segunda-feira, 9 de julho de 2012

Noite de sonho, no Palácio

Sim, noite de sonho no Palácio, e comecemos precisamente por aí, pelo Palácio; estou-me a referir a um dos mais belos palácios portugueses, aqui bem pertinho de mim, a cinco minutos de carro – o Palácio Nacional de Queluz, que emprestou uma das suas mais belas salas, a maravilhosa Sala do Trono, para nela se apresentar uma noite de sonho.
E esse sonho teve a forma de música, uma música sublime, que naquele local, apenas com a luz a incidir sobre o piano, provocava imagens de luz e sombra, com todos aqueles espelhos e os dois magníficos lustres que lhe pendem do tecto.
A música, como já referi o instrumento, foi música para piano, tão intimista como abrangente e teve como executante, talvez o melhor pianista português da actualidade, Artur Pizarro.
Um parêntese para umas breves notas sobre a vida artística deste pianista.
Artur Pizarro nasceu em Lisboa em 1968, e tocou pela primeira vez piano na televisão portuguesa aos 3 anos, tendo-lhe este instrumento musical sido apresentado pela sua avó materna, a pianista Berta da Nóbrega, e pelo seu duo, o pianista Campos Coelho que era aluno de, entre outros, Vianna da Motta. De 1974 a 1990, Pizarro estudou com Sequeira Costa que fora também aluno de Vianna da Motta, Mark Hamburg, Edwin Fischer e Jaques Février. Esta distinta herança faz Artur conhecer a tradição da Idade de Ouro do pianismo e oferece-lhe uma vasta preparação na escola de piano e repertórios franceses e alemães. Após os estudos iniciais em Lisboa, Artur muda-se para Lawrence, Kansas nos EUA e continua a trabalhar com Sequeira Costa que é Professor de Piano na Universidade de Kansas. Artur começou a tocar em público novamente aos 13 anos com um recital no Teatro São Luiz em Lisboa e estreou-se em concerto com a Orquestra da Gulbenkian, mais tarde nesse mesmo ano. Ainda sobre a orientação de Sequeira Costa, Artur Pizarro fica em primeiro lugar no Concurso Vianna da Motta em 1987, no Concurso de Greater Palm Beach Symphony em 1988 e foi também galardoado com o primeiro prémio no Concurso de Leeds International Pianoforte em 1990 e viu assim o início da sua carreira internacional de concertos. Artur Pizarro toca internacionalmente em recitais, música de câmara, e com as orquestras e os maestros mais aclamados.
Em 2005 fundou o “Artur Pizarro Piano Trio” com o violista Raphael Oleg e a violoncelista Josephine Knight. Também tem um duo de piano com Vita Panomariovaite.
Artur Pizarro viveu 21 anos nos EUA e vive há sete na Inglaterra, em Brighton (mas conservando sempre o BI e o passaporte portugueses), um local cuja escolha justifica por “ter encontrado ali a casa de que precisava, o meu ‘cantinho’…e fica perto de Londres e do aeroporto!”. Já a Inglaterra foi uma opção consciente “Londres é o ponto mais central e rico para estabelecer uma carreira. Tem uma vida musical intensíssima, todo o mundo se cruza ali e tem ligações directas para todo o lado.”. Por tudo isso, diz “sinto-me um apátrida, até porque o sítio onde vivo é onde for a minha casa, mais as minhas coisas, e onde tiver a família e os amigos”.

Pois foi com Pizarro e nesta Sala deste Palácio, que se encerrou – com chave de ouro – o Festival de Sintra deste ano.
Artur Pizarro deu-nos na primeira parte Haydn e dois temas de Mozart, para após o intervalo nos deslumbrar com Schubert e Hummel. Perante o entusiasmo da assistência, Pizarro brindou-nos com três magníficas obras do inevitável Chopin.
É de uma destas obras que aqui fica o registo.
Apenas uma referência para o intervalo que levou quase toda a gente ao magnífico Jardim do Palácio, agora e depois das longas obras ainda mais alindado.
Sim, foi uma noite de sonho, no Palacio!

42 comentários:

  1. Olá João
    Obrigado por este pedacinho que quiseste dividir connosco. Maravilhoso.
    Foram magníficos estes minutos.
    Desejo-te uma boa semana

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  2. Gosto muito do palácio de Queluz ;)

    Abraço amigo e boa semana :)

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  3. Que lindo!!

    Não me importava de ter lá estado...
    Beijo*

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  4. ah, João, que noite sublime passaste. nem sabia :(, nunca vi Pizarro ao vivo e gostaria de ter ido. adoro piano!
    sortudo!
    bjs.

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  5. Deve ter sido, de facto, uma noite muito bem passada, boa música num sitio tão especial...

    Abraço.

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  6. bom, meu caro, que inveja! assisti uma vez, já há uns anitos, a um concerto do Artur Pizarro, creio que na Casa da Música, e foi magnífico. calculo que no espaço do Palácio, a coisa ainda há-de ter sido mais deslumbrante.
    há que tempos que não assisto a um concerto, faz-me falta.
    abração

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  7. Foi sublime. Pizarro está a tocar cada vez melhor (como se isso ainda fosse possível).

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  8. Luís
    eu é que fico agradecido pelo vosso acolhimento...
    Abraço amigo.

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  9. Francisco
    também gosto muito deste Palácio e da zona envolvente, com a Pousada D.Maria I, em frente.
    Passo lá muitas vezes, pois fica bem perto de minha casa.
    Abraço amigo.

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  10. iLove...
    também eu tenho de tantas coisas boas a que tu vais, muito mais que eu; tenho que quebrar mais vezes a inércia.
    Abraço amigo.

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  11. Retiro...
    terias adorado, aliás, "vocês" teriam adorado.
    Beijinho.

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  12. Frederico
    além de ser um músico fabuloso, é um homem bonito e é gay, estando casado, desde há uns tempos.
    Abraço amigo.

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  13. Margarida
    nem deu tempo para avisar...
    Já sabia há tempos, mas esqueci-me completamente. Só ontem ao ler o blog do Paulo Almeida lá vi a referência e foi "tiro e queda"...
    Beijinho.

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  14. Arraquis
    aqui mesmo "ao pé da porta" seria criminoso perder este espectáculo.
    Abraço amigo.

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  15. Miguel
    eu também não via um concerto clássico, há séculos...
    Mas foi maravilhoso e penso ele estar muito satisfeito com a sua actuação e com o entusiasmo do público, pois não é vulgar dar três "encores".
    Abraço amigo.

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  16. Paulo
    sim, sublime é a palavra certa.
    Obrigado por me teres recordado através do teu blog deste evento.
    E foi bom reencontrar-te, é óbvio.
    Abraço amigo.

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  17. Um momento sublime que muito gosto teria tido em presenciar.
    Abraço.

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  18. Paulo
    tenho a certeza que terias gostado muito.
    Abraço amigo.

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  19. Eu adoro o Palácio de Queluz. É um dos meus preferidos de todos os exemplares que possuímos em Portugal. Adoraria morar lá. :)

    É um palácio que me diz bastante, uma vez que está directamente relacionado à pessoa de D. Maria I, a minha monarca favorita, que lá viveu já após a sua doença mental. Foi, aliás, construído para aquele que viria a ser o seu marido, o futuro D. Pedro III.

    Adoraria ter desfrutado do génio de tal excelso pianista. De certo terá sido uma noite inesquecível.

    abraço :3

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  20. Mark
    tens toda a razão quanto à beleza do Palácio de Queluz. E a influência do reinado de D.Maria está muito forte como está a de D.Luís no Palácio da Ajuda e a de D.Carlos no Palácio da Pena.
    Cada um com as suas características, mas a beleza dos salões de Queluz é deslumbrante e que dizer dos Jardins?
    Por alguma razão é conhecido como O "Versalhes" português.
    O Concerto, numa palavra: um espanto!
    Abraço amigo.

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  21. Mas que noite!
    E que inveja :/

    Ainda não fui nem uma vez ao Palácio Nacional de Queluz, por isso agora é obrigatório!!!

    Beijos

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  22. Mz
    tens mesmo que ir e agora vale a pena pois os jardins estiveram anos a ser melhorados e agora estão lindos.
    Beijinho.

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  23. Que maravilha, amigo! Eu nao o conhecia e estou apaixonado por sua interpretacao! Que noite de snho! Sintra, o palácio, os jardins, a arte e carisma de Arur Pizarro... Poxa, querio, poderias ter me enviado umas entradas (e a passagem de aviao), né????? :-)

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  24. O Palácio de Queluz é belíssimo; os jardins são lindissimos; e, ainda por cima, soma-se música maravilhosa com um grande aritsta!
    Desculpa lá: INVEJA!!! (mas da boa!)

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  25. Não conheço nem o palácio nem conhecia Artur Pizarro. Fiquei maravilhada com o que contas. Beijinhos

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  26. Ricardo
    comparado com os espectáculos a que tens assistido aí em Viena, ainda estou num enorme déficit em relação a ti.
    Beijo.

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  27. Rosa
    sim, claro que compreendo essa inveja; às vezes é uma questão de sorte em saber das coisas que vão acontecendo; outras, é uma questão de inércia da nossa parte, e olha que estou a falar de mim...
    Beijinho.

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  28. Mary
    que não conheças Pizarro, admito, até porque ele tem feito toda a sua carreira lá fora. Mas não conhecer o Palácio de Queluz é quase um crime de lesa cultura...
    Um dia combinamos, eu sirvo de cicerone, e depois vens aqui jantar a casa, ok?
    Beijinho.

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  29. Era um dos concertos a que gostava de ter ido, mas não estava em Lisboa nesse dia...

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  30. João
    foi duplamente pena, pois foi um concerto fabuloso e porque nos teríamos encontrado.
    Abraço amigo.

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  31. O Palácio de Queluz é a versão portuguesa terrena do paraíso.

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  32. Ribatejano
    ena pá, que entusiasmo; é lindo de verdade, mas imagino o paraíso de outra forma.
    Abraço amigo.

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  33. Francisco
    Acontece; olha que eu passo ao lado de tanta coisa interessante...
    Abraço amigo.

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  34. Acho que só o facto de estar aí dentro desse esplendoroso Palácio faria esquecer qualquer tipo de música!

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  35. Olá, João:
    Nunca visitei o Palácio de Queluz! Ainda não perdi a esperança de o fazer.
    Tudo me fascina nesta tua postagem: a descrição que fazes, com mestria, gosto muito da tua escrita,directa, concisa e, ao mesmo tempo, envolvente. Falas das coisas como se estivesses dentro delas e isso alicia e convence. E também fechaste com a chave de outro. Este Chopin, interpretado por Pizarro é retumbante!
    Beijinhos
    Isabel

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  36. Dylan
    de forma alguma; já visitei o Palácio várias vezes e sempre me deslumbrou, sem ser preciso música. Mas agora, e nunca tinha visto a Sala do Trono à noite, houve uma mais valia que foi a música de Pizarro.
    Tanto o Palácio, só por si, como O virtuosismo de Pizarro, também só por si, já são excelentes.
    Agora conjuga os dois em simultâneo...
    Abraço amigo.

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  37. Isabel
    acho bem que o faças pois vale bem a pena.
    Pões-me babado, e isso não vale...
    Pizarro foi empolgante nas peças do programa, mas Chopin é sempre obrigatório para um pianista, e Pizarro ofereceu-nos três peças dele!!!
    Beijinho.

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  38. Muito bom, além do mais é giro, será nosso amigo João? vou vê-lo a Coimbra dia 20 :)

    bj

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  39. Olá João
    sim, é nosso amigo, mas acima de tudo é um enorme pianista.
    Fazes muito bem em ir vê-lo a Coimbra no dia 20.
    Depois conta como foi...
    Abraço amigo.

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