobinei mais uma vez a minha “história do desgraçadinho”, e eu a ver que a senhora me comia com os olhos… 
A dita balzaquiana ia para Salamanca e lá arranjou maneira de me chamar ao corredor e com um sorriso do tamanho da boca da Manuela Moura Guedes, me passou dissimuladamente para a mão, quinhentas (…) pesetas, dizendo que tinha de se despedir de mim ali, pois o marido a esperava na estação e dando-me um cartão de visita com o telefone, para numa eventual próxima visita minha a Salamanca, cidade onde ia com frequência pois dista apenas 200 quilómetros da Covilhã, a visitar...
Conclusão cheguei à Guarda onde os meus Pais me esperavam com algum dinheirito, ainda…

Bem, quando lhes contei os episódios desta última parte da viagem, os meus Pais ficaram envergonhados pelas minhas figuras, e com aquelas coisas “não foi esta a educação que te demos", etc. e tal.
Mas, ao fim e ao cabo, eu não enganei ninguém, que diabo, só fiz render o meu peixe. 
Vergonha disso? 
Muito ligeira e uma enorme satisfação de concluir que afinal tinha e mantenho uma enorme capacidade de desenrascanço.
Foi realmente uma viagem em que vi muita coisa, conheci muita gente, me aconteceram coisas bastante “esquisitas”, mas com a qual aprendi muitíssimo.

sábado, 16 de março de 2013

"Un Chant d'Amour"

“Un Chant d’Amour” é o único filme do escritor francês Jean Genet, que o dirigiu em 1950.
Por causa do seu explícito conteúdo homossexual (embora apresentado sob um ponto de vista artístico), este filme de cerca de 25 minutos esteve proibido até 1975.
A história passa-se numa prisão francesa, onde um dos guardas prisionais tem como prazer voyeurístico, observar pelo óculo da porta das celas, os prisioneiros a masturbarem-se.
Em duas celas contíguas, estavam dois prisioneiros; um, jovem e bonito e um outro, argelino, mais velho; este enamorou-se do mais jovem através de sons trocados entre ambos na  parede comum ás duas celas e chegavam a partilhar o fumo de cigarros por um pequeno buraco que conseguiram fazer nessa parede.
O guarda, aparentemente ciumento deste relacionamento, entra na cela do prisioneiro mais velho e agride-o e obriga-o a chupar o cano da sua pistola, de uma forma quase sexual, o que o leva a imaginar fantasias entre ambos, mesmo como se estivessem livres.
Na cena final, muito bela, torna-se bem claro que o poder do guarda é insuficiente para contrariar a intensidade da atracção entre os dois prisioneiros, embora eles não cheguem a consumar essa atracção física.
Genet não utilizou qualquer som neste filme, forçando o espectador a focar a sua atenção nos “close up’s” dos rostos, das axila e dos pénis semi erectos.
Considerado de início um filme pornográfico, este filme com uma alta atmosfera sexual, foi mais tarde reconhecido como formativo para posteriores obras cinematográficas, como por exemplo os filmes de Andy Wharol.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Viagens - 7 - (parte 2)


Portanto, o regresso, com paragens programadas para Belgrado, Veneza e Marselha, iniciou-se com uma longa viagem nocturna de Atenas para Belgrado; era um comboio daqueles com compartimentos para oito pessoas, quatro de cada lado
e preparamos-mos para dormir, (os bancos deslizavam e permitiam-nos dormir estendidos, mas com um conforto muito relativo). 
Naquela altura usavam-se as “pochetes”, onde se metiam as coisas mais pequenas e necessárias, e eu lá tinha a minha, onde guardava os documentos, o bilhete do comboio, o dinheiro e quaisquer outros objectos fundamentais (ainda não havia telemóveis, nem cartões de crédito nem outras “modernices”).
Eu viajava com um saco com roupa, pouca, apenas o essencial e essa pochete, que inadvertidamente deixei junto ao saco, em cima, na prateleira para as bagagens, em vez de a guardar comigo, enquanto dormia.
O comboio ia fazendo algumas paragens, e as pessoas abriam a porta do compartimento para ver se havia algum lugar vago e voltavam a fechar; claro que dormindo, ouvíamos esse barulho, mas nem ligávamos.
O que é um facto, é que ao chegar a Belgrado, pelas seis da manhã, o saco estava lá, mas a pochete alguém a tinha levado (estava mesmo à mão de semear…). 
E assim me vi na estação de Belgrado,
 indocumentado, teso e sem bilhete para seguir viagem (o bilhete era Covilhã/Atenas/Covilhã e mencionava as cidades que eu tinha planeado visitar, e tinha uma duração de cerca de dois meses).
Recordo-me tão bem de tudo, como se passou, em Belgrado quando cheguei : um gabinete da Polícia ainda dentro da gare, onde me dirigi, para lhes pedir que me ficassem com o saco e me ajudassem a procurar a embaixada portuguesa. 
Mas ninguém falava inglês e o diálogo tornou-se impossível, só os ouvia repetir “Portugália, Portugália” e não acederam a guardar o saco. 
Claro que junto a uma gare principal de uma grande cidade há sempre algum hotel, e vi logo um, mesmo em frente, um hotel pequeno, mas alguém devia falar inglês…
Para lá me dirigi e o recepcionista – rapaz novo e falando mais ou menos inglês, foi de uma imensa simpatia: acedeu a guardar-me o saco, deu-me uma planta da cidade e mostrou-me onde era a embaixada (longe, longe dali) e dizia-me que devia tomar o autocarro tal até certo sítio e daí um outro até lá. 
Simplesmente eu não tinha dinheiro e disse-lhe que ia a pé, até porque tinha muito tempo até a embaixada abrir; que não, era longe, devia apanhar o 83 (agora sei que o primeiro autocarro era esse porque conheço bem a zona) e depois o outro e não passava disto. E foi quando me estendeu uma nota de alguns dinares para os bilhetes (ele não me conhecia, mas até lá ficava o saco, pelo que ele confiava em mim).
Lá apanhei os autocarros e realmente eram uns quilómetros para lá chegar (Belgrado tem uma avenida com 8 quilómetros).
Enfim cheguei ao edifício da embaixada, muito pobrezinha, diga-se de passagem, muito cedo e sentei-me por ali à espera que abrissem no horário estabelecido; quando tal aconteceu, subi umas escadas e deparou-se uma moça, louraça bem ao estilo eslavo e eu com um “bom dia” bem português que ela não entendeu; vá lá que falava inglês, e lá lhe expliquei a minha triste situação.
Levou-me à presença de um senhor, mais ou menos da minha idade –jovem portanto – português que me pediu para lhe relatar a situação. Eu sabia que na altura o embaixador português na Jugoslávia era o escritor Álvaro Guerra, pessoa conhecida e cujo cargo era apenas político, pois não era da carreira diplomática.
Não estava à espera de ser recebido por ele, naturalmente, mas o individuo era alguém importante lá na embaixada e ouviu-me bem e depois começou uma conversa simpática, de onde eu era, onde tinha estudado, isto e mais aquilo e concluímos que tínhamos frequentado Económicas (ISCEF) nos mesmos anos, embora não nos conhecêssemos pessoalmente , mas tínhamos conhecimentos comuns, de algumas pessoas que até ocupavam lugares de destaque na altura, em Portugal. 
Isto para dizer que o homem me pôs completamente à vontade, me disse que aquela conversa tinha como fim saber se a minha história era verdadeira ou não e que iria tratar de imediato de me arranjar um novo passaporte com a validade de 15 dias, mais que suficiente para chegar a Portugal, um bilhete de comboio até à Covilhã e me disponibilizaria algum dinheiro para eu aguentar a viagem de regresso. 
Claro que o bilhete indicava Veneza e Marselha como eventuais paragens, mas eu não acreditava que pudesse visitar essas cidades, naquelas condições. Quando eu, chegado a Portugal liquidasse o empréstimo do dinheiro emprestado e do preço do bilhete, podia arranjar um novo passaporte normal aqui. 
Entretanto e como aquilo ia demorar umas horas, o homem, super simpático convidou-me a tomar o pequeno almoço com ele, num hotel que ainda hoje existe e que no momento era um dos melhores – o Slavia – no centro da cidade e que na altura era quase só para pessoal diplomático.
Tito tinha morrido havia três  meses e a Jugoslávia era um país comunista, apenas um pouco afastado da ortodoxia soviética.  Foi um dos melhores pequeno almoços que já tive e a companhia foi excelente.
Enfim, uma horas mais tarde, com documentos, bilhete e algum dinheiro, regressei ao hotel onde deixara o saco e lá fiquei hospedado duas noites, pois não quis deixar de visitar Belgrado.
Esta história é para mim muito importante, pois foi o meu primeiro encontro com uma cidade que tantos anos depois se tornou uma das que mais amo, por razões que toda a gente conhece. 
Na altura, fiquei com uma noção de uma cidade cheia de contrastes, mesmo a nível do povo, mas não podemos esquecer o contexto político da época – 1980 e o facto do líder carismático de quase quarenta anos de poder ter morrido havia três meses. 
Pouco mais visitei que a zona central da cidade, mas recordo perfeitamente alguns locais, que depois revisitei, como é óbvio.
Pela primeira vez estava num país comunista e em que era muito difícil a comunicação, já que muito pouca gente falava inglês, já que a segunda língua depois do servo-croata era o russo e depois o alemão, e eu dessas não percebia, nem percebo patavina.
Dois dias depois lá estava na velha gare de Belgrado (bem precisa de reforma urgente) a apanhar o comboio na direcção de Veneza; será que iria parar lá para visitar um dos sítios mais emblemáticos da minha programação?
É o que vamos saber na terceira e última parte desta viagem memorável…

E está prometido um episódio à parte para “aquela noite num hotel de Atenas”…

terça-feira, 12 de março de 2013

Viagens - 7 - (parte 1)

Uma das mais importantes viagens que fiz em toda a minha vida, e que foi também uma das mais demoradas (cerca de um mês) e das mais longas (de comboio da Covilhã até Atenas e regresso), foi sem dúvida aquela que teve mais situações curiosas, algumas mesmo invulgares e que me forneceu experiências de vida que muito me ajudaram posteriormente.
Foi realizada no Verão de 1980 e não foi uma daquelas viagens “inter-rail” (já não tinha idade para isso), mas uma espécie, com tudo mais ou menos programado por mim: o tempo para a efectuar, o dinheiro disponível, e os locais a visitar.
Assim, eliminei qualquer paragem em Espanha, por já conhecer as duas grandes cidades (Madrid e Barcelona) e porque pela proximidade, poderia ir por lá mais frequentemente, depois.
Marquei as cidades que me interessava visitar, em França, Itália, Jugoslávia e Grécia e dividi essas cidades em dois grupos: as que visitaria à ida e as que conheceria na volta.
O percurso era o mais directo possível, sem desvios e efectuado em comboios dos mais baratos e viajando preferencialmente de noite, pois assim dormindo em viagem, pouparia dinheiro em hospedagem.
Em França quis conhecer apenas Marselha e Nice.
Quanto a Marselha, cheguei ao amanhecer e confesso que fiquei confuso com a “fauna humana” que se me deparou na estação e cá fora, à volta dela. Decidi não ficar e guardar a visita para o regresso, pelo que segui no comboio seguinte para Nice,
onde estive dois dias, e não foi uma cidade que me parecesse espectacular, embora tivesse valido a paragem.
Dali fui até Génova; também não foi uma cidade que me entusiasmasse em demasia, mas conheci no comboio um tipo de lá que me convidou a ficar em sua casa (foi a primeira de variadas experiências homossexuais que tive na viagem), e assim visitei, com guia pessoal os locais mais importantes, como a casa de Cristóvão Colombo e o Cemitério – o mais belo cemitério que já visitei e que por si só justifica uma visita a Génova.
Deixei Veneza para o regresso e fiz uma breve paragem em Trieste. Depois entrei na Jugoslávia e a primeira cidade que visitei foi a actual capital da Eslovénia, a pequena e muito bonita cidade de Liubliana
onde voltei a encontrar um “guia pessoal” muito simpático e não só… 
Visitei de seguida Zagreb,
actual capital da Croácia, da qual gostei bastante e seguiu-se o mais longo trajecto ferroviário, de Zagreb a Salónica, na Grécia, tendo guardado Belgrado para o regresso. 
Curioso que por pouco não parei em Skopje, actual capital da Macedónia, pois no comboio conheci um individuo dessa cidade que queria à força que eu descesse ali e passasse um dia ou dois com ele; era lindo, lindo e não sei como consegui resistir… 
Adorei Salónica, a capital do Norte da Grécia
e ali estive uns dias e ali tomei conhecimento de que decorria por essa altura um festival cultural em Atenas e durante o tempo em que lá estaria, poderia talvez comprar um bilhete para um espectáculo fabuloso, do qual falarei adiante. 
Cheguei a Atenas cheio de expectativas, pois ia visitar o berço de uma civilização que sempre me encantou. Mas, na realidade e com excepção da Acrópole, claro, Atenas foi uma grande decepção.
Estive ali uns dias num hotelzinho pequeno mas razoável e no qual passei por uma experiência que não me recordo se já contei aqui no blog; mas os meus amigos mais chegados conhecem a história… (que é mesmo de bolinha encarnada...)
Fui comprar o tal bilhete e qual o meu espanto quando esperava na fila, ouvi chamar nitidamente o meu nome: voltei-me e deparo com o meu primo Mário, nessa mesma fila. 
Uma enorme coincidência pois nenhum de nós sabia que o outro andava por ali e claro uma enorme alegria. Arranjámos bilhetes para ver uma representação do Ballet dirigido pelo Rudolph Nureyev, penso que era o Ballet de Zurich e ia voltar a vê-lo dançar ao vivo, depois de já o ter visto em Lisboa, mas desta vez, ao ar livre no Anfiteatro de Herodes Ático, em plena Acrópole. (ver vídeo da "Música do Dia").
Foi deslumbrante!!!
No dia seguinte, que era o último do meu primo em Atenas, fomos os dois a uma coisa que se chamava “Festa do Vinho”, e onde o ingresso (barato), dava direito a um copo que nós podíamos utilizar com todas as espécies de vinho que por lá havia. 
É óbvio que ambos apanhámos uma valente carraspana e perdemo-nos um do outro; ainda hoje não me recordo como fui ter ao hotel…
Depois fui ver o pôr do Sol mais belo da Grècia, a umas dezenas de quilómetros a sul de Atenas, no Cap Sounion
e depois embarquei para visitar duas ilhas: Paros e Mikonos. As ilhas gregas são todas maravilhosas e quando um barco chega ao porto aparecem muitas mulheres com ofertas de quartos para alugar a bom preço e se compartilhado, ainda melhor. 
Assim, em Paros
juntei-me a um tipo finlandês, que parecia um gigante (não, este não era gay), e conheci a ilha com ele. 
Era uma pessoa excepcional mas com um “pequeno” defeito – a partir do meio da tarde já estava completamente grosso e dava-lhe para se meter com toda a gente, principalmente com o sexo feminino, não se preocupando se elas estavam ou não acompanhadas; evitei muitos problemas e não houve uma única noite em que não tivesse que levar esse “touro” até casa e pô-lo na cama. 
Mas era uma jóia. 
Em Mikonos
na chegada do barco ao porto fui abordado por um mexicano que já me tinha galado no barco, para alugar um quarto com ele. 
Ok, tudo bem, paguei eu pois ele não tinha dinheiro disponível, tinha que ir ao banco, e na primeira noite foi uma “festa”.
 Mas no outro dia eu disse-lhe que devia ir ao banco e ele disse-me que iria no dia seguinte; não gostei da brincadeira, saquei-lhe o passaporte e disse-lhe que só lho devolveria após ele me pagar a parte dele do quarto, que estava alugado para 3 noites; muito contrariado lá me pagou, e nunca mais o vi. 
Curiosamente também eu não voltei a dormir no quarto pois conheci um holandês lindo e passei a dormir com ele na tenda que ele tinha na praia. Nasceu dali uma amizade que mais tarde me levou a Nijmagen, a cidade de onde ele era natural, na Holanda. 
Mikonos era espectacular nessa altura, um autêntico paraíso gay, pejada de bares e discotecas e com praias para nudismo , a Paradise e a Superparadise
onde se ia num barquito (como era divertido)… 
Bem, depois iniciei o regresso, tendo apanhado um comboio em Atenas ao princípio da noite e me deixaria em Belgrado, ao amanhecer. Mas essa viagem de Atenas para Belgrado foi uma aventura e dela e do resto da viagem falarei mum outro post.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Elizabeth Taylor

Elizabeth Taylor foi uma actriz de cinema, que nasceu em Londres em 1932 e faleceu em Los Angeles vai fazer este mês dois anos (não poderei jamais esquecer essa data já que é o dia do meu aniversário).
Mais do que uma excelente actriz, que a Academia de Hollywood premiou com dois Óscares, ela foi uma das mais belas mulheres que o cinema já nos mostrou, com uns olhos que me atrevo a classificar como os mais belos que já conheci.
Na sua carreira, em que contracenou com grandes actores, sob a direcção de excelentes realizadores, há a registar entre muitos outros, os filmes “A Place in the Sun” (1961), “Giant” (1956), “Raintree County” (1957)*, “Cat on a Hot Tin Roof” (1958)*, “Suddenly, Last Summer” (1959)*, “Butterfield 8” (1960), “Cleopatra” (1963), “Who’s Afraid of Virginia Woolf?” (1966), “Reflections in a Golden Eye” (1967).
Nos três filmes assinalados com *, foi candidata ao Óscar, e venceu dois, o primeiro no papel de uma prostituta de luxo, em que contracenava com Laurence Harvey e com o seu marido na altura, Eddie Fisher, (e que curiosamente na vida real, também trocou a sua mulher, Debbie Reynolds, por Liz que era a sua melhor amiga), no filme “Butterfield 8”.

E o segundo por uma espantosa interpretação de uma mulher alcoólica, que tem uma relação tempestuosa com o seu também alcoólico marido, Richard Burton, também seu marido na altura, no filme “Who’s Afraid of Virginia Woolf”.
Mas, e numa opinião pessoal, ela teria merecido um Óscar também   pela sua interpretação excepcional num filme fabuloso “Suddenly, Last Summer”.
A sua fida sentimental foi muito atribulada, com oito casamentos e muitos e variados romances. Mas o grande amor da sua vida foi sem dúvida, Richard Burton, com quem casou duas vezes e com quem teve um relacionamento muito atribulado.
Ficou célebre o seu apoio a causas humanitárias, nomeadamente o grande contributo que deu na ajuda ao combate contra a Sida, principalmente depois do falecimento do seu grande amigo Rock Hudson. Muitas seriam as fotos de Liz que me apeteceria pôr aqui, mas para não tornar esta postagem, consegui conter-me e apenas mostrar estas.











segunda-feira, 4 de março de 2013

Henry Scott Tuke

Henry Scott Tuke (York, 12 de Junho de 1858 – Falmouth, 13 de Março de 1929) foi um artista britânico, tendo-se destacado na pintura, mas também na fotografia. O seu trabalho mais notável foi no estilo impressionista, e é provavelmente mais conhecido pelas suas pinturas de meninos e de rapazes nus. Nasceu numa família quaker em Lawrence Street, em York, na Inglaterra. Foi o segundo filho de Daniel Hack Tuke (1827-1895) e de Strickney Maria (1826-1917). Em 1859, a família mudou-se para Falmouth, onde Daniel Tuke, médico, estabeleceu consultório. A irmã de Tuke e sua biógrafa, Maria Tuke Sainsbury (1861-1947), nasceu em Falmouth. Tuke foi incentivada a desenhar e pintar desde tenra idade, e alguns dos seus primeiros desenhos, de quando ele tinha quatro ou cinco anos, foram publicados em 1895. Em 1870, Tuke juntou-se ao seu irmão William na escola quaker Irwin Sharps Weston-super-Mare, e lá permaneceu até aos dezasseis anos. Em 1875, Tuke matriculou-se na Slade School of Art para aprender com Alphonse Legros e Sir Edward Poynter. Inicialmente, o seu pai pagou as suas despesas dos estudos, mas em 1877 Tuke ganhou uma bolsa que lhe permitiu continuar a sua formação na Slade e em Itália, em 1880. De 1881 a 1883, esteve em Paris, onde conheceu Jules Bastien-Lepage, que o encorajou a pintar ao ar livre. Enquanto estudava em França, Tuke decidiu mudar-se para Newlyn, na Cornualha, onde muitos dos seus amigos parisienses e Slade se tinham juntado para fundar a Escola Newlyn de pintores. Enquanto lá esteve, recebeu várias encomendas lucrativas, depois de expor o seu trabalho na Royal Academy of Art, em Londres. Em 1885, Tuke retornou a Falmouth, onde trabalhou em muitas das suas principais obras. Tuke tornou-se um artista reconhecido e foi eleito membro titular da Academia Real, em 1914. Em 1928, Tuke sofreu um ataque cardíaco e morreu em março de 1929. No final da sua vida, Tuke estava já consciente de que o seu trabalho estava fora de moda. No seu testamento deixou quantidades generosas de dinheiro para alguns dos homens que, durante a juventude, haviam sido seus modelos. Hoje é recordado principalmente pelas suas pinturas a óleo de jovens, mas para além do seu trabalho como pintor figurativo, a sua obra relacionada com o mar ficou também famosa. Tuke foi um prolífico artista, conhecendo-se-lhe mais de 1.300 obras, sendo que continuam a ser descobertas novas obras da sua autoria.