sexta-feira, 7 de outubro de 2011

"Um Homem Sem Importância"

Ontem, vi um filme de 1994, que me “encheu as medidas”.
Trata-se de “Um Homem Sem Importância” (A Man Of No Importance), de um realizador de que nunca tinha ouvido falar, Suri Krishnamma, especializado mais em séries televisivas e passado no início dos anos sessenta do século passado, em Dublin.
Como se sabe, Dublin foi o berço de um dos maiores vultos da literatura moderna, Óscar Wilde, e este filme é, de uma certa forma, ao longo da sua história, uma homenagem ao grande dramaturgo e homem de letras, que foi Wilde, e até o título tem algo a ver com uma das suas mais conhecidas obras – “A importância de se chamar Ernesto”.
Também é conhecida a outra faceta de Wilde, a sua homossexualidade e toda a tragédia que sobre ele se abateu nos últimos anos de vida.
Neste filme, o protagonista é um revisor de uma carreira de autocarros urbana, numa Dublin, muito conservadora, católica e demasiado pachorrenta. É um homem de meia idade, devotado às letras, principalmente poesia e teatro, tendo OW como grande mentor, e que é um homossexual não assumido, tendo uma paixão platónica pelo condutor do autocarro em que ambos trabalham, um atractivo jovem, a quem chama afectuosamente Bosie, o jovem amante de Wilde.
Com os habituais utentes da carreira onde trabalha, cria laços de amizade e estes, homens e mulheres de meia idade e pouca cultura gostam dos seus poemas e colaboram com ele na montagem de peças de teatro.
O nosso amigo resolve montar uma peça, mais ousada, de Wilde (obviamente), “Salomé”, desafiando assim o meio conservador em que está integrado; encontra numa nova e bonita passageira da carreira a intérprete ideal, pura aos seu olhos e a quem chama princesa.
Mas nem tudo é o que parece, nem tudo é como se quer: devido à descoberta da realidade da vida da sua “princesa” e depois de ver o seu platónico apaixonado beijar uma jovem, o protagonista resolve assumir-se como é realmente e assume a personagem real de Wilde, publicamente e sofre as naturais consequências. Acaba com uma réstia de esperança ao ver o regresso do seu Bosie, para junto de si, e ao ver o apoio dos seus amigos de sempre.
Para desempenhar este papel foi escolhido um dos grandes actores ingleses, Albert Finney, que tem aqui uma interpretação fabulosa, bem acompanhado por outros dois conhecidos nomes: Brenda Fricker e Michael Gambon.
Escolhi apresentar dois vídeos, o trailer e uma cena, para mim, a melhor do filme, em que Finney mostra o extraordinário actor que é, quando recita uma conhecida fala de Óscar Wilde ("love that dare not speak its name").

12 comentários:

  1. Já tinha ouvido falar neste filme, mas nunca vi. O Albert Finney é sempre espectacular. Fiquei com vontade de ver. Vou tratar disso. Vi a cena que escolheste e percebi logo porque te encheu as medidas Joâo... :) Beijinhos

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  2. Eva
    não foi só essa cena, foi o filme em si próprio.
    Há tantos "Alfred Byrne" neste mundo...
    A cena em que ele se apresenta como Óscar Wilde num pub de Londres, também é excelente.
    Beijinho.

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  3. n conhecia. mas se é sugerido por ti deve ser imperdível.

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  4. Eva
    rectifico, é num pub de Dublin!
    Beijinho.

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  5. Sad eyes
    é mesmo imperdível; o difícil é obtê-lo.
    Caso haja interessados,posso tentar descobrir o link que usei (já foi há muito tempo). E apenas consegui legendas em espanhol, e que neste filme são importantes, pois o sotaque irlandês é terrível e por vezes perdemos o diálogo original.
    Abraço amigo.

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  6. António
    pois é, mas aqui "abusa",hehehe...
    Abraço amigo.

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  7. Maria Teresa
    uma dica, se possível, a seguir.
    Beijinho.

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  8. Para quem estiver interessado no filme, o link é este:
    http://www.megaupload.com/?d=NGSU7BD9
    E como a pronúncia irlandesa é muito acentuada e pode dificultar a compreensão, aqui vai o link da legenda, em inglês:
    http://subscene.com/english/A-Man-of-No-Importance-Un-Hombre-Sin-Importancia/subtitle-232058.aspx

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