Depois das senhoras (ladies first), os cavalheiros.
Numa escolha dos melhores dançarinos que foram também actores, dois nomes são incontornáveis: Fred Astaire e Gene Kelly.
Mas houve outros, muitos outros, que pontualmente num filme ou outro (nos grandes musicais) nos surpreenderam e deliciaram; entre eles recordo duas interpretações inesquecíveis - George Chakiris no "West Side Story" e Patrick Swayze em "Dirty Dancing".
Mas as restantes escolhas além de Astaire e Kelly acabaram por recair em dois grandes dançarinos: um quase desconhecido Donald O'Connor e na estreia como actor de John Travolta, ambos brilhantes.
Aqui ficam quatro vídeos para recordar estes quatro nomes.
Faleceu, com 80 anos, Claudio Abbado, um dos maiores maestros do século XX, e que eu tive o privilégio de ver ao vivo, dirigindo a Orquestra Filarmónica de Berlim, num concerto no Coliseu dos Recreios, integrado no saudoso Festival Gulbenkian de Música (olá Madalena Azeredo Perdigão, onde quer que estejas...), lá pelos anos 90.
Numa homenagem ao grande maestro deixo aqui talvez o trecho de música clássica que mais aprecio (ainda ontem numa agradável reunião de amigos referi isso), o Adagietto da 5ª.Sinfonia de Mahler, e que nos traz à memória a fabulosa cena final do filme "Morte em Veneza", de Visconti
Para quem gosta mesmo de música clássica, e principalmente da música de Mahler, fica a sinfonia completa, um óptimo refúgio para depois de um dia de trabalho.
Do you remember Venice?
And London, Madrid, Budapest, Milan?
And Lisbon, so many times?
And Beograd, so many times too, but mainly once, the first time we have seen one another?
Do you remember, Déjan, so many wonderful things during this 8 years?
At 29 December 2005 we begun our relationship, so many time ago, but it's like yesterday...
As the title of this italian song "I love only you"...today as 8 years ago, even more, because these years have been difficult, but so strong, so deeply full of love.
You are my love, but more, you are my life.
I will be always greatful to destiny because it happens that I knew you.
Thanks my wonderful Dejanito for your love and of course you know how much I love you...
And how much I miss you, my God!
O Whynotnow vai voltar, mas com significativas modificações,
não só do conteúdo, como também da perspectiva com que eu, de agora em diante, vou olhar a blogosfera.
E começo por aqui: sigo muitos blogs, demasiados blogs e
custa-me deixar de os seguir; assim, e porque os acho todos com motivos de
interesse, vou continuar a segui-los, com previsíveis atrasos, e sem qualquer
compromisso de comentário. Apenas comentarei aqui e ali, algum post que me “peça”
um comentário.
Alguns são muito pessoais, quase um diário, outros são uma
miscelânea de pequenas coisas, outros ainda apenas pictóricos ou musicais ou de
conteúdo adulto, mas todos com algum interesse. Embora sem uma motivação extra que
me faça dizer qualquer coisa.
Quanto a este blog e dado o cada vez maior interesse que
mostro pelo Pinterest, onde tenho um perfil com 351 pastas das mais diversas
situações e que comportam 71.000 fotos, perfil esse que é seguido por mais de
5.000 pessoas de todo o mundo, vou “abri-lo” aqui no blog a quem tiver
interesse em seguir-me.
Não digo, que uma vez por outra, por um motivo qualquer, não
faça uma postagem “clássica”, das habituais que fazia até agora, mas serão uma
excepção e não a regra.
Como complemento, e sempre que possível, um complemento musical, que motive por si só, a vontade de visitar o blog.
Para começo escolhi um pintor alemão, não muito conhecido e que acho deveras interessante: Karl Hofer.
Karl Hofer (Karlsruhe, 1878 – Berlim, 1955) foi um pintor expressionista alemão, adstrito a uma corrente a que se chamou “Nova Objectividade”.
Iniciado num certo classicismo próximo a Hans von Marées (lá irei um dia), estudou em Roma e Paris. Em Paris surpreendeu-o a I Guerra Mundial e foi feito prisioneiro durante três anos, facto que marcou profundamente o desenvolvimento da sua obra, com figuras atormentadas, de gestos vacilantes, em atitude estática, enquadradas em designs claros, de cores frias e pincelada pulcra e impessoal.
As suas figuras são solitárias, de aspecto pensativo, melancólico, denunciando a hipocrisia e a loucura da vida moderna.
É um pintor com uma vasta obra, e variada, pelo que a selecção aqui apresentada, além de muito subjectiva foi também difícil.
Para uma visão mais alargada poderão ir aqui.
Como disse no meu último
post, este blog não seria encerrado, mas “cessaria funções”, apenas reabrindo
para alguma coisa de uma maior importância.
Há por assim dizer duas
semanas que nada aqui ponho, e tenho no entanto lido os blogs que acompanho,
(nem todos), pois comecei alfabeticamente de trás para a frente e o constante
movimento bloguístico ainda não me permitiu chegar acima do “D”…
Tenho comentado minimamente,
quando uma postagem me chama por esse comentário.
E agora, que sucedeu, de tão
importante que justifique esta entrada?.
Nada verdadeiramente importante,
apenas meia dúzia de coisas que eu gostaria de referir com maior destaque do
que aquele que as redes sociais permitem.
E assim, este vai ser um
longo post e variado nos assuntos versados.
Começo por falar de saúde,
da minha e não só, pois eu, que sou diabético
desde há uns anos (entre outras
patologias, onde avulta uma angina de peito), tive no Verão uma desagradável
surpresa com os resultados anormalmente altos da glicémia o que fez com que, finalmente,tivesse tomado juízo no que
respeita à alimentação e à movimentação física; entretanto fui aceite na
Associação dos Diabéticos e parece que já começa a haver resultados positivos…
Pior é um problema que muito
me afectou, pois um amigo de infância, daqueles com quem almoço aqui em Lisboa,
todos os meses, um ano mais velho que eu, foi sujeito a uma cirurgia para
eliminar um tumor maligno no cérebro,
isto depois de há três meses atrás ter
tido o mesmo problema na próstata (casos completamente não relacionados).
Estas
coisas tocam-me muito fundo e vou-me abaixo psicologicamente.
As coisas parecem terem corrido bem, mas ainda não há relatórios da biópsia…
Mas deixemos as coisa mais
desagradáveis, pois também há referências a factos muito positivos:
Conheci dois amigos que por
acaso não têm relação com a blogo, mas que são muito porreiros e é sempre bom
aumentar o grupo de amigos se a Amizade é boa e não interesseira em qualquer
aspecto.
Mas, no que respeita a conhecimentos, o facto mais relevante foi ter
conhecido finalmente a minha Amiga virtual de há muitos anos, a “Justine” do
blog “Quarteto de Alexandria”.
Claro que não foi surpresa
nenhuma o imenso prazer que tive nesse encontro, que teve lugar na Gulbenkian,
onde fomos ver uma maravilhosa exposição que merece ser vista por toda a gente,
pois é magnífica - "O Brilho das Cidades - A Rota do Azulejo”, uma viagem
pelo mundo do azulejo, no tempo e nos mais diversificados locais.
Após a visita, uma muito
interessante conversa fez-me apenas concluir o que já sabia – a Justine é uma
pessoa de uma grande sensibilidade, possuidora de uma cultura muito acima da
média e com uma vivência e experiência de vida notáveis. Foi o nosso primeiro
encontro, mas não o último, estou certo.
Entretanto, eu que por
vezes me desleixo com o que de bom acontece em Lisboa, no campo cultural, não
só visitei uma excelente exposição (e atenção que outra deveras interessante
está agora a começar no Museu Nacional de Arte Antiga),
fui alertado por um
amigo da Covilhã sobre um concerto do John Grant em Lisboa, e apenas isso aconteceu na
véspera do mesmo, ou seja na passada quinta feira, e o concerto foi ontem,
sexta, no S.Jorge, às 23 horas.
Foi um concerto integrado no Vodafone Mexefest,
um festival com múltiplos concertos em variados locais lisboetas, circunscritos
à zona entre o Marquês de Pombal e o Rossio.
Paga-se uma importância fixa (40
euros) e com uma pulseira em troca do bilhete tem-se acesso a todos os eventos.
Claro que o meu interesse
era o John Grant, mas já que tinha oportunidade assisti também na mesma sala,
mas antes, um concerto de Márcia, que não conhecia, e que trouxe dois convidados
para dois duetos cada – Samuel Úria e António Zambujo; claro que a duração dos
concertos é reduzida e quase nunca ultrapassa uma hora, pelo que se fica a
pedir mais e assim, eu que nunca tinha ouvido o Zambujo ao vivo fiquei com
vontade de o ouvir durante mais tempo.
Márcia e Samuel cumpriram…
Quanto a John Grant é um
dos meus ídolos desde que ouvi duas músicas dele no excelente filme “Weekend”,
aliás os dois maiores êxitos do seu primeiro disco – “I wanna go to Marz” e “Queen
of Denmark”.
Foi com este último tema que ele fechou um concerto memorável,
talvez o melhor concerto a que já assisti.
Além destes dois temas
sobressaem outros dois, de que muito gosto: “Where dreams go to die” e “Greatest
mother fucker”, de que aqui deixo o vídeoclip.
A sala rebentava pelas
costuras e pelo entusiasmo do público, contagiando os próprios músicos,
acredito que Grant regresse a Lisboa em breve para um concerto mais alargado.
Mas, e porque tinha
direito a isso, esta noite mesmo, fui ver outro concerto, completamente
diferente e no qual depositava muitas esperanças, nada defraudadas, antes pelo
contrário – superou em muito as minhas expectativas. Num ambiente interessante,
a Sociedade de Geografia, a fadista de que toda a gente fala e da qual eu só
conhecia a poderosa voz: Gisela João!
E que concerto…ela é
fogo, ou melhor é um vulcão! Canta com a voz, sim, mas também canta com o
corpo, o corpo que ela movimenta constantemente em gestos pouco ou nada
convencionais numa fadista; talvez os puristas do fado não gostem muito da
forma como ela se apresenta, já que quanto à voz, ela é intocável, mas para mim
a revelação mais que positiva está mesmo nessa postura dela em que se entrega
de corpo e alma aos temas que interpreta. Mostrar aqui um vídeo apenas com o
som da sua voz era talvez bastante, mas Gisela merece mais, pelo que escolhi um vídeo ao
vivo, realizado na FNAC
e onde ela interpreta alguns dos fados mais marcantes
do seu repertório e do qual destaco um que por razões evidentes me fez vir as
lágrimas aos olhos e me fez imediatamente após o final falar com o Déjan e dizer-lhe
que da próxima vez que ele vier a Portugal, iremos assistir, onde quer que seja
a um concerto de Gisela João. Fiquei rendido.
Como não me emocionar com
a sua interpretação intensa de um fado com esta letra?
Nem um poema, nem um verso, nem um canto Tudo raso de
ausência, tudo liso de espanto Amiga, noiva, mãe,
irmã, amante Meu amigo está longe E a distância é tão
grande
Nem um som, nem um
grito, nem um ai Tudo calado, todos
sem mãe nem pai Amiga, noiva, mãe,
irmã, amante Meu amigo está longe E a tristeza é tão
grande
Ai esta mágoa, ai
este pranto, ai esta dor Dor do amor sozinho,
o amor maior Amiga, noiva, mãe,
irmã, amante Meu amigo está longe E a saudade é tão
grande.
Para finalizar, uma
referência ao próximo acontecimento a que vou estar presente com uma imensa
satisfação; é no próximo sábado, dia 7, pelas 22 horas, no Bar “O Século” , o
lançamento do livro “O Corredor de Fundo”, traduzido pelo João Máximo e editado
pela INDEX ebooks, do João e do Luís Chainho, de um dos mais importantes livros
da literatura LGBT de sempre, “The Front Runner” de Patricia Nell Warren.
Did I disappoint you or let you down?
Should I be feeling guilty or let the judges frown?
‘Cause I saw the end before we’d begun,
Yes I saw you were blinded and I knew I had won.
So I took what’s mine by eternal right.
Took your soul out into the night.
and may be over but it won’t stop there,
I am here for you if you’d only care.
touched my heart you touched my soul.
you changed my life and all my goals.
And love is blind and that I knew when,
My heart was blinded by you.
I’ve kissed your lips and held your head.
Shared your dreams and shared your bed.
I know you well, I know your smell.
I’ve been addicted to you.
Goodbye my lover.
Goodbye my friend.
You have been the one.
You have been the one for me. (bis)
I am a dreamer but when I wake,
You can’t break my spirit – it’s my dreams you take.
And as you move on, remember me,
Remember us and all we used to be
I’ve seen you cry, I’ve seen you smile.
I’ve watched you sleeping for a while.
I’d be the father of your child.
I’d spend a lifetime with you.
I know your fears and you know mine.
We’ve had our doubts but now we’re fine,
And I love you, I swear that’s true.
I cannot live without you.
Goodbye my lover.
Goodbye my friend.
You have been the one.
You have been the one for me. VOLIMTE Déjan! See you soon, my love See you always, in my mind!
It's been seven hours and fifteen days
Since you took your love away
I go out every night and sleep all day
Since you took your love away
Since you've been gone I can do whatever I want
I can see whomever I choose
I can eat my dinner in a fancy restaurant
But nothing I said nothing can take away these blues,
Because nothing compares
Nothing compares to you
It's been so lonely without you here
Like a bird without a song
Nothing can stop these lonely tears from falling
Tell me baby where did I go wrong
I could put my arms around every boy I see
But they'd only remind me of you
I went to the doctor guess what he told me
Guess what he told me
He said girl you better try to have fun
No matter what you do
But he's a fool
'
cause nothing compares
Nothing compares to you
All the flowers that you planted mama
In the backyard
All died when you went away
I know that living with you baby was sometimes hard
But I'm willing to give it another try
Nothing compares
Nothing compares to you
Sim, o Déjan está aqui comigo e vão ser duas semanas de cumplicidades e de ternuras; mas também há coisas a conversar principalmente sobre o seu futuro pois ele está numa fase muito importante da sua vida.
Iremos rever Lisboa, iremos rever e conhecer amigos e iremos dar um salto a Aveiro e a Gaia, voltar a jantar olhando o casario da Ribeira...
Sim, o Amor vale a pena, mesmo quando sofrido, porque..."Nothing compares 2U".
Começou o Festival Queer e devo confessar que não me
agradou muito a ideia de ter como filme de abertura um documentário.
Sala cheia, palavras de circunstância e finalmente o
filme; “Continental”, de Malcolm Ingram
foi o filme escolhido e quando acabou
tive de me render e aplaudir este documentário, que me deu a conhecer factos e
pessoas que desconhecia e que foram influentes, na época (finais da década de
sessenta até meados da década de setenta), dando início a uma era de libertação
sexual e estilos de vida alternativos que, até hoje, nunca foi igualado.
OsContinental
Baths eram uma
sauna gay na cave do Hotel Ansonia emNova
Iorque
inaugurados
em 1968 por Steve Ostrow.
Eram publicitados como uma reminiscência da
"glória da Roma Antiga".O
documentáriomostra o clube, desde o
auge da sua popularidade até ao início da década de 1970
Os Continental Baths tinham uma
pistade dança, um salão de cabaret,salas de sauna, uma piscina e tinham capacidade para 1.000
homens, estando abertas 24 horas por dia.
Um guia gay da década de 1970
descreveu os Continental Baths como um lugar que "revolucionou a cena das
saunas deNova Iorque"
Tinham
um sistema de alerta que avisava os clientes para a chegada da polícia. Havia
também uma clínica para doenças sexualmente transmissíveis, um dispensador de
A200 (um shampoo contra piolhos) nos chuveiros elubrificante KYà venda nas máquina automáticas.
Aliás houve várias rusgas da polícia, com
prisões e que só terminaram (por sugestão da própria polícia), com o pagamento
de avultadas quantias por parte do dono, mostrando como a polícia era corrupta.
Steve Ostrow
Quem teve a ideia de abrir estes Continental
Baths foi um homem extraordinário, chamado Steve Ostrow.
Ele e a sua mulher
meteram mãos à obra e fizeram deste local um dos mais míticos locais gay de
Nova Iorque, como o foram o Stonewall ou o Studio 54.
Ostrow é uma personagem fascinante: casado,
pai de dois filhos, após o nascimento deles a mulher não satisfazia sexualmente
e ela própria viveu uma crise que a levou a tornar-se freira.
Não se contentando em explorar as instalações
apenas como local para sexo, e se havia
sexo naqueles banhos…ele criou principalmente aos fins de semana, espectaculos com diversos artistas, já que ele próprio era
um artista (cantava ópera muito bem). E assim passaram por lá grandes nomes,
entre eles destacando-se uma cantora que ali iniciou a sua carreira – Bette Midler.
Pelas suas performances nos
Baths,Bette Midlerera conhecida por Bathouse Betty. Foi
nos Continental Baths, acompanhada ao piano porBarry Manilow(que, como os clientes, por vezes, se
vestia apenas com uma toalha branca à cintura), que Bette Midler criou a sua
persona de palco, a Divine Miss M.
(a qualidade deste vídeo é bastante deficiente) A frequência era variada, entre
gays e heterossexuais, tornando-se o local um dos mais famosos, onde se podiam
encontrar Andy Wharol, Nureyev, que o utilizava essencialmente para encontros
sexuais, Mick Jargger e tantos outros.
Um dos grandes momentos dos Continental Baths
aconteceu quando Ostrow, convenceu uma das grandes divas da ópera na altura, a soprano Eleanor Steber a actuar
ali tendo sido editado um disco com essa actuação e que é hoje uma raridade.
Nesse famoso concerto as toalhas brancas dos clientes foram substituídas por
toalhas negras.
.Os
banhos Continental perderam muita da sua clientela gay em 1974. A razão para o
declínio foi, como um gay nova iorquino disse: "Acabámos por nos fartar
desses shows tontos e exagerados. Todos esses heterossexuais na nossa sauna
faziam-nos sentir como se fôssemos parte da decoração e que estávamos lá em exposição,
para os divertir."
No final de 1974, o número de
clientes era tão baixo que Steve Ostrow decidiu fechar o salão de cabaré.
Concentrou-se, em vez disso, em ressuscitar o negócio que estava na origem da
sauna. Chegou a fazer publicidade na WBLS, mas sem sucesso. Finalmente, Ostrow
teve que fechar os Continental Barhs de vez. As instalações, contudo, foram
reabertos em 1977 como um clube detroca de casaisheterossexual, chamado Plato's Retreat, que se mudou para a
W. 34th St. em 1980 e foi encerrado por ordem da câmara de Nova Iorque, no auge
da epidemia da Sida.
A Continental foi um fenómeno que
saiu de um mundo pré Sida e que provavelmente nunca iremos experimentar de
novo. Mais do que ser apenas uma sauna e uma “vitrine”, os Banhos eram um lugar
onde as pessoas saíram dos seus armários e se descobriram quem eram. Foi o
primeiro estabelecimento gay para tratar os homossexuais como iguais e não
explorá-los e foi fundamental para rescindir as leis contra a homossexualidade.
Depois do fecho da Continental
Baths, Steve Ostrow foi viver para a Austrália, para Sidney, em 1987 onde
finalmente realizou o seu sonho de ser cantor lírico, tendo tido uma carreira
de sucesso, cantando ópera com as principais companhias de ópera de todo o mundo,
incluindo a New York City Ópera, a San Francisco Ópera, a Ópera de Stuttgart, a
Lyric Ópera de Queensland e a Ópera australiana.
Fundou em 1991 uma organização de
reconhecido mérito. O MAG - Mature
Age Gay Men’s Group.
Só
por uma questão de curiosidade, em 1975 o realizador David Buckley realizou um
filme sobre este local e denominado “Saturday Night at the Baths”.
Esta postagem fala ainda de salas de estreia, mas não das mais
conhecidas, ou das mais centrais.
Devido a algumas delas terem tido um período de duração
curta, e outras terem mesmo sido demolidas (caso dos Alphas), há alguma
dificuldade de obter fotos.
Começo por um cinema criado como resposta a outro. Foi o
caso do cinema Estúdio
que o Império criou lá no último piso, em 1972,com uma
programação cuidada, quase elitista e que tinha a particularidade de quando
ainda não havia a projecção, as cortinas laterais abriam-se e ficava aquela
ampla janela debruçada para a Alameda? Aliás já o referi na primeira postagem.
Pois o Monumental tinha também o seu estúdio, também no
último andar do amplo edifício e que se chamou “Satélite”
e que tanto em
programação como em público rivalizava com o Estúdio do Império. Mas foi criado
um ano antes, em 1971
e antes era um salão de chá.
No Campo Grande, havia o “Caleidoscópio”, com uma curiosa
decoração externa, num pequeno edifício, perto da Biblioteca Nacional, cuja
programação foi de início da responsabilidade do conhecido crítico Lauro
António e onde havia um pequeno bar e uma ou duas lojas.
Hoje é uma dependência
de uma editora e parece que há planos camarários para transformar o local e
outros locais do Campo Grande em espaços úteis quer social, quer culturalmente.
Logo a seguir ao Areeiro, junto às bombas de gasolina que ali
estão situadas, abriu um multiplex de três salas, chamado os “Alphas”; o que é
curioso é eles terem feito sucessivas obras internas transformando as 3 salas
existentes em 5, a mais pequena com apenas 27 lugares e depois uma sexta, com
nove lugares apenas, imagine-se! O edifício foi demolido e é hoje um moderno
prédio de escritórios.
Encostadinho a um dos lados traseiros da Igreja de Fátima,
abriu um cinema pequeno e talvez dos mais feios que Lisboa já teve – o “Berna”.
Ainda resistiu uns anos, mas acabou por se transformar primeiro nos estúdios da
então nova TVI
e hoje é uma dependência da Junta de Freguesia.
Numa transversal da Av. Fontes Pereira de Melo, mesmo em
frente ao Palácio Sotto Mayor havia outro interessante cinema, o “Mundial”, com
uma programação interessante e com duas salas. Deixou de funcionar há anos.
Bem longe, no muito agradável bairro de Campo de Ourique e perto da igreja
do Santo Condestável existiu um cinema de apreciáveis dimensões e de bom porte
arquitectónico – o “Europa”.
Nele vi um filme que jamais esquecerei, e que
passou desapercebido, chamado “O Ídolo”, com uma Jennifer Jones em fim de
carreira, fazendo o papel de uma senhora que se apaixona pelo melhor amigo do
filho, um belo actor (Michael Parks, que fez de Adão no filme "A Bíblia" do John Huston): o que me entusiasmou foi que numa
cena “quente” do filme é posto a rodar no gira-discos uma belíssima música e o
jovem pergunta o nome dessa melodia. Eu que nunca a tinha ouvido fixei o nome
também e no dia seguinte estava na Valentim de Carvalho do Chiado a pedir o “Inferno”
de Vivaldi. Que não, devia ser engano, e seria talvez o “Inverno” desse
compositor que eu quereria – posto o disco a tocar e era esse mesmo; foi-me
então explicado que era um dos quatro andamentos de uma composição musical chamada
“Quatro Estações” e assim trouxe o long play em vez do 45 r.pm.
Devo a minha
imensa paixão por Vivaldi ao cinema Europa, eheheh…Hoje, e depois de ter sido o
estúdio das produções televisivas de Carlos Cruz, é um departamento do IPPAR.
E, num beco, muito perto do viaduto ferroviário da Av.da República
existiu o “7ª.Arte”
onde vi o célebre “Thelma e Louise”. Fechou como quase
todos os outros e hoje é o IMTT, onde vamos fazer fila não para comprar bilhete
mas para pagar multas de trânsito; por cima fica a embaixada de Angola.
Há dois outros cinemas de que encontro referência, mas não
qualquer foto, embora me recorde vagamente deles e até nem eram longe um do
outro: o “Zodíaco”, na Rua Conde Redondo e o “Cine-Bloco”, na Av. Duque de
Loulé.
No próximo post falarei dos variados cinemas que funcionaram
em centros comerciais e hoje desaparecidos.
Ainda que procure uma utilização cautelosa e não abusiva de textos, imagens e sons, poderá haver lugar à utilização indevida de obras objecto de direitos de autor.
Porém, sempre que a legislação o implique, ou seja devidamente informado, de imediato promoverei as correcções necessárias.