quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Cadernos de viagem 6 - Vigevano e Cremona

Nos últimos dias que passámos em Milão, a chuva apareceu, o que limitou o nosso plano de visitas; mesmo assim e aproveitando uma tarde sem chuva, fomos fazer uma visita a uma pequena cidade situada apenas a 35 kms a oeste de Milão, já quase no Piemonte; trata-se da cidade de Vigevano, célebre pelo seu Castelo, curiosamente ligado ao nome de Luchino Visconti, mas não é o célebre realizador, mas um duque da família Visconti, provavelmente antepassado do cineasta, já que este pertencia a uma família nobre; mas mais conhecido que o seu castelo é a Praça Ducal da cidade, magnífica, com um dos seus quatro lados preenchidos por uma belíssima Catedral, embora não grande; toda a praça é muito bonita, com o Castelo por detrás; aliás a cidade de cerca de 50.000 habitantes é toda ela muito simpática, com algumas igrejas e edifícios muito bonitos.

Depois de deixarmos Milão, e de regresso a Treviglo, pois o nosso anfitrião rumou entretanto para Istambul, ao encontro do seu namorado, tínhamos à nossa frente o último fim de semana; por sorte o tempo melhorou e assim no sábado, o Francesco levou-nos a Cremona, a capital do violino, onde se fabricam os melhores violinos do mundo;
é uma cidade muito bela, com uma praça principal deveras interessante, dominada por um Duomo enorme em espaço e beleza
mas também com outros motivos de interesse.
Havia um enorme mercado nas ruas principais da cidade e aproveitámos para ficar com uma recordação da nossa visita à cidade.

domingo, 16 de novembro de 2008

Cadernos de viagem 5 - Veneza

E chegou a vez da “Sereníssima”, da cidade dos Doges e do amor…
Veneza é única no mundo, não só porque é bela, mas pela sua ímpar particularidade de não haver avenidas, nem sequer ruas, e consequentemente não haver tráfego viário; há ruelas estreitas em cada lado dos canais e praças pequenas, a que chamam “Campos”, exceptuando, claro, a ampla e maravilhosa Praça de S. Marcos, e a sua continuação que é a Praça do Palácio dos Doges e o extenso passeio marítimo a que a mesma dá acesso.
Chega-se a Veneza de comboio ou de automóvel, depois de atravessar a extensa ponte que a separa de Mestre; e deixado o automóvel no enorme silo perto da Estação de Santa Lúcia, todos os caminhos vão dar a dois destinos: a Ponte de Rialto e a Praça de S. Marcos – basta para tanto seguir as imensas indicações nas ruelas ou tomar o “vaporetto”, ou seja o autocarro local que cruza intensamente o Grande Canal,
juntamente com os táxis fluviais, as gôndolas, algum transporte fluvial, pouco comum e serviços públicos, como polícia e ambulâncias…
Um dos itinerários aconselhados é ir seguindo a pé, ladeando de preferência pela esquerda o Grande Canal, apreciando igrejas, edifício e praças, espreitando de quando em vez o grande Canal, para apreciar aqueles palácios como o “Cá d’Oro” por exemplo, até chegar à mais bela ponte de Veneza, “Rialto”; conseguir uma nesga de espaço para sacar uma ou mais fotos é tarefa difícil.
Depois seguindo, sempre a pé até à Praça de S. Marcos, parando para apreciar a reconstrução do famoso Teatro de la Fennice, que curiosamente tinha ardido poucos dias antes da minha última visita, há dez anos atrás.
A chegada à famosa praça percorre-nos um arrepio ao vislumbrar a Catedral de S. Marcos, tão afamada igreja bizantina

e o conjunto que faz com a torre do Relógio e o imponente “Campanile” de subida obrigatória e de onde se tem uma vista deslumbrante da praça e das ilhas de S. Michelle (cemitério da cidade), S. Giorgio Maggiore e Guidecca .

Depois apreciar o resplandecente Palácio dos Doges e a praça com os típicos candeeiros rosados e as duas colunas, uma das quais como o Leão, símbolo da cidade.


À volta, tomar o vaporetto e apreciar em detalhe os maravilhosos palácios do Grande canal, passar sob a velha Ponte de la Accademia e ainda ter tempo para parar em S.Tomá, para apreciar a igreja de Santa Maria Gloriosa dei Frari e o Campo de San Rocco, na ilha de Guidecca; retomar o vaporetto, apreciar a ponte de Rialto da laguna e chegar enfim à estação.
Claro que Veneza é só turismo, e como uma cidade que vive do turismo tem preços proibitivos, que roçam o absurdo; se assim não fosse teríamos ido a ver Murano e oseus vidros e talvez ao Lido.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Cadernos de viagem 4 - Florença

Visitar Florença em apenas onze horas, só não é coisa de loucos, porque eu sou louco por esta cidade, numa opinião subjectiva, a mais bela de Itália e uma das mais belas do mundo. E como já foram várias as vezes que ali estive, não quis perder a oportunidade de voltar e de mostrar o essencial ao Déjan.. Só o facto de conhecer bem a cidade e de o que há de importante a ver ficar num perímetro relativamente curto permitiu esta visita.
Claro que não entrámos na “Galleria del Uffizzi”, uma das mais belas pinacotecas que conheço; não visitámos por dentro o Palazzo Pitti e os seus famosos jardins, mas deu para muito e para chegar ao fim do dia exausto e feliz.
Logo à chegada e para evitar grandes filas, fomos à Galeria da Academia, admirar de novo, a mais bela estátua que existe: o “David” de Michelângelo e ficámos largos minutos sentados e à volta da estátua, extasiados com tamanha beleza e perfeição.
Daí e sempre a pé, que as distâncias são curtas, chegámos á praça onde está o imponente e magnífico Duomo, enorme em tamanho e beleza,e ali mesmo ao pé, o maravilhoso Baptistério, com a sua famosa porta dourada e a abóbada interior que é admirável.
Dali fomos visitar outra igreja famosa, mesmo junto à estação central – Santa Maria Novella, e sempre apeados, chegámos ao rio Arno, a uma ponte anterior à mais conhecida, a Ponte Vecchia, mas de um onde se pode admirar melhor essa ponte, única no mundo;

fomos passando por lindos “palazzos” até chegar à sala de visitas da cidade, que é a Piazza della Signoria, com o fabuloso conjunto de estátuas, em que ressalta toda a beleza do Neptuno e as estátuas mais pequenas , debaixo da “loggia”, com destaque para o "Perseu";

vimos (por fora) as Galerias del Uffizzi, sem tempo para ver os admiráveis Boticelli que estão dentro (entre outros) e chegámos à famosa ponte, a qual atravessámos para chegar ao Palácio Pitti, enorme e cujos jardins de Bobolli gostaria de ter visitado outra vez, mas o bilhete era para todo o palácio e não havia tempo.


Tomámos então o autocarro que nos levou ao cimo, à Piazalle Michel Ângelo, onde à vista de uma enorme reprodução do David, se tem a mais bela vista de Florença e do Arno.
Florença, a cidade que mais admiro, faz-nos regressar ao tempo do Renascimento, aos Médicci e a outras ilustres famílias.








terça-feira, 11 de novembro de 2008

Cadernos de viagem 3 - Milão

Milão é a grande metrópole do norte de Itália e o centro nevrálgico da zona mais industrializada e rica do país, contrastando com a pobreza do Sul. É uma cidade típica de uma zona industrial, com algumas particularidades: alguns monumentos importantes, uma intensa actividade de serviços, uma das grandes capitais da moda mundial e um importante pólo turístico.
No seu todo não é aquilo a que se possa chamar uma cidade bonita, mas sim uma cidade com algumas coisas bonitas e interessantes. Tem um serviço de transportes públicos bastante deficiente, à excepção do metro, uma imponente estação central com um movimento impressionante e tem dois aeroportos, Linate e o mais recente Malpensa, em localizações opostas.
O centro de Milão converge na praça do Duomo, um dos mais belos templos góticos do mundo
onde estão também situadas as famosas e belas Galerias Vittorio Emmanuelle,as quais desembocam na praça onde está o famoso Scala e a estátua de Leonardo da Vincci;perto do Duomo fica também outra atracção de Milão, que é o Castelo Sforzza, ainda integrado no amplo parque da cidade; do Duomo parte a principal e mais animada rua de Milão, a Via Manzoni, com a qual se cruza uma das mais emblemáticas ruas da cidade, a Via Montenapoleonne, onde estão situadas todas as lojas dos grandes estilistas: é bom de ver, mas fingir não ver os preços…
Uma outra atracção de Milão são as muitas igrejas, também não longe do centro; a maior é Santa Maria de la Grazzia, muito bela arquitectónicamente, e junto à qual se encontra o famoso “Cenáculo” de Leonardo; infelizmente a venda de bilhetes é feita sob reserva, via net ou comprada antecipadamente e no dia em que lá fomos, só havia vaga para daí a duas semanas...Outra belíssima igreja é Santo Ambroggio, padroeiro de Milão, que não se pode perder.


Perto da casa do nosso amigo Ferruccio, onde ficámos alojados fica outra atracção de Milão, que é o Cemitério Monumental, com um edifício muito bonito e com “ruas” pejadas de jazigos, que são autênticas obras de arte; entre outros ali repousa Verdi.


Finalmente, e sendo o Déjan e eu também, adeptos de futebol, fomos ver um jogo ao famoso estádio de S.Siro; foi um jogo entre o Inter e o Génova; Mourinho, tal como em Inglaterra é um deus para os “tiffosi” do Inter e é odiado pelos outros; o Figo não jogou, por estar lesionado e o Quaresma jogou tão mal que saiu ao intervalo; o resultado foi um empate a zero e eu torci inteiramente pelo Génova.

domingo, 9 de novembro de 2008

Cadernos de viagem 2 - Bérgamo



Quando há anos fiz uma viajem a Itália, de automóvel, com o Duarte, durante quase um mês, vi muito daquele país, indo mesmo até Roma.. Uma das cidades que mais nos impressionou foi Bérgamo, no norte da Lombardia, e que se compõe de duas partes distintas: a cidade moderna e monumental ao mesmo tempo, cá em baixo; e a “Citta alta”, velhinha e murada, plena de ruas estreitinhas e lindas; curiosamente, como íamos de carro, não parámos senão na “Citta alta”, a qual percorremos e vimos os belos monumentos, que se distribuem ao redor da Piazza Vecchia, com relevo para a Catedral.
Curiosamente, notámos na altura a particular simpatia dos habitantes desta cidade.
Tudo isto, para dizer, que nesta viagem com o Déjan, estando nós a cerca de 40 Kms de distância, foi a nossa primeira visita: fomos de comboio (cerca de meia hora desde Treviglo) e passámos lá o dia; foi uma bela surpresa a parte baixa da cidade, que eu praticamente não conhecia e que agora percorri demoradamente a pé: magníficos edifícios na avenida principal que vai desde a estação até ao funicular que serve para ir como alternativa ao autocarro até à “Citta alta”, muita vegetação, uma urbanização muito cuidada.
Enfim, na parte alta da cidade, o mesmo deslumbramento de há anos, a mesma simpatia nas pessoas, o mesmo feitiço de uma das mais belas cidades do norte de Itália; como curiosidade, não tentem perceber o dialecto bergamasto, pois de italiano nada tem; é assim como que o catalão para o castelhano, e até livros editados há nessa “língua”.
Um passeio maravilhoso, uma cidade a conhecer.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Cadernos de viagem 1 - Chegada e Treviglo

Cheguei a Malpensa – aeroporto de Milão, ao terminal dois, reservado aos voos “low cost” e num autocarro do próprio aeroporto fui para o terminal um, onde chegaria o Déjan, uma hora e meia depois; apercebi-me que o meu telemóvel não funcionava e a minha inabilidade para esses brinquedos não me permitia pô-lo a funcionar. Do Francesco, nosso anfitrião, nem rasto, e eu sem poder contactá-lo; pouco antes do avião do Déjan aterrar lá apareceu o Francesco acompanhado do seu namorado desde há 3 anos e que eu não conhecia, o Luigi, uma simpatia de pessoa.
O Déjan chegou à hora prevista e depois da emoção do reencontro conseguiu pôr o meu telemóvel operacional; como Malpensa fica a cerca de 35 Kms de Milão e nós iríamos para Treviglo, onde habitam o Francesco e o Luigi, (casa do Francesco e do Luigi, em Treviglo)
e que dista de Milão outros 35 Kms na direcção oposta, resolveu-se ir jantar a Milão e aí encontrarmos o Ferruccio, antigo namorado do Francesco e seu grande amigo, até para que pudéssemos conhecer o namorado do Ferruccio, o jovem e lindo de morrer Erçin, um turco, jovem arquitecto e que regressaria a Istambul na manhã seguinte. Encontrámo-nos no Parque da Cidade, junto ao Castelo dos Sforzza, e foi bom reencontrar o Ferruccio, em cuja casa de Milão iríamos ficar uma semana; o jantar, a seis foi animado, pois havia 3 italianos, um turco, um sérvio e um português.
Depois do jantar rumámos a Treviglo, pequena e pacata cidade, onde o Francesco comprou um apartamento, para residir com o Luigi, que trabalha numa grande quinta familiar, nos seus arredores; apesar de o Francesco trabalhar em Milão, onde é professor universitário, prefere viver ali e vai todos os dias de comboio para Milão.No dia seguinte, fomos os dois, eu e o Déjan, conhecer a pequena e tranquila cidade e deu para descansar (?) do cansaço da viagem; no dia seguinte iríamos passar o dia a Bérgamo.(Catedral de Treviglo)

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Caminhei até junto de ti...


Como o povo sabiamente afirma, “não há bem que sempre dura, nem mal que nunca acaba” e assim aqui estou de novo, depois de duas semanas muito estimulantes, na companhia da pessoa que mais adoro, e de quem me vejo de novo separado; embora esta nova separação seja, tudo o indica mais breve, “apenas” três meses, pois conto estar em Belgrado no início de Fevereiro, custa sempre muito a separação.
A Itália é um país maravilhoso e foi para mim um imenso prazer voltar a ver e agora mostrar, sítios maravilhosos ao Déjan; aqui darei conta de alguns deles, mas para já, não posso deixar de referir a extrema afabilidade com que o Francesco nos recebeu em Treviglo ( e que sorte tem ele de ter encontrado um tão maravilhoso companheiro, o Luigi, que eu não conhecia); e também a maravilhosa disponibilidade do Ferruccio, em casa de quem ficámos em Milão, e que também encontrou um novo amor, lindo de morrer, o turco Ercin, que foi uma pena termos conhecido pouco, pois partiu, pouco depois da nossa chegada para Istambul..
Enfim, o tempo esteve quase sempre bom e deu para visitar bem Milão, Bérgamo, Florença, Veneza, Vigevano, Cremona e o maravilhoso lago de Como.
Agora é o regresso à rotina, e é o reencontro com algumas tristes realidades, infelizmente; nunca esqueci um grande amigo que aqui está a passar um tempo menos bom, mas que tem tido e vai continuar a ter uma enorme força e eu e todos os que gostamos dele, e somos muitos, estaremos com ele.

sábado, 18 de outubro de 2008

Finalmente...


“Dio, como ti amo”, Déjan!!!
Amanhã, finalmente, um abraço, um longo e forte abraço e nele todo um imenso mundo de sentimentos…
Não serão muitos, apenas quinze, os dias, mas serão plenos, estou certo. A Itália, com epicentro em Milão, vai ser abalada por um terramoto de afectos e carícias, que afectarão toda a Lombardia, o Piemonte e a bela Toscânia. O Francesco, nosso anfitrião vai ajudar-nos a construir o mapa do sismo.
Assim, durante duas semanas este blog vai estar de férias, merecidas, pois está, também ele cansado.
Gostaria muito de lembrar alguém que “vai comigo”, no meu coração; sim, porque um Amigo cabe sempre no meu coração: Força, estamos contigo!!!

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Um Boy George quase viril...

Ainda se recordam de Boy George? Mas talvez não se recodem dele com um ar tão "masculino" como nesta canção dos inícios dos noventas, se não estou em erro...

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Há muito tempo...


Há muito tempo não necessitava tanto de encontrar o forte abraço do Déjan, como hoje…
Há muito tempo não tinha a noção da grandiosidade da palavra AMIZADE…
Há muito tempo não me sentia tão só, numa casa compartilhada a dois, mas “vazia”, porque alguém está merecidamente de férias…
Há muito não se me humedeciam os olhos, em momentos diversos do dia…
Há muito tempo não pensava na precariedade da vida…
Há muito tempo não reparava no imenso alcance da frase lapidar que tanto uso, mas poucas vezes interiorizo: “Muito triste estava por não ter sapatos, mas alegrei-me ao encontrar um homem sem pés”…
Há muito tempo não via os meus gatos virem ter comigo e lamberem-me (as feridas do coração)…
Há muito tempo sabia que as amizades virtuais da blogosfera se transformam por vezes, em grandes Amizades, mas nunca como hoje…
Há muito tempo não pensava que a solidariedade pudesse ser tão poderosa…

E tudo isto, porque ontem levei um incrível e doloroso murro no estômago!

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Passado e presente: 9 - Antony and the Johnsons


A primeira vez que ouvi algo deste intérprete, foi ao ver um magnífico filme, “Wild Side”, de Sébastien Lifshitz, sobre a vida de um travesti, com uma soberba interpretação de um tema fortìssimo, cantado “a cappella”, e reparei na peculiar e andrógina figura do intérprete. Aguardei os créditos finais e fixei o nome da canção, "I feel in love with a dad boy”" e também do intérprete, Antony, do grupo “Antony and the Johnsons”.
Posteriormente, procurei explorar o que havia sobre este grupo e fiquei rendido, apenas lamentando ter perdido o concerto que trouxeram há bem pouco tempo a Lisboa, e que inclusive havia visto publicitado no "Y" do "Público", até na 1ª.página. Mas ainda não sabia o que vim a perder...É óbvio que há temas que me marcam mais que outros. Além do citado, o meu preferido é "Fistfull of love”", embora cite também "Spiralling", "The lake" e "You are my sister" (com a colaboração de Boy George). Foi com alguma surpresa e muito agrado que vim a encontrar num destes dias num blog extremamente agradável e bem elaborado “Bichos de seda”, uma animação do tema "The Lake", da autoria de Adam Shekter, o qual vivamente recomendo, bem como outras animações do mesmo autor sobre temas deste grupo.

Adenda: este post foi publicado em 20 de Novembro de 2006; entretanto, o Blog "Bichos de seda", infelizmente cessou a sua publicação; e encontrei no "Dailymotion" a animação de que falava, e que com muito gosto aqui deixo.



sábado, 11 de outubro de 2008

Sobre as praxes...


Permito-me transcrever aqui um texto publicado neste blog, e que eu não me importaria de assinar por baixo, no que diz respeito a tudo o que está escrito, à excepção do primeiro parágrafo, pois nunca estive envolvido nestes “rituais”. Não me venham com o argumento de que é uma forma de integrar os novos alunos na Universidade, pois há variadíssimas formas disso ser feito com decência e originalidade. È pena que muita gente se “acobarde” e não denuncie casos de que foram vítimas, como alguns já surgiram, felizmente.


“Eu fui praxado, fiz tudo o que me foi exigido e não bufei, tentei levar a coisa com alguma descontracção. Eu já praxei. A praxe que fiz foi levar uns quantos caloiros a beber uns copos (uns pagos por eles, outros pagos por nós, os que estávamos), e pintalgar a cara de outros tantos. E mesmo quando era jovem e inconsciente era incapaz de tirar da humilhação ou do sofrimento de alguém qualquer tipo de prazer ou satisfação. Vou-vos descrever agora aquilo que eu já vi nas praxes: cabelos cortados, simulações de sexo, exibição dos genitais, caras enfiadas em excremento de cavalo, longas caminhadas com os pés descalços, raparigas obrigadas a vestir a roupa interior por cima de toda a outra, caloiros bombardeados com tudo quanto é imundice, extorsão de dinheiro, ameaças de agressão física, ingestão de bebidas altamente alcoólicas contra-vontade, deglutição de papel higiénico, humilhação pública extremada sob as mais diversas formas. Tudo isto, no perímetro das instalações da escola onde estudei, com o conhecimento da Direcção da mesma. Integração? Convivência académica? Vão mas é dar banho ao cão e vender essas patranhas a quem vo-las compre. Gostava que algum iluminado me explicasse de uma forma plausível o nível de integração que pode atingir alguém que é obrigado a enfiar a sua cabeça dentro de um balde de merda. A praxe é a grande oportunidade que os broncos e os socialmente inadaptados têm para brilhar alguns dias. A praxe é uma prática medieval. A praxe contraria todos os princípios de uma educação académica e social superior. A praxe é um circo romano académico em que são libertados os mais selvagens instintos de pessoas que se dizem civilizadas, com quase total impunidade. A praxe é uma palhaçada sem jeito que, espero sinceramente, não tardará muito a ser banida do meio académico. Morte à praxe.”

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

"Brando, mas pouco"



“A intensidade animal que Marlon Brando transmitiu a Stanley Kowalski em “ Um Eléctrico Chamado Desejo” é a mesma destas páginas baseadas em material reunido ao longo de toda a vida por Darwin Porter, repórter veterano de Hollywood. O fecho éclaire dos jeans que Brando tornou famosos nessa interpretação abre-se numa biografia que traça o resultado fiel e sem tabus do maior actor cinematográfico do século XX. Um retrato cru, implacável e “para adultos”. De símbolo sexual a gordo desmazelado, Brando foi a estrela mais original do mundo do cinema. Bissexual assumido, seduziu mais mulheres e homens do que qualquer outro actor de Hollywood. Os seus encontros secretos com figuras como Greta Garbo e Cary Grant são relatados com naturalidade, tal como o são as suas “f**** caridosas” com estrelas como Joan Crawford, Bette Davis ou John Gielgud. Pela cama de Brando passaram famosos e engates desconhecidos(…)”

Esta é parte da contra-capa do livro “Brando, mas pouco”( Bradon Unzipped), de Darwin Porter, editado entre nós pela Editora “Pedra da Lua”. O seu autor relata-nos em pequenos capítulos a vida de Brando, assente sobretudo na vertente sexual, ainda antes do seu avassalador êxito na peça "Um Eléctrico Chamad Desejo", encenada por Elia Kazan e da autoria de Tenesse Williams, apresentada na Broadway, até á realização do seu único filme “Cinco Anos Depois”. O mais curioso para mim, neste livro, não é tanto o lado voyeur das sua múltiplas aventuras sexuais, algumas descritas ao pormenor pornográfico, mas a uma visão bastante completa da vida da Meca do cinema, nas décadas de 40 a 70; passam pelos nossos olhos todos os grandes actores e actrizes, os principais filmes, e, confesso, nunca imaginaria uma “putice” tão grande naquele meio. Para quem gosta de cinema é um manual imprescindível, focado nessa mítica figura de Marlon Brando, que teve tanto de bom actor, como de homem intratável e perfeitamente promíscuo, elevado à potência máxima…
Lê-se com agrado, embora demasiado grande, mas nunca chega a ser “massudo”.Ao pé de Hollywood daqueles tempos, e porventura de sempre, qualquer episódio escandaloso relatado numa primeira página do “24 Horas”, é um livro para crianças….

terça-feira, 7 de outubro de 2008

[A]

Este é o nome do blog da minha amiga Ana, a quem roubei este vídeo e que é dos blogs que mais aprecio na "minha" blogosfera, e a quem dedico, naturalmente este post.
Conheci a Ana, quando em Junho fui dois dias ao Porto com o Déjan, apresentada pela nossa querida cicerone Duxa, de quem é amiga; aliás a Ana esteve para vir ao nosso jantar de bloguistas, mas ao próximo, não lhe perdoarei a ausência. Ela é uma jovem estilista, nada convencional, e que me parece estar a ter uma carreira profissional promissora.
O seu blog, tão minimalista como o nome escolhido [A] demonstra uma tremenda sensibilidade e se em muitos casos está directamente ligado à sua actividade profissional, até nesses posts ela põe um cunho pessoal que interessa a toda a gente que gosta do belo; noutras situações partilha connosco, imagens, vídeos e músicas do seu gosto e que nunca me deixam indiferente; as palavras são mínimas neste blog, e nem fazem muita falta. Este vídeo é disso exemplo.





Ballet maar dan toch zeer "koel"

domingo, 5 de outubro de 2008

Ser professor hoje


Há muito que leio, oiço e constato quão ingrato é ser-se professor hoje em dia, no nosso país; fui professor durante vários anos e gostava muito da minha profissão, de dar aulas, de contribuir para dar aos miúdos e menos miúdos algum contributo que lhes fosse útil mais tarde; tenho hoje, muitos amigos, professores, e revejo na sua quase totalidade, esse mesmo gosto pela profissão que têm.
Confesso, independentemente de conceitos políticos e de conjunturas pontuais, que, se eu continuasse a ser professor hoje, estaria profundamente desiludido, pois sentiria que todas as energias voluntáriamente gastas no exercício do meu mister, estavam a ser "queimadas" em burocracias que além de transformarem um ser humano numa máquina, acabam por ser contraproducentes pois obrigatóriamente o professor não pode , como antes, zelar pelo mais elementar cumprimento da sua profissão e que é ENSINAR, aqui incluindo, não só a transmissão de conhecimentos, como também toda uma complexa mas apaixonante envolvência com os alunos, com os seus problemas e anseios, substitiundo em muitos casos, os próprios pais, que se demitem dessa fundamental tarefa.
Ser professor hoje, continua a ser exercer uma profissão nobre, talvez das mais importantes do mundo actual, mas é também, e cada vez mais, uma profissão de risco.
Eu hoje, e tenho muita pena de o afirmar, não gostaria de ser professor!!!!

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Balanço do "Queer Lisboa Festival"


Terminou o Queer Festival e terminou uma semana louca de cinema para mim; perdi a conta a quantos filmes vi e é difícil esquematizar razoável mente este post.
Talvez citar quais os filmes que mais me marcaram, quer positiva, quer negativamente, e começo por dizer que das dez longas metragens a concurso, vi metade, e por opção; deixei de fora algumas cujo resumo não foi suficientemente apelativo ou não se enquadravam de alguma forma, no perfil dos filmes que aprecio; entre eles, o filme vencedor “Antónia”, embora soubesse que iria ser bem acolhido e até adivinhasse que seria um sério candidato a ganhar. Dos cinco filmes que vi, dois sobressaíram: “Saturno Contro” do turco radicado em Itália Ferzan Ozpetek, ao qual dediquei um post, ainda antes do festival; e “Barcelona (Un Mapa)”do catalão Ventura Pons, de que já falei no outro post sobre o Queer. Uma outra película espanhola, “Clandestinos”, de António Hens, não me entusiasmou demasiado, pois mistura um pouco atabalhoadamente a homossexualidade com a ETA, sendo o fim do filme algo forçado. “Otto:or, Up with Death People”, é mais do mesmo (Bruce La Bruce), aqui numa versão “zombie”, a raiar o ridículo. Finalmente “Panorama”, um filme francês (?) de Loo Hui Phang, que detestei, pois nada me disse; é um tipo de cinema experimental para “encher o olho” e nada mais…
Confesso que gostava que tivesse sido “Saturno Contro” a ganhar, até porque é um filme que mostra que o Queer pode e deve ser também um festival de cinema não só para gays, mas para toda a gente que gosta de cinema.
“Barcelona (Un Mapa)” foi premiado como era mais que previsível, pelos prémios de interpretação feminino – Núria Espert, e masculino – Josep Maria Pou, dois extraordinários actores da velha guarda.

Ainda no campo das longas metragens que, por serem anteriores a 2007, não estiveram a concurso, encontrei algumas das melhores surpresas de todo o festival; tirando um vulgar filme israelita “Japan, Japan”, foi apresentado um outro filme do mesmo país, Israel, “Tied Hands”, de Dan Wolman, tremendamente humano e comovente, sobre a odisseia de uma mãe desesperada, procurando na noite de Telavive, droga para minorar o sofrimento do filho doente de Sida em fase terminal; é pena que este filme com apresentação única tenha decorrido para apenas cerca de 20 espectadores…Também “The Houseboy”, filme americano de Spencer Schiller é um filme muito curioso, que mostra a solidão em que se transforma o sexo sem amor. Deveria estar inserido nesta categoria e não na dos documentários, outra grande surpresa do festival, o filme sérvio de Zelimir Zilnik “Kenedi is Getting Married”; porque foi este filme enquadrado na secção “Queer Art”? Gostaria de saber porquê? É um filme um pouco louco, sobre a vida de um rapaz também ele algo alienado, que não olha a meios, principalmente sexuais, para conseguir ir viver para a Alemanha.

Nesta secção “Queer Art” pretendia-se mostrar filmes que fizessem a ponte entre Arte e homossexualidade; foi muito mais interessante assistir a “With Gilbert and George”, um excêntrico casal gay, cuja obra pictórica é notável (parecem Dupont e Dupond), do que rever “A Bigger Splash”, filme muito datado e repescado de um anterior festival, sobre a vida do pintor inglês David Hockney; tentei ainda ver alguma coisa de “Pascal Robitaille 1”, mas só aguentei 10 minutos na sala, pois olhei sempre para a mesma imagem…

Passando aos documentários, pareceria que o prémio não escaparia ao fabuloso “A Jihad for Love”, de Parvez Sharma, que nos relata e mostra as enormes dificuldades de se ser simultaneamente homossexual e muçulmano; aliás sobre as diferentes vertentes como é encarada a homossexualidade nos dias de hoje, também assisti a um interessante “Improvvisamente l’Inverno Scorzo”, de dois jovens italianos, sobre a aprovação ou não, em Itália, de uma lei sobre uniões de facto, e um muito “arejado” e agradável “Campillo si, quiero”, do espanhol Andrés Rubio, em que se fala de uma pequena povoação espanhola, célebre por se ter transformado em romaria, com os casamentos gays ali, pois o Alcaide é gay; nesta competição vi ainda um filme que não trouxe nada de novo, sobre um casal gay , cantores de sucesso que começaram a sua carreira numa comunidade evangélica dos EUA e alcançaram grande popularidade, “We’re all angels”; e um documentário muito “dejá vue” sobre o coming out do cinema GLBT “Here’s Looking at You, Boy”. O prémio, surpreendentemente, para mim e para muita gente, acabou por recair num filme australiano “Darling! The Pieter-Dirk Uys Story”, o qual não vi.

Nas curtas metragens, cujo prémio foi atribuído pela votação do público, vi um pouco de tudo; refiro apenas os filmes de que mais gostei; o sensual e explicito, mas não porno filme mexicano “Bramadero”, o francês “Amoureuses”, o impagável filme sueco “I am Gay”, o muito bom filme polaco “Mateusz”, o original filme romeno “”Madu + Ana”, “Scarred”, filme inglês que já conhecia, o filme australiano “Sexy Think”(bastante forte), o interessante filme lésbico norueguês “Spinning” e o também israelita “Troyout”, o irresistível filme sueco “A litlle tiger” e o delicioso “The best man”, inglês; e uma referência para o único filme português de que gostei, o muito curioso “Frequent Traveller”. O prémio foi para uma curta documental brasileira “69, Praça da luz” (parece que foi o festival das prostitutas brasileiras…)

Duas palavras para dois ciclos, um sobre a cinematografia gay portuguesa dos anos 70, em que foram exibidos dois filmes de João Paulo Ferreira, sendo o deles o sensacional ”Fatucha, superstar – uma ópera rock bufa”. E para as sessões denominadas “Obsceno”, uma das quais bastante excessiva, pois foi tão somente uma exibição de sexo pornográfico e dos maus…Não é admissível a inclusão de filmes pornográficos num festival cujo tema é sim a homossexualidade, mas que não se pretenda transformar este festival num guetto homossexual.

O balanço é positivo, parabéns ao João Ferreira e à sua excelente equipa.. Para o ano há mais….

domingo, 28 de setembro de 2008

Paul Newman

Estava a preparar um post sobre o "Queer Festival" que terminou hoje, mas haverá tempo para tal.

Prioridade para homenagear um dos mais prestigiados actores de toda a minha geração, que agora faleceu, sem surpresa, mas sempre com muita tristeza.

Além de excelente actor, não se pode esquecer a sua postura humana, num meio tão vulnerável como é o do mundo do cinema; o exemplo máximo será com certeza a invulgar duração do seu casamento com a também extraordinária actriz que foi e é Joanne Woodward.

Mais que falar dos seus principais filmes, dos prémios conquistados, é de referir a sua invulgar beleza física que encantou gente de ambos os sexos: tinha dos olhos mais expressivos de todos os actores de cinema.

Permito-me pôr aqui um pequeno vídeo da sua personagem (sob o meu ponto de vista) mais rica, a do jovem marido de Liz Taylor no filme "Gata em telhado de zinco quente", uma personagem bem ao género de tantas outras delineadas por Tenesse Williams, em que representa toda uma homossexualidade reprimida.




Vale a pena ver os outros vídeos que estão inseridos neste.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Parar e reflectir


Há alturas da vida em que necessariamente fazemos uma paragem para reflectir; sucede a todos. E eu que sou bastante extrovertido, talvez demasiado, nem sempre reflicto nos contactos pessoais e escritos, o que vai cá dentro; nos últimos tempos não tenho passado bem, quer fisicamente, com um problema que se tem prolongado no tempo num joelho; quer profissionalmente, pois sinto-me algo desmotivado ao ver que sou apenas uma pequeníssima peça de uma máquina gigantesca, que não está programada para avaliar comportamentos humanos; quer a nível familiar em que sou o pára-raios de múltiplos atritos, enfim, tudo isso tem contribuído para um não bem estar, que justamente ambiciono; a excepção são os bons amigos de sempre e o incondicional, total e fantástico apoio do meu querido Déjan, que dentro de menos de um mês vou finalmente reencontrar.
Tudo isto para dizer que ponderei bastante seriamente em fechar este espaço, não por um motivo particular, mas por uma soma de questões, em que avulta o cansaço. Eu não preciso de um blog para nada, antes de o ter era a mesma pessoa que sou hoje, com os mesmos defeitos e qualidades; o seu aparecimento, já o afirmei há pouco aqui, veio um pouco na linha do aparecimento do Déjan na minha vida, o qual eu de certa forma não tinha programado, mas em boa hora acolhi; o próprio nome diz tudo: “Whynotnow”!
Claro que estou mais rico, ganhei bons, mesmo bons amigos e aprendi muito, essencialmente coisas positivas e também algumas negativas.
A gota de água que me fez ponderar o encerramento do blog, foi um mail que recebi de um Amigo que considero muito e que me deu conhecimento de algo que me entristeceu muito; e decidi mesmo fechar o blog; sou impulsivo, como bom Carneiro, mas também sei por vezes reflectir, sustendo o impulso; e foi quando me lembrei de uma palavra feia que existe na nossa língua e que é COBARDIA…
Eu tenho uma visão muito pessoal do que é ser cobarde; para mim só se é cobarde quando nós próprios sentimos que o somos; quando são os outros a decidir se o somos ou, não pode não o ser; basta ver a ténue fronteira entre o medo e a cobardia ( e quem nunca teve medo?) e uma outra questão muito complexa que é o que leva alguém a suicidar-se: será cobardia ou coragem?
E reflectindo melhor achei que seria um acto de cobardia, pelo menos neste momento fechar o blog, e que até poderia ser considerado um triunfo para determinadas pessoas e isso eu não quero, pois tenho o meu orgulho.
Mas fez-me bem esta paragem, para reflectir; deu para continuar, até quando????

domingo, 21 de setembro de 2008

Começou o "Queer"


Começou na sexta feira o 12º. Queer Lisboa Festival, tendo sido na sessão de abertura apresentado o divertido filme espanhol “Chuecatown”; como já tinha visto o filme só neste sábado dei início à minha maratona, tendo visto 5 sessões!!!. Não vou aqui assinalar dia a dia o que vou vendo, embora vá havendo pequenos balanços; para já, gostei de ver o S. Jorge bastante bem preenchido de público, e revi caras habituais de todos os anos, assim como tive o prazer de conhecer o Engine, e realmente muita coisa sobre este tipo de filmes temos que conversar; foi um prazer a troca de impressões com ele; outras pessoas amigas fui encontrando entre as quais alguém dos blogs, como o
Special K que me apresentou umas amigas de um outro blog e o Rui, que sem ter blog, vai comentando alguns blogs amigos.
Sobre o que vi o destaque vai para o filme de Ventura Pons “Barcelona (Un mapa)”, com interpretações muito boas dos “velhos” Josep Maria Pou, Núria Espert e a inevitável Rosa Maria Sarda, e que numa homenagem à sua cidade de sempre, disseca o presente e o passado de um casal, com as ligações às pessoas que habitam a sua casa.
Outra surpresa muito positiva foi a curta mexicana “Bramadero”, com um sexo explícito muito acentuado, mas curiosamente sem cair no pornográfico; um filme extraordinariamente polémico é o último do cineasta Bruce La Bruce, de quem o Festival tem apresentado por assim dizer todos os filmes; “Otto; or Up with Dead People”, não deixa ninguém indiferente - houve muita gente a abandonar a sala, mas também muitos aplausos no final; é um filme que provoca o espectador, chega mesmo a ser chocante, mas tem pelo meio pormenores deliciosos; não é filme para mim…
“Japan, Japan” é um filme israelita pouco interessante e a primeira sessão do “Obsceno” já depois da meia noite foi para mim uma desilusão.
Num intervalo entre duas sessões aproveitei para ir comer alguma coisa a um local próximo, e enquanto comia entraram também para comer algo, três funcionários do S. Jorge, duas raparigas e um rapaz que falavam sobre o festival e sobre a homossexualidade; algumas coisas que foram ditas tiveram o seu interesse, principalmente por parte de uma das moças, mas também foram ditas várias coisas, nunca num tom homofóbico, que mostravam algum desconhecimento do assunto. Fui incapaz de me manter em silêncio e depois de ter pago e antes de sair dirigi-me á mesa deles e apresentei-me como espectador assíduo do festival e como homossexual, claro, pedindo desculpa da minha intromissão, mas explicando algumas situações que me tinham parecido pouco esclarecidas; aceitaram com prazer os 10 minutos de conversa que mantivemos e estou certo que ficaram a perceber melhor o que é ser-se homossexual; foi talvez o melhor momento do dia.
Amanhã há mais uma maratona…
Adenda: Devido ao adiantado da hora esqueci-me de referir dois factos, um dos quais imperdoável, e que foi o reencontro com o amigo Ding Ling, que não via desde o célebre jantar de Abril; o outro foi que vi também um documentário pouco interessante sobre o "coming out" do cinema queer, desde os seus começos nos anos 60, com cenas de certos filmes e entrevistas a realizadores e actores, nada de novo...

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Segredos de uma relação


Num dos números já saídos da revista “Com’ Out” (que continua excelente) foi publicada uma excelente entrevista com Richard Zimler, escritor americano, autor de livros de grande sucesso como “O Último Cabalista de Lisboa”, e que vive em Portugal desde há 18 anos (no Porto), tendo-se mesmo naturalizado português em 2002.

Dessa interessante entrevista fiquei a pensar durante algum tempo na resposta dada a uma pergunta que lhe foi feita.:
“Qual o segredo para a longevidade de uma relação?”
A sua resposta foi a seguinte:
“Respeito. Apaixonarmo-nos por alguém é muito fácil. Certos amigos meus apaixonam-se de dois em dois dias, é o mais fácil na vida. Mais difícil é aprender a respeitar o outro. Uma pessoa que tem opiniões diferentes das nossas. Eu tive de aprender isso. Eu comecei com opiniões formadas sobre muita coisa, pensando que qualquer opinião divergente era errada. Isso não é saudável para uma relação duradoura. A paixão vai diminuindo ao longo do tempo e tem de ser substituída por respeito e amizade, e quem não conseguir fazer isso vai perder a relação. Vejo muitos casais que ainda não aprenderam essa lição. Têm discussões terríveis em frente a outras pessoas e usam uma linguagem que indica que não desenvolveram respeito mútuo.”

Zimler sabe do que fala, pois vive em união de facto com o cientista Alexandre Quintanilha, há cerca de 30 anos. A palavra mais importante da sua resposta é respeito E desenganem-se os que pensam nas paixões eternas, pois elas são passageiras e dão lugar se forem vividas em plenitude, ao patamar mais alto do amor.
Pessoalmente a paixão torna-se-me desconfortável, pois comparo-a a um estado febril, a uma vivência exagerada e quase exclusiva com o outro, não é uma vivência normal; mas é necessária, pois sem a paixão o amor no seu estado mais restrito nunca existiria.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

"Saturno Contro"

Este é um dos filmes que vão ser apresentados no "Queer Festival" e é um dos que já vi, juntamente com o "Chuecatown", "Clandestinos", "The Houseboy" e "A Bigger Splash".
De todos eles, foi o que mais gostei; é do realizador turco, radicado em Itália, Ferzan Ozpetek, que tem outros bons filmes no seu currículo, nomeadamente o cèlebre "Hamam", além de "Le Fate Ignoranti", já apresentado numa edição anterior do Festival de Lisboa e ainda de um belìssimo "La Finestra di Fronte"; quase sempre com o mesmo leque de actores, entre eles Stefano Arcosi (o Cap. Salgueiro Maia do filme de Maria de Medeiros "Capitães de Abril"), aborda temas conotados com a homossexualidade, mas de uma forma muito bela e sensível.
Este filme ganhou vários Óscares do cinema italiano, no ano passado, entre eles o da melhor banda musical, em que sobressai este tema que acompanha o vídeo - "Passione", interpretado pelo cantor Neffa.
Um filme a não perder, de forma alguma.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

A Torre de La Défense


Há muito que aprecio o percurso de Luís Castro no panorama teatral português e embora com pouca assiduidade aos seus espectáculos, tenho acompanhado a sua luta em prol de um teatro diferente em Portugal., mormente através da “sua” Companhia KARNAT, fundada em 2001, em associação com outros nomes, que ultrapassam o universo estritamente teatral, pois englobam também fotógrafos, artistas plásticos, designers de moda, produtores e realizadores; recordo um espectáculo que me marcou muito, pois foi uma abordagem muito diferente da habitual versão da conhecida peça de Bernardo Santareno “António Marinheiro”. Ainda sobre esta Companhia, uma palavra para o magnífico espaço que a Karnat tem vindo a melhorar, do edifício da secção de Anatomia da antiga Escola de Medicina Veterinária, junto ao Liceu Camões, e que terá que ser abandonado até ao final do corrente ano, pois ali serão instalados serviços de apoio da Polícia Judiciária.
Ainda antes de abordar a peça, uma palavra para o conceito de perfinst, um neologismo resultante da união das palavras perfomance e instalação, e à qual Luís Castro tem dedicado muito da sua obra, em que o encenador flui entre as artes do palco e as artes visuais, recorrendo ou não a texto.
É aliás um exemplo perfeito de perfinst, esta encenação do texto do dramaturgo argentino Copi (1939-1987), do qual a Karnat já havia apresentado uma dupla abordagem de “L’homosexuel ou la difficulté de s’exprimer”, com 3 actizes, primeiro e depois com 3 actores; uma referência apenas à variada obra deste autor já apresentada em Portugal, com destaque para a peça “Eva Péron”, encenada soberbamente pelo “saudoso” Filipe La Féria da Casa da Comédia, numa interpretação inesquecível de Teresa Roby (considero pessoalmente a trilogia encenada por La Féria na Casa da Comédia, e constituída por esta peça, pelo “Evangelho segundo Pasolini” e pela peça de teatro no estilo japonês Kabuki, como das coisas mais “loucamente conseguidas” do teatro já feito em Portugal).
Mas, falemos da peça “A Torre de la Défense”, com um texto desconcertante à volta das personagens de um casal gay, de uma burguesa em ácido e sua filha, de um travesti, de um árabe e de um americano, numa noite de passagem de ano , num apartamento do bairro parisiense de La Defense; aliás as personagens da filha da burguesa e do americano, nunca chegam a estar presentes. Durante a primeira parte do espectáculo, as personagens vão evoluindo, e vão-se definindo através de diálogos sem concessões de palavras, numa representação quase estática e essencialmente gestual. Após o intervalo, os espectadores seguem para os bastidores, onde lhes são apresentados variados aspectos que documentam alguns aspectos marcantes do texto, bem como da preparação cénica, com referência a adereços e outras coisas; no centro do “palco” numa espécie de caixões repousam os corpos dos intérpretes, expostos na sua total nudez; segue-se depois a audição e não visualização da segunda parte do texto, em que as “falas” são acompanhadas de sonorização adequada.
No cômputo geral, o que mais me agradou foi a abordagem da peça, no tal conceito supracitado de perfinst, pois o texto, embora muito interessante, não tivesse tido uma defesa muito conseguida dos intérpretes, melhor os femininos que os masculinos, nomeadamente Margarida Cardeal, muito bem na burguesa ácida.
Enfim, uma maneira diferente de passar um serão de domingo, dominado nesta Lisboa de ontem quase totalmente, pelo concerto de Madonna; mas desse concerto muita gente amiga irá contar tudo…

sábado, 13 de setembro de 2008

Passado e presente: 8 - Walt Withman




"A pé e de coração aberto lanço-me à estrada larga.


Saudável, livre, o mundo à minha frente,


À minha frente o longo trilho pardo conduzindo aonde quer que eu escolha.


Doravante não peço mais boa-sorte, eu próprio sou a boa-sorte,


Doravante não mais lamurio, não mais adio, de nada preciso,


Acabados os queixumes portas-dentro, bibliotecas, críticas lamentosas.


Forte e contente percorro a estrada larga.


A terra, eis o suficiente,


Não quero as constelações mais próximas,


Sei que estão muito bem onde estão,Sei que bastam aos que delas precisam."




(...)in "Cântico da estrada larga" (FOLHAS DE ERVA)
Este post dedicada ao maior poeta americano - opinião subjectiva - foi publicado neste blog, originalmente a 14 de Novembro de 2006.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Uma capa nojenta


Esta capa recente do jornal Público, que como toda a gente sabe é propriedade do senhor Belmiro de Azevedo, é um exemplo vergonhoso como a imprensa "séria" portuguesa brinca despudoradamente com assuntos da justiça e ironiza com uma pretensa inteligência balofa um caso que nesta altura teve o seu epílogo(?)...

Não quero entrar em considerações sobre a culpabilidade ou não de Paulo Pedroso, isso ultrapassa-me, mas acho que esta primeira página é um nojo!

Talvez mais que a "coincidência" da formatação desta capa, foi a coincidência do editorial do Público, no dia seguinte ao falhanço da OPA da Sonae sobre a PT, tivesse sido uma informação oficiosa de que seria a partir dessa data que José Sócrates saberia o que é a oposição de um órgão da comunicação social, dando perfeitamente a entender que foi culpa do Governo o falhanço da OPA; se "isto" aparecesse no "24 Horas", já seria pouco digno, mas no Público, torna-se objectivamente sujo.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

The day that never comes

O dia 12 de Setembro será para muita gente, no mundo inteiro, um dia há muito ansiado; finalmente, vai ser lançado no mercado o último álbum dos Metallica, cujo nome é “Death Magnetic”; embora desde o princípio do mês já se conheçam as músicas do álbum, vai ser um corrupio para o obter na próxima sexta feira.
Toda a gente sabe que não morro de amores pelo Heavy Metal e que foi para mim uma odisseia ter assistido no Rock in Rio à actuação dos diversos grupos que culminou com os Metallica (o amor faz disto…); mas e porque sei toda a ânsia do Déjan nos últimos tempos e o seu desejo enorme de ter a caixa especial e de limitada edição deste álbum, fiz a pré-compra da mesma na FNAC, até por servir de prenda de aniversário atrasada para ele; também só a posso ir buscar dia 12, e não é nada barata…
Quando o Déjan ouviu o álbum pela primeira vez, ficou maravilhado e disse-me que finalmente o grupo tinha voltado aos velhos tempos de há 20 anos atrás, com um som duro e puro (sic…).
Pedi-lhe que me poupasse a ouvir qualquer faixa, mas ele insistiu tanto que eu anuí em ver os primeiros dois minutos do vídeo promocional do álbum, “The Day That Never Comes”; e, surpresa das surpresas, vi e ouvi o vídeo todo…e gostei!
Talvez por ser um vídeo com uma história, e a música estar um bocado entroncada nessa história, gostei mesmo muito.
E por isso, ele aí está., o novo álbum dos Metallica.


sábado, 6 de setembro de 2008

Grandes compositores

Os grandes compositores clássicos, como qualquer humano, tinha a sua sexualidade apurada. Conta-se que, conforme o seu desempenho sexual, eram catalogados em quatro categorias diferentes, e que eram os impotentes, os semi-potentes, os potentes e os potentíssimos; ora aqui vão os mais importantes representantes de cada categoria:
Impotentes – naturalmente Bach, com a sua “Toccata e fuga”
Semi-potentes – seria lógico que fosse Schubbert, com a sua “Sinfonia Incompleta”
Potentes – obrigatoriamente Stravinsky, com a famosa “Sagração da Primavera”
Potentíssimos – só poderia ser Beethoven, que após a “1ª.”, fez a “2ª.”, a “3ª”, a “4ª”, a “5ª”, a “6ª”, a “7ª”, …a “8ª”…e a “9ª”…com coros!!!!


E a propósito de grandes compositores, é delicioso ouvir este número musical interpretado por Louis Armstrong e o famoso comediante Danny Kaye.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

O 500º.!!!

Sim, este é post nº. 5oo deste blog; sempre gostei de números redondos e assim é de assinalar.
Comecei a fazê-lo dois posts atrás e agora limito-me a assinalar o facto com um conjunto de fotos em que estou acompanhado da razão afinal deste blog e neste momento, da minha vida: o Déjan!Claro que a música só podia ser uma..."A nossa canção"!!!!
Puno hvala, ljuvab moja, VOLIM TE!

1. Belgrado, Setembro 2006

2. Cascais, Janeiro 2007

3. Whiton, Maio 2007

4. Londres, Maio 2007

5. Zadar, Setembro 2007

6. Porto, Junho 2008

7. Ponta da Piedade, Junho 2oo8

terça-feira, 2 de setembro de 2008

O segundo...


Um blog, tirando casos muito específicos, tem sempre uma evolução; evolução essa que depende em grande parte do seu autor, mas também da forma como o vão “moldando” os seus leitores e comentadores. E por falar em leitores e comentadores, que são muitas vezes entidades distintas, eles também têm uma evolução…
No que diz respeito à evolução de um blog, tenho notado isso no meu, como em vários outros que frequento; no meu caso, isso tem acontecido não de uma forma deliberada, mas sim de um modo que eu acho natural; sendo um blog de alguém que vive a sua sexualidade de uma forma perfeitamente assumida, desde sempre os assuntos ligados à homossexualidade aqui tiveram acolhimento e debate; mas reparo que nos últimos tempos, a quantidade de postagens ligadas a esses assuntos, directa ou indirectamente tem crescido. Também, e devido a um certo isolamento social da minha parte, há determinados acontecimentos que aqui não são referidos, por não os ter acompanhado, o que lamento (os filmes são disso um bom exemplo). O Déjan tem sido, e será decerto, cada vez mais, assunto deste blog, pois dia após dia ele está mais presente em mim. De resto, o blog continua a ser aquilo que sempre foi: um blog bastante pessoal, generalista, que procura alternar assuntos sérios com algum humor, e aberto a todos os que saibam e gostem de conjugar o verbo “tolerar” e também sejam capazes de ver algo além do seu umbigo…
E assim passo ao segundo ponto, que é sobre quem me lê e/ou me comenta; deixemo-nos de esconder o lixo debaixo do tapete, mas a verdade é que toda a gente que tem um blog, gosta de ter comentários! Mas há comentários e “comentários”; eu ao comentar prefiro não dizer nada, do que “nada” dizer; e já me cobraram por isso, quem não tinha a mínima autoridade para o fazer, mas enfim…
Já várias vezes o referi, um texto só se completa totalmente com os comentários, pois quantos deles não trazem um valor acrescentado ao que foi escrito e noutros casos ao contraporem pontos de vista diferentes, só estão a enriquecer e alargar o exposto. Já “sofri” a erosão do abandono de alguns (muito poucos) leitores/comentadores, e em todos os casos estou de consciência absolutamente tranquila e, sinceramente, não sinto a falta deles; os amigos que aqui já conquistei são bastantes e alguns deles permanecerão para além do eventual fecho deste ou de outro blog; outros há que não são ainda amigos grandes, porque ainda não houve oportunidade de haver qualquer contacto extra-blog, mas todos os autores dos blogs referidos na minha lista no blog, são amigos em formação…Amigos não eram com certeza os que saltaram do barco, mesmo aqueles a quem franqueei a minha casa para comigo jantarem.

Este post é assim uma reflexão mais genérica sobre o meu blog, na sequência do anterior e que precede um último deste trio; mas não esperem grandes surpresas, pois será um post muito mais singelo e menos palavroso do que estes dois.