quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Cinemas de Lisboa - 9

E estamos a entrar na recta final desta saga sobre os cinemas de Lisboa. Hoje falo dos talvez menos conhecidos e é a última postagem especificamente sobre salas de cinema de Lisboa, já que no próximo post falarei de locais onde já se projectaram filmes, mas não são locais ou salas para esse fim.

O Cine Pátria
situava-se no Beato e foi um dos mais antigos de Lisboa tendo funcionado de 1917 até perto de 1980, tendo posteriormente este espaço servido para diversas actividades, sendo actualmente uma igreja e neste caso o edifício foi restaurado e manteve mais ou menos a traça original.

Mesmo ao lado do Éden, nos Restauradores, existiu outro cinema, o “Restauradores”, também conhecido como o “Galo”
Estas fotos são de 1966.Era um cinema muito popular especializado em filmes de cow-boys, com sessões contínuas das 14 à 24 horas a preços baratíssimos. Fechou em 1968 para dar lugar a uma loja de tapetes
Hoje é uma residencial.

O “Salão Portugal” estava situado na Ajuda
Abriu portas em 1928, tendo sofrido ao longo dos anos várias transformações e até aos anos 50 teve grande popularidade. Apesar disso e da sua fachada e de ter um balcão para as pessoas mais abastadas do bairro nunca deixou de ser um cinema piolho. Fechou em 1977 tendo entrado em ruínas, mas no ano 2000 foi recuperado e é hoje a sede do Comité Olímpico Português

O “Cine Estrela”
situava-se na Charneca do Lumiar, no extremo norte da cidade e é mais um exemplo de um cinema piolho. Teve uma curta duração, de 1968 a 1977 e durante a sua existência nunca viu o asfalto. Hoje lá continua a definhar, embora já em terreno asfaltado.

O “Éden Cinema” (não confundir com o Éden Teatro nos Restauradores)
situava-se em Alcântara.
 Existiu entre 1921 e 1971, tendo sido demolido. Agora no local funciona um restaurante.

O “Cine Texas”
ficava na Charneca e funcionava num barracão de zinco, com lotações esgotadas, fazendo as delícias dos habitantes das Galinheiras e da Ameixoeira. A divulgação das sessões era feita por uma carrinha com um megafone. Teve uma curta existência até encerrar portas no princípio dos anos 80, e havia pancadaria por vezes com intervenção policial e também interrupções das sessões, porque a lâmpada se fundia ou a fita se cortava.


O “Cinema Central” estava instalado no Palácio Foz, nos Restauradores, mesmo ao lado do Elevador da Glória
Foi inaugurado em 1908 e era na altura a sala de cinema mais luxuosa de Lisboa. Em 1958 foi reformado e passou a ser a Cinemateca de Lisboa, antes desta ser transferida para a Rua Barata Salgueiro, em 1980. Actualmente é a Cinemateca Júnior e também é denominada como “Salão Foz”.

O “Cinema Campolide”
existiu n bairro do mesmo nome e começou por chamar-se “Cine Tortoise”
Foi construído em 1925 e encerrou portas em 1977, tendo o edifício sido demolido.

22 comentários:

  1. fantásticos, estes cinemas. de certo modo, são eles que nos garantem que o cinema já foi a mais popular das formas de entretenimento popular. salas de cinema a passar fitas de cobóis em sessões contínuas durante 10 horas diárias!!!

    claro que estas salas são de uma cidade que já não conheci. só me lembro da Cinemateca no palácio Foz, mas nunca frequentei.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Miguel
      uma das salas que me deu mais prazer referir foi o "Cine Texas", que até tem um nome a condizer - fabuloso!
      Abraço amigo.

      Eliminar
  2. Fantástico! Exceptuando o Palácio Foz, não sabia da existência de nenhuma das outras salas de cinema. Este teu roteiro pelos velhos cinemas de Lisboa é completíssimo!!! Parabéns!| :)
    Abraço.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Arrakis
      não tão completo como imaginas pois eu não vou referir os cinemas muito antigos que acabaram há muitos anos.
      As minhas referências apenas reportam salas de cinema do meu tempo e curiosamente recordo-me da grande maioria delas, mesmo de algumas que aqui falo como o "Restauradores" e o "Central" mas este como Cinemateca.
      Aliás foi quando a Cinemateca aqui funcionava que eu frequentava semanalmente a sua Biblioteca, onde lia àvidamente as revistas que não eram cá vendidas, como os "Cahiers du Cinema" ou a inglesa "Films and Filming". E me permitiu fazer amizade com um homem fabuloso, então director da Cinemateca, o Dr. Félix Ribeiro, uma das pessoas a quem o cinema em Portugal mais deve.
      Abraço amigo.

      Eliminar
  3. é um excelente trabalho! parabéns. tiveste que fazer muita pesquisa e nalguns posts questionei-me, pelo facto de existirem fotos actuais, se tu não as tivesses tirado agora.
    bjs.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Margarida
      socorri-me de várias fontes que irei mencionar no último post, pois seria injusto não o fazer; e corri muitos blogs anónimos e claro o Google deu-me acesso a isso tudo.
      Beijinho.

      Eliminar
  4. (fiquei em dúvida se o meu comentário entrou)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Rosa
      entrou sim senhor, pelo que ficaste adorando duplamente.
      Beijinho.

      Eliminar
  5. O que eu aprendo com este canto :)

    Gosto muito, cada vez mais gosto de Lisboa e arredores :)

    ResponderEliminar
  6. Amigo João

    Vi agora esta magnifica colecção de "posts" sobre os cinemas de Lisboa. É um belo trabalho de recolha histórica da vida cultural da nossa capital. Ao ver esta série de fotos, vejo não só a história da minha cidade, mas também o "filme" da história da minha vida.
    Entrei em muitas destas salas, ri-me nelas, comovi-me também, aprendi em quase todas.
    Ao olhar algumas fotos tão antigas e ao perceber quão antigas são também as minhas lembranças pessoais, sinto naturalmente uma imensa nostalgia.
    Uma saudade saudável, confesso, de mim mesmo, dos meus tempos de juventude, mas também uma pena imensa por perceber que o mundo da cultura portuguesa não evolui, não se transforma, é, na maioria dos casos, pura e simplesmente demolido.
    Ia quase sempre sozinho ao cinema e entrei também muitas vezes nestas salas levado pelos meus pais.
    Nos cinemas de reprise, quando eu era criança, passavam sempre dois filmes por sessão, isto para além das chamadas "actualidades francesas" e dos desenhos animados que serviam de introdução a uma tarde inteira passada no cinema. Foi num desses cinemas que vi com o meu pai, pela primeira vez o "Casablanca" e percebi melhor o conceito de Liberdade ao ver aquela magnifica cena da "Marselhesa".
    Nos cinemas de estreia havia apenas o filme e as actualidades francesas... O Império, o Monumental, o São Jorge, o Tivoli e o Condes tinham telas enormes para os filmes de 70mm e as imagens invadiam-nos, tomavam conta de nós, reduziam a nossa dimensão e tornavam o espectáculo em algo de avassalador.
    O Estúdio, o Nimas, o Quarteto e até o Londres eram cinemas que ficavam relativamente perto da casa dos meus pais e marcavam a diferença.
    A alguns fui várias vezes, noutros só terei entrado uma única vez, noutros nunca pus os pés, mas passei por eles e recordo-me das fachadas e dos belos cartazes.
    Caro amigo, com estas postagens deste-me a conhecer muitas coisas, fizeste-me recordar de muitas outras que já estavam num recanto cinzento das minhas memórias. Deste-me um presente magnífico. Muito obrigado! E muitos parabéns por este belo trabalho, que irei continuar a acompanhar.
    Um abraço forte.
    Luís

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Meu bom Amigo Luís
      que bom ler este teu comentário; ele reflecte exactamente a pessoa que tu és.
      Sei como tens conhecimento do imenso drama actual da tua vida e da Força que tens tido para vencer tamanhas adversidades. Só isso me impede de te pedir para reactivares o teu blog, um dos melgores blogs que já apareceu na blogo. Sei que tal é impossível, de momento, mas quando este mau momento passar vou mesmo incentivar o teu regresso pois fazem tanta falta bons blogs como o teu.
      Um forte abraço.

      Eliminar
  7. Tens feito um roteiro histórico muito interessante pelas antigas salas de cinema lisboetas. A mim, particularmente, é bastante útil, pois remetem-me para um tempo que não vivi. :)

    abraço, querido João.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Mark
      é curioso o efeito que estas postagens têm despertado nas pessoas. Num certo grupo, mais perto da minha idade, como é o caso do Luís, anterior comentário, é como um voltar aos velhos tempos da juvntude mum recordar saudoso e nostálgico de um tempo vivido intensamente.
      Noutros casos, como será o teu, de uma geração muito mais nova, é o descobrimento de uma cidade desconhecida, através de uma faceta original - os cinemas da nossa cidade. E também é fascinante...
      Abraço amigo.

      Eliminar
  8. Destes não conheci nem um! Mas fiquei a conhecer agora:))))

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Justine
      é precisamente esse o objectivo destas postagens.
      Beijinho.

      Eliminar
  9. Um trabalho excelente que fica para reviver. Não conhecia tantas salas de cinema em Lisboa.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Luís
      sim.São imensas salas para uma cidade relativamente pequena como Liboa e refiro-me, claro, ao conceito europeu.
      Mas o lisboeta, e não só, o português sempre gostou de ver cinema...
      E um trabalho destes tem sido um prazer para mim, pois sou eu também um amante do cinema.
      Abraço amigo.

      Eliminar
  10. Acreditas que o meu avô paterno explorou o Eden Cinema em Alcantara? Até me chegou as lágrimas aos olhos quando vi a foto. Obrigada João por esta lembrança. Beijinhos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Fernanda
      fico muito satisfeito por saber isso. E compensado por este teu comentário.
      Quando voltas à blogosfera?
      Beijinho.

      Eliminar
    2. Fernanda
      fico muito satisfeito por saber isso. E compensado por este teu comentário.
      Quando voltas à blogosfera?
      Beijinho.

      Eliminar

Evita ser anónimo, para poderes ser "alguém"!!!