sábado, 17 de maio de 2014

Allan Massie

Historiador, jornalista e escritor britânico, nasceu a 19 de outubro de 1938, em Singapura.
Cresceu em Aberdeenshire na Escócia e foi educado na Inglaterra estudando em Glenalmond e no Trinity College, em Cambridge, onde se formou e passou a lecionar História.
Também morou e lecionou durante vários anos na Itália .
Atualmente é resenhista-chefe do The Sotsman, colunista do Daily Telegraph e do Spectator, membro da Real Sociedade de Leitura e juiz do Prémio Man Booker .
Autor prolífico, já publicou mais de 30 livros, incluindo 19 novelas, destacando-se especialmente pela popularidade alcançada por seus romances históricos.
Um grande admirador de Sir Walter Scott Sir e do russo Andrei Makini , Massie mora há 25 anos com sua esposa Allison e seus três filhos na cidade de Selkirk , na fronteira escocesa.
Foi a sua escrita sobre a História, em particular sobre Roma, que mais o celebrizou.
Allan Massie escreveu cinco livros sobre a vida de cinco” imperadores”* romanos: César, António, Augusto, Tibério e Calígula, aqui ordenados por ordem cronológica.
Li todos eles, à excepção do primeiro, que lerei oportunamente.

Gaio Júlio César Germânico - Calígula - é considerado pelos historiadores um dos mais cruéis, sangrentos e autoritários imperadores romanos. Tinha menos de 25 anos quando se tornou imperador, sem nunca ter servido no exército ou assumido um cargo público. Seu reinado foi breve e marcado pela instabilidade mental, com relatos de orgias e devassidão sexual, delírios de loucura e grandeza. Nesta biografia romanceada, o autor questiona a versão da maioria dos historiadores e filósofos a respeito desse personagem símbolo da decadência romana.
"Quis o acaso que tivesse lido em primeiro lugar “Calígula”, e a seguir “Tibério”, o que é curioso pois comecei a ler historicamente, de trás para a frente. Sucede que Massie, naturalmente, ocupa bastante das suas primeiras páginas com os tempos mais recuados do imperador que está a descrever, e portanto já em “Calígula” se falava algo de Tibério, o então imperador reinante; neste livro (“Tibério”), grande parte do livro, quase metade é passado nos tempos do imperador Augusto, seu padrasto, o que me vai levar a que seja a biografia deste último imperador a minha próxima leitura de Massie. E também é curioso que tivesse ido a recordar, após ter acabado de ler este livro, as primeiras páginas de “Calígula”. Eu gosto muito de História e Roma, como a civilização grega, sempre me fascinou; já tinha lido antes livros sobre Adriano (M.Yourcenar) e sobre Juliano (G.Vidal) e começo a ter uma visão muito completa daqueles tempos, e duma forma global, o que me é particularmente grato. Neste livro, Massie dá-nos uma visão muito completa de como era a vida na Roma, imediatamente anterior a Cristo e durante a sua vida terrena (a morte de Cristo aconteceu durante o reinado de Tibério, embora ele nada tivesse a ver com esse acontecimento). É fabulosa a descrição de toda a vida palaciana, com intrigas e acontecimentos sucessivos, sem descurar a parte militar do império e muito interessante a descrição como a vida da família imperial está totalmente nas mãos do imperador, que a modela como bem entende. Massie é um apaixonado pela Roma imperial e eu cada vez estou mais apaixonado pela leitura dos seus livros. Imperdível para quem gosta de História."**
“…mas é de “Augusto” que quero falar, o primeiro imperador romano, já que Júlio César, que o antecedeu no governo romano nunca obteve do Senado o título de “prínceps”, atribuído aos imperadores. Este livro está elaborado em duas partes: o Livro I, que decorre desde o início da actividade pública de Augusto, aos 19 anos e derivada de ser o filho adoptivo de César, seu tio, quando ele morre e que vai até à morte de Marco António e Cleópatra, sendo António o homem que de certa forma com ele construiu os alicerces da paz romana, primeiro em triunvirato com Lépido e depois sozinho com António, numa relação muito conturbada entre ambos, de “amor/ódio” e que os faz extremas a situação a um ponto de conflito. Esta parte lê-se muito bem, é muito descritiva e empolgante e vai num crescendo de interesse. Há depois o Livro II, que nos relata de uma forma mais pausada as memórias de Augusto desde que começou a governar realmente a República, com as referências mais centradas na sua vida familiar, nos amigos e na sua concepção do poder. Não será tão atractiva esta segunda parte do livro, mas para mim é talvez ainda mais importante pois mostra-nos as razões pessoais que levaram Augusto a agir em momentos chave do seu governo e também questionam de certa forma, e por via indirecta a forma demasiado determinada como ele exerceu o poder. O que é um facto é que e ao contrário de António, de grande parte dos seus familiares e principalmente dos seus sucessores, ele morreu com 77 anos, o que na altura era uma muito provecta idade. Massie é um mestre neste tipo de livros, já o havia demonstrado também com “O Rei David”, e é pena que não tenha continuado as biografias dos imperadores depois de Calígula; talvez porque o sucessor deste, Cláudio, já tivesse um livro sobre a sua vida, com grande sucesso, “Eu, Cláudio” de Robert Graves e do qual curiosamente Massie faz questão de se afastar com algumas críticas ao mesmo. Há no entanto um outro livro de Allan Massie, em edição brasileira, que não encontro à venda no nosso país intitulado “Os Herdeiros de Nero”, e que procuro adquirir no país irmão. Mas gostaria muito de ver a forma como Massie trataria dos “reinados” de Cláudio e depois, de Nero. Enfim, “Augusto” é um livro fundamental para quem gosta de História e principalmente, da história apaixonante de Roma. “**
“Allan Massie é cada vez mais um autor imprescindível para quem gosta de pesquisar a vida de Roma desde os tempos de César até Calígula (inclusive). .. …Como já afirmei antes comecei a ler esta obra de trás para a frente, isto é, comecei por ler o livro sobre Calígula, e por mero acaso, tendo depois vindo a seguir um percurso cronologicamente inverso. Depois de ter lido o livro sobre Augusto, que como indiquei na critica que fiz, se desdobra em dois: um primeiro até à morte de Marco António e Cleópatra e um segundo sobre as reflexões do imperador sobre a sua vida, a sua família e o seu percurso até à sua morte, fiquei desde logo com vontade de ler de seguida o livro dedicado a Marco António, “António”, já que a vida dele está muito interligada á de Octaviano (mais tarde Augusto, já como primeiro imperador de Roma). Se tinha visto o percurso de ambos sob o ponte de vista de Octaviano, seria muito interessante ver como descreveria Massie , Marco António, sob o seu próprio ponto de vista. Claro que é fascinante ver as diferenças, e se depois de ler “Augusto”, tinha ficado com uma visão quase sempre muito positiva dele, (apenas na parte segunda do livro, Augusto relembra certas decisões suas que não terão sido muito recomendáveis), depois desta leitura de “António” se fica com uma “fotografia” mais real do grande imperador que terá sido Augusto, mas também do seu lado negativo e que não foi assim tão pequeno… Mas o livro debruça-se é sobre a vida de Marco António, desde a sua juventude ao seu suicídio, passando essencialmente pelo período em que logo após o assassinato de César, tomou em suas mãos, o poder de Roma, primeiro só e depois num triunvirato com Octaviano e Lépido. E também das suas campanhas militares, pois foi um dos maiores generais de Roma, embora com grandes ambições que acabaram por lhe serem nefastas. Nefasta foi também a sua ligação amorosa com Cleópatra, rainha do Egipto, que já havia sido amante de César, e por causa de quem, ele acabou por encontrar a morte. Num ponto os dois livros coincidem: na relação de amor/ódio que sempre houve entre estes dois grandes vultos da história de Roma. Falta-me agora apenas a leitura do primeiro livro, “César”, embora e isso sucede com todos os cinco livros referidos, haja sempre informação sobre as figuras que os antecedem e das que os irão suceder. Por isso já estou na posse de algumas referências fundamentais sobre Júlio César, o que, ao invés e lhe tirar interesse, ainda mais o desperta.“** 

Ainda antes de iniciar a leitura destes livros sobre Roma, tive um primeiro contacto com a obra de Allan Massie, através do seu Livro "O Rei David"
David, rei de Israel, é-nos apresentado neste romance como uma personalidade torturada e fascinante. O mundo de sexo, intriga, conflitos ferozes e obsessão religiosa sugere muitas vezes, não memórias bíblicas, mas alguns dos dramas que ensombram diariamente a terra onde David governou como rei.


Ainda deste autor, e também de cariz histórico li o livro "O Crepúsculo do Mundo"
A acção de "O Crepúsculo do Mundo", o primeiro volume de uma trilogia sobre a Idade Média, decorre durante a época das invasões bárbaras. Marco, o seu protagonista, um jovem nobre romano, é, de acordo com uma lenda, filho do próprio Arcanjo S. Miguel. O romance descreve-nos as suas extraordinárias experiências, em busca de sentido e estabilidade num mundo doravante crepuscular, onde os velhos deuses morreram ou agonizam, mas os seus mistérios atraem ainda muita gente, e onde a nova religião está ameaçada por novos barbarismos.

" Parti para esta leitura um pouco de pé atrás já que o período medieval, a idade das trevas, é a que menos me atrai na história da humanidade. Trata-se do primeiro livro de uma trilogia sobre a Idade Média, centrada num jovem que faz uma aprendizagem da vida numa longa viagem pelos vastos territórios do ainda império romano, já decadente e que o narrador procura fantasiar com variadíssimos episódios nem sempre bem integrados e dos quais o próprio se penitencia. Enfim, um período sombrio da História que encontra numa narrativa também muito cinzenta, o complemento para não me entusiasmar e que só logra as três estrelas pelo muito apreço que nutro pelo autor. Tenho pena de não encontrar os dois livros que se lhe seguem, pois seria interessante saber se Massie consegue sair do novelo em que se envolve neste livro. E o que mais me desagrada é que as referidas “fantasias” utilizadas parecem tão pouco verosímeis que, para quem, como eu, prezo muito o romance histórico, me parece quase blasfemo."**

 O segundo volume da trilogia, entretanto descoberto, é dedicado ao rei que está ligado à lenda dos Cavaleiros da Távola Redonda – “Rei Artur”, o qual vou procurar ler oportunamente.

Uma referência a alguns dos principais outros títulos da vasta bibliografia de Allan Massie: "A Question of Loyalties", "The Ragged Lion", "The Sins of the Father", "Glasgow: Portraits of the City", "The Last Peacock", "Byron’s Travels", "Chalemagne and Roland", "Cold Winter in Bordeaux".

*- Na realidade, imperadores foram apenas os três últimos, pois o título de "Princeps", que significava imperador, apenas foi atribuído pela primeira vez a Augusto. César foi acima de tudo conhecido como "ditador", que na altura demonstrava poder absoluto, sim, mas não tinha a conotação que hoje é dada a esta palavra; e Marco António foi "apenas" quem tomou as rédeas do poder em Roma após o assassinato de Augusto.

** A minha crítica inserida na altura da sua leitura, no site "Goodreads"

22 comentários:

  1. Não tenhas a mais pequena dúvida, João.
    Abraço amigo.

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  2. Belo momento de história :D

    Obrigado pela partilha

    Abraço amigo João

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  3. Amigo Francisco
    acaba por ser antes um bom momento de literatura...pois História é o que está nos livros interessantíssimos deste autor.
    Ou então nos memoráveis posts do nosso comum amigo Mark.
    Abraço amigo.

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  4. Céus, João Carlos, o "programa de leitura" que apresentas é trabalho para uma longa vida! Andas de facto com uma actividade "leitora" frenética, que eu não consigo acompanhar, apesar de não passar um dia sem ler!
    Abraço amigo

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  5. Justine
    resultado de muitos (demasiados) anos de seca literária...
    É quase incrível como depois de uns anos muitíssimo fecundos no final do secundário, eu me desleixei na leitura: primeiro o deslumbre com um mundo novo - a capital e tanta oferta cultural, depois a guerra e depois o trabalho, e aqui também comecei a ler demasiados jornais e revistas que me afastaram dos livros.
    Agora procuro recuperar, mas já não vou a tempo de ler quanto quero...
    Beijinho.

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  6. Ora aí está um tipo de leitura que não costumo fazer... vou passar pela livraria a ver qual deles encontro.

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  7. iLove
    fazes tu muito bem. Se tiveres dificuldade de encontrar os livros eu depois indico-te alguns sites em que poderás eventualmente encontrá-los.
    Abraço amigo.

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  8. só passei a conhecê-lo graças a ti.
    grande e empolgante texto. a tua paixão por este género está bem patente :)
    bjs.

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  9. Margarida
    sim, não dá para camuflar.
    Ainda cá tenho dois para ler: "César" e "Rei Artur" e já pedi ao Edu para ver se me arranja "Os Herdeiros de Nero".
    Beijinho.

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  10. belo post! nunca li nada dele, apesar de há muito conhecer "de nome".

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  11. Miguel
    não é fácil para quem tanto lê e tanta coisa tem para ler, pegar num autor novo, mas às vezes vale a pena, mormente se apreciamos o género de romance histórico, como é o caso de Allan Massie.
    Abraço amigo.

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  12. João,
    Já em tempos tinha comentado contigo a minha admiração por Massie. Adoro história e romance histórico e Massie
    é um dos meus autores preferidos, penso que devo ter todos os seus livros traduzidos para o português. Só lamento que nos últimos tempos não tenha saído nada de novo.
    Já agora, aconselho também um outro autor britânico C.J. Samson. Tem obras maravilhosas sobre a Inglaterra dos Tudor, num ambiente policial. De tal forma, que te sentes a viver na Londres do século XVI, no tempo de Henrique VIII. Recomendo também vivamente. O primeiro livro que li dele chama-se Dissolução.
    Não querendo ser enfadonho, recomendo igualmente, para o período do final da República Romana, início do Império, o norte-americano Steven Saylor.


    Um abraço com amizade

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    1. Lear
      muito obrigado por este teu comentário e pelas dicas que me transmites.
      Vou ver de ambos os autores que referes o que há publicado em português.
      Quanto à obra de AM, pedia-te para me informares se além dos livros que aqui refiro tens mais algum dele, editado em português (claro que também tenho, embora ainda não lido, o "César"). E já agora perguntar se tens ou já leste "Os Herdeiros de Nero"?
      Abraço amigo.

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  13. Tibério, Calígula e Nero são três dos meus imperadores favoritos. Tenho mesmo de adquirir estes livros, mesmo não gostando especialmente de Roma Imperial em si. Gosto mais das individualidades. A Idade Moderna e e a Idade Contemporânea seduzem-me bem mais. Para essas eras, devoro tudo o que encontro.

    um abraço, João.

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  14. Olá Mark
    eu gostei muito do livro sobre Tibério, que me parece ter sido um grande imperador. Já a imagem que tenho de Calígula não é a melhor e o seu "reinado" foi muito curto. Para essa imagem contribuiu um filme péssimo que vi sobre a vida dele, que tinha um elenco muito bom, mas só pretendia mostrar o lado muito negativo da sua vida - sexo e sangue.
    Já sobre Nero ainda nada li, embora saiba que foi um dos mais adorados imperadores romanos; vi há muitos anos o célebre filme "Quo Vadis" em que o grande Peter Ustinov interpretava o papel de um Nero grotesco e meio louco, com a sua perseguição aos cristãos e a sua satisfação de ver Roma a arder por sua ordem...
    Foi pena Massie ter parado em Calígula.
    Mas tenho cá para ler esse fabuloso "Eu, Cláudio" do Robert Graves e depois hei-de conseguir ler algo sobre Nero. Muito gostaria de ler depois "Os herdeiros de Nero", mas só está editado no Brasil...
    Já fiz algumas pesquisas sobre os escritores que o Lear me recomendou e estou muito entusiasmado.
    Abraço amigo.

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  15. João,
    Em relação aos livros do AM vou ver todos os que tenho e depois digo-te. Penso que o primeiro que li foi o David. Quanto aos "Herdeiros de Nero", não tenho nem li. Já está traduzido para português?

    Um abraço com amizade

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    1. Sotnas
      muito obrigado. "Os Herdeiros de Nero" está editado em português, mas numa edição portuguesa.
      Já estive a pesquisar os dois autores que me indicaste e estou deveras interessado.
      Abraço amigo.

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  16. João,
    Os livros que tenho do AM são os seguintes: César, Augusto, António, Tibério (editora Gradiva) e Rei David, Calígula, Rei Artur e o Crepúsculo do Mundo (Editora Ulisseia). O que referes, "Herdeiros de Nero" não li, nem tenho.
    Sabes se está editado em português?

    Um abraço com amizade

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    1. Lear
      são os mesmos que eu tenho, dos quais me faltam ler apenas "César" e "Rei Artur".
      Este último é o segundo volume da trilogia sobre a Idade Média iniciada com "O Crepúsculo do Mundo", mas não sei se ele já escreveu o terceiro volume. Não me parece...
      Já respondi quanto ao "Herdeiros de Nero"
      Abraço amigo.

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  17. Gosto do romance histórico. E houve um momento em que lia muito este género literário. Depois afastei-me, sem razão aparente.

    Muito boa a tua postagem.

    Queria agradecer a tua presença continuada em 'fragmentos' mesmo quando me afasto por tanto tempo. Muito sensibilizada, João.

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  18. G- Souto
    eu ando tão atrasado nos meus comentários...por acaso, em relação a ti, ando em dia.
    Beijinho.

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Evita ser anónimo, para poderes ser "alguém"!!!