sexta-feira, 5 de abril de 2013

Actualização literária

Como já vai sendo hábito, gosto de referir de tempos a tempos, os livros que vou lendo, numa actualização que é também uma espécie de balanço que se faz periodicamente.
 Desde que aqui falei nos livros lidos nos últimos tempos, mais alguns consegui tirar da interminável fila de espera da minha sala.
De três deles já falei em posts especiais: o interessante ensaio de Collin Spencer - “Homossexualidade – Uma história”, do livro de poemas que me deu a descobrir Al Berto – “Horto de Incêndio”, e da recente referência ao magnífico “Correr com Tesouras” de Augusten Burroughs.
Mas mais uma série deles li entretanto, desde “O Caderno de Algoz”
um decepcionante livro de Sandro William Junqueira, que aliás mais do que uma decepção foi uma grande desilusão, até a um surpreendente pequeno livro do desconhecido autor brasileiro Alexandre Ribondi, “Da Vida dos Pássaros”
em que fiquei a conhecer além de uma bela história de amor homossexual, um pouco mais da América do Sul (Perú, Bolívia e Argentina),  uma muito agradável surpresa.
Entretanto li três livros de autores portugueses, bastante diferenciados entre si: um dos poucos livros que ainda não tinha lido de Guilherme de Melo – “A Porta ao lado”
que não acrescenta muito à obra do autor, mas não desilude; estreei-me a ler um escritor consagrado, dos nomes maiores da literatura portuguesa do século XX, Jorge de Sena, com um muito bom livro de contos – “Os Grão-Capitães"
e finalmente dei continuidade à quadrilogia que lançou definitivamente um dos nomes mais recentes da nova leva de escritores lusos, Valter Hugo Mãe; foi o terceiro da série – “O Apocalipse dos Trabalhadores”
e confesso, que sendo um livro bom (penso ser difícil vir a ler um livro menos conseguido deste autor), estará na minha opinião um pouco abaixo dos dois anteriores (“O Nosso Reino” e “Os Remorsos de Baltazar Serapião”); o que me parece de realçar é que são três livros completamente diferenciados entre si e as expectativas sobre o último que me falta ler são muitas, até porque é dos quatro o que mais edições já tem (“A Máquina de Fazer Espanhóis”).
Finalmente dois excelentes livros de dois óptimos escritores: de Michael Cunningham li um muitíssimo interessante “Ao Cair da Noite”
e principalmente fiquei rendido ao livro do já muito lido (por mim) David Leavitt, com o seu soberbo “Enquanto a Inglaterra dorme”
onde o escritor nos mostra uma Inglaterra num período interessante, o final dos anos 30 do século passado, numa dupla incursão na vida homossexual burguesa e no apogeu do comunismo inglês, que levou muitos ingleses a combater ao lado dos republicanos na Guerra Civil Espanhola.

16 comentários:

  1. estou impressionado, que lista! eu, com o Great Expactations e o Quarteto de Alexandria, baixwei o ritmo eheh

    relativamente ao livro do D. Leavitt, acrescento uma notinha. não sei se sabias que esse livro é baseado na vida do Stephen Spender, muito amigo do Auden e do Isherwood, que aparecem no seu livro muito temático, The Temple. O Spender não gostou de se ver assim retratado e pôs um processo em tribunal ao Leavitt, que foi obrigado a retirar partes do texto. infelizmente, porque deviam ser muito interessantes, para terem irritado dessa maneira a bixa convertida do Spender :)

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    1. Miguel
      pronto, esclareceste-me um ponto importante que não percebi completamente quando li o livro do Leavitt. Ele publica um prefácio em forma de entrevista em que ele é o entrevistado e em que fala que este livro foi proíbido por uma acção judicial e que ele o republicou com algumas pequenas alterações devido a essa queixa. Arrasa Spender sem nunca o citar e agora que sei quem interpôs a acção, tudo faz sentido.
      Quanto à lista, ela vai ficar muito mais curta, pois após um decepcionante livreco de um desconhecido actor brasileiro, que acabei já hoje, elegi o próximo livro a ler, curiosamente um dos que tu não teceste muito boas críticas e que é um pesadelo em termos de volume (quase 700 páginas) - "O Filho do Desconhecido" do Hollinghurst.
      Abraço amigo.

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  2. Sobre leituras, tenho a dizer que as minhas andam tão dispersas como a mente (e o coração)- mas ficam sempre as tuas sugestões para um tempo próximo de maior concentração e profundidade! (João, confundiste os "Grãos" com a Areia na menção ao Sena)
    Sobre a belíssima música (e vídeo)do John Grant, estão em "repeat"! Obrigado pela mostra (e escuta)!
    Abraço Grande.

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  3. João
    muito obrigado pela tua atenção à minha confusão, já reparada. Embora ambos muito bons, confundir Jorge de Sena com Jorge Amado é um erro tremendo, e uma injustiça para ambos.
    Tens que pôr em ordem essas "coisas" dispersas, hehehe...
    Poia a música tem muito a ver contigo; e comigo, e com toda a gente que gosta de boa música.
    Abraço amigo.

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  4. uau (para a fantástica escolha musical, JG é espectacular).
    uau 2: bons livros, alguns eu já tinha lido, gostei mais de uns que de outros (o Remorso ficou aquém, mas adorei o Nosso reino, gostei do Filho do desconhecido e do fim assim seco (lá estou a ser desmancha-prazeres, mas o AH termina dessa forma os seus livros, eu acho) e outros gostaria de ler, como os de Jorge de Sena, este e os Sinais de Fogo.
    aproveito a deixa: não me esqueci de fazer um post sobre A sombra dos dias, está a amadurecer em rascunho, :)
    bjs.

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    1. Margarida
      concordo plenamente com o adjectivo do John Grant.
      Tenho a impressão que vais gostar mais do "Apocalipse...", do que dos "Remorsos...".
      "O Filho do desconhecido" acima de tudo assusta-me, mas como adorei "A Biblioteca da Piscina" e sobretudo o "Linha de Beleza", tinha que ler este.
      "Os Sinais de Fogo" está na calha assim como "O Físico Prodigioso"...
      Fico a aguardar com muito interesse o post sobre "A Sombra dos Dias".

      Temos que combinar uma ida ao restaurante do jantar, para combinar a data e a ementa, ok?

      Beijinho.

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  5. Não conheço nenhum dos que aqui partilhaste:)
    Neste momento estou a ler "Os Inocentes" de David Baldacci- espionagem e acção, estou a gostar.

    Bom fim desemana :)

    Bjnhs

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    1. Mz
      só mesmo os chamados "Clássicos" têm, mais ou menos, leitores comuns.
      De resto é tão vasta a oferta que as escolhas terão obrigatoriamente de ser diversificadas.
      Beijinho.

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  6. Artigo muito interessante. Li Enquanto a Inglaterra Dorme e apreciei bastante. Um enorme abraço e registo estes posts de índole mais cultural.

    Luís Galego

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    1. Luís
      é bom ver-te por aqui.
      Sabes desde há muito tempo que a principal característica do meu blog é a diversidade de temas; é isso que o define e sei que há um leque bastante grande de seguidores que gostam mais de coisas mais sérias e outras mais leves.
      Não gosto é de pôr aqui sistemáticamente imagens de homens, pois há sítios que existem para expor esses gostos, como o Pintrest, que é vastíssimo no que concerne a temas (podemos escolher o que quisermos) e aí, sim junto a pastas muito interessantes sob o ponto de vista cultural também me posso dar ao luxo de mostrar as fotos dos corpos que mais me seduzem.
      Quanto ao livro do Leavitt segue a regra das suas obras, que é serem agradáveis a quem os lêem, claro está dentro do tipo que é seu apanágio.
      Abraço amigo.

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  7. mal vejo a hora de terminar a especialidade para começar a devorar a estante que teima em desafiar-me!!!
    Abraço grande
    Miguel

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    1. Miguel
      eu estive estupidamente parado durante anos, devido a ler jornais e revistas.
      Agora pareço o Proust, pois ando à procura do tempo perdido...
      Abraço amigo.

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  8. Brown Eyes (Just a Woman)9 de abril de 2013 às 14:47

    Da minha lista não consigo tirar um único exemplar.É sempre a crescer.

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  9. Mary
    eu embora vá tirando, ponho sempre mais do que tiro...
    Beijinho.

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  10. Que lista eclética! Contemporâneo e "clássico", português e estrangeiro, romance e conto...
    Que bela seleção e que belas sugestões de leitura.
    Tenho descoberto algumas obras e alguns autores com as tuas "Atualizações literárias".

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  11. João
    eu tenho tanta coisa para ler que é quase uma pequena aventura seleccionar o "próximo" livro a ler. Recordo-me do meu período adolescente em que eu lia sem parar, e em que tinha a preocupação de nunca me repetir de imediato, e não falo apenas de autor, falo também de estilo literário.
    É essa mesma preocupação que mantenho agora e assim raras vezes escolhendo um título, há alguns que me aparecem à mão e eu recuso, porque são muito do tipo da leitura anterior. Só que agora, depois deste "monstro" que estou a acabar, impõe-se um livro pequenino, daqueles que se lê a correr e portanto vai ser "O Oficial Prussiano" do D.H.Lawrence e logo a seguir um outro que há tempos ando a adiar e agora vai ser mesmo - o livro do José Luís Peixoto, sobre a sua viagem à Coreia do Norte.
    Depois...sei lá?
    Abraço amigo.

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Evita ser anónimo, para poderes ser "alguém"!!!