quarta-feira, 14 de setembro de 2011

"Sunset Boulevard"

Supri, ontem, uma das maiores lacunas que havia no meu mundo do cinema!
Vi pela primeira vez uma das obras primas do cinema, o célebre “Sunset Boulevard” (“O Crepúsculo dos Deuses”). É um filme de 1950, realizado por um dos maiores mestres do cinema americano, que nem foi assim tão profícuo, (realizou apenas 27 filmes durante a sua longa carreira), Billy Wilder; curiosamente, pelo menos para mim, os seus grandes êxitos são todos posteriores a este filme.
É um dos raros filmes de Hollywood que fala de Hollywood, da sua vida cinematográfica, das pessoas que protagonizam os filmes e dos outros, os que ficam na sombra. E é um documento importantíssimo para mostrar o que foi a dura realidade, para vários grandes nomes do cinema mudo, a passagem para o sonoro. Por outro lado, e complementarmente, mostra-nos também o drama do envelhecimento das grandes estrelas, com um natural realce para o sexo feminino.



A protagonista, Norma Desmond é uma famosa actriz do cinema mudo, que se isola na sua mansão, depois do aparecimento do som, não acompanhando essa evolução, e ao mesmo tempo vivendo com um subserviente mordomo, que tinha sido um marido rejeitado, e um dos realizadores que a tinha projectado, e que agora tudo faz para lhe criar a ilusão que continua a ser um ídolo.
Esta mulher, com uma demência nítida, encontra, acidentalmente um argumentista em apuros financeiros e daí a um “entendimento” com benefícios para ambos, as coisas evoluem.
Mas o tempo e a realidade são mais importantes que a ilusão e o drama estala.
Glória Swanson, no papel de Norma Desmond é inexcedível (não entendo como o Óscar foi para Judy Holliday foi nesse ano) e tanto William Holden,  como principalmente o fabuloso Erich von Stroheim, têm interpretações fabulosas. O filme foi candidato a 11 óscares, mas apenas ganhou três (argumento, música original – excepcional, e direcção artística).
O aparecimento de várias pessoas célebres, interpretando-se a si próprias, principalmente o célebre realizador Cecil B. deMille, mas também a temida comentadora Hedda Hooper e o famoso Buster Keaton, entre outros, só valoriza o filme. A cena da ida de Norma aos estúdios da Paramount e o seu encontro com deMille é muito boa.
Mas o melhor está reservado para o fim, para o “grand finale”, uma das cenas antológicas da História do Cinema e que aqui deixo em vídeo.



32 comentários:

  1. Adoro filmes a preto e branco e fiquei com curiosidade para ver este, o problema é que são difíceis de encontrar o último de que vi foi "Rear Window" do Alfred Witchcook- não sei se está bem escrito, mas é um filme lindo!!!
    Obrigado por este momento cultural!!
    Abraço doce e continuação de bons filmes
    Com carinho
    Sairaf

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  2. Este filme tem andado a passar nos canais "Telecine" da TV Cabo.
    Beijinho.

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  3. adoro, como calculas. ainda que prefira o BW naquele registo mais agridoce (adoro o The Apartment, acho que é um dos meus filmes preferidos de sempre), este é uma obra-prima, sem dúvida.
    acho que é um dos mais eficazes filmes de terror: basta olharmos os olhos da Norma como quem se vê ao espelho, para se morrer de medo.

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  4. Miguel
    a capacidade do BW passar do drama puro para esse lado mais lúdico, é notável; vi também recentemente o filme que ele fez logo a seguir a este e que foi "O Grande Carnaval", com o Kirk Douglas - fascinante.
    "O Apartamento" divide com o "Quanto mais quente melhor" as minhas preferências do lado soft de BW.
    Sobre este filme, ainda mais aterrorizador que os olhos de Glória Swanson é a presença de Erich von Stroheim - terror puro!
    Abraço amigo.

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  5. sim, tens razão: o von Stroheim é um verdadeiro Nosferatu :)

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  6. Este final é inesquecível...Assim que comecei a ler este post recordei-o...é mesmo um "crepúsculo" que me arrepia.
    Bjo

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  7. Filme antológico e tão pungente! Inesquecível a cena da escadaria!
    Um dia destes vou revê-lo pela enésima vez:))))))
    Abraço

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  8. Foi um drama para muitos actores do cinema mudo começarem a falar já que a voz não era boa. Vi um comentário sobre o assunto da TV Espanhola. Vou tentar ver o filme na telecine.
    Beijinhos

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  9. Miguel
    arrepiante, mas fabuloso!
    Abração.

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  10. Maria Teresa
    qualquer estudo sobre Cinema, que refira as grandes cenas dos filmes de sempre,tem obrigatoriamente que incluir esta.
    Beijinho.

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  11. Justine
    o que admirar mais? A "loucura" daquela mulher? A total entrega, por amor, de um ser a outro (Max)?
    A precariedade da fama, da beleza e da paixão?
    Admire-se o filme como um todo.
    Beijinho.

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  12. Mary
    os telecines têm ciclos todos os meses sobre clássicos do cinema: este filme foi apresentado juntamente comum outro de Billy Wilde, "O Grande Carnaval" e agora anda um ciclo imperdível de Fritz Lang.
    É por isso que o meu disco está sempre nos limites, tantos filmes eu gravo...
    Beijinho.

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  13. Sérgio
    procura ver, até porque tem uma fotografia (a PB) excelente.
    Abraço amigo.

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  14. Tu sabes que tal como tu, nunca o vi, nunca calhou. Só conheço o final de já o ter visto inúmeras vezes. Vou ver se ainda o apanho nos canais de cinema. Mas gosto bastante de muitos outros filmes dele. Realmente, também tenho de colmatar esta lacuna imperdoável, rrsss Beijinho

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  15. Só tenho 18 anos e é nice ver isto.

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  16. Os filmes a preto e branco e principalmente os mais clássicos, transmitem-nos uma enorme carga emocional e dramática. Este eu ainda não vi por isso não me posso expressar particularmente. Obrigada pela partilha.

    Bjnhs

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  17. Eva
    elementar, minha querida Eva, quase parafraseando o Sherlock...´
    Beijinho.

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  18. Lyn
    há clássicos do cinema que são autênticas obras-primas; este é uma delas!
    Beijinho.

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  19. Mz
    tenta ver; estou certo que não darás o tempo como perdido.
    Beijinho.

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  20. Foi um filme de que gostei sempre muito, principalmente por saber que de algum modo Glória Swanson se interpretava um pouco a si própria e com ela, dava vida a todas as divas do cinema mudo caídas no esquecimento, Erich von Stroheim também o achei fabuloso. Já William Holden.... sempre embirrei um pouco com ele, pois brilhava essencialmente à custa das suas co-protagonistas...! este é um belo filme sobre a vida, o mundo da arte e o envelhecimento, com um texto fantástico e imagens inesquecíveis! Um filme para sempre!

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  21. Luís
    concordo com quase tudo o que dizes; acho que o William Holden, aqui ainda no início da sua carreira, vai muito bem...
    Abraço amigo.

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  22. Quando o vi pela primeira vez reparei curiosamente na escolha rigorosa do estilo de vozes, da postura invicta de cada personagem.

    É um filme a não perder, mesmo.

    P.S.-Experimenta colocar os vídeos em play e não ver a imagem, já o fiz há muito, é um desafio ao cérebro muito, muito bom.

    Beijo. Grande*

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  23. Retiro
    já "ouvi" vídeos, sem ver a imagem, mas apenas, musicais.
    Vou fazer a experiência com outro tipo de vídeos, como sugeres.
    Beijinho.

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  24. Ainda não vi o filme mas se recomendas acredito que seja muito bom. Um abraço

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  25. André
    eu não recomendo; limito-me a seguir o que toda a gente diz e eu corroboro, com grande ênfase: é uma obra prima!
    Abraço amigo.

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  26. tb ainda não o vi. já li mais acima que anda a passar no cabo, por isso quero ver se o apanho um destes fdsemana.

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  27. Sad Eyes
    se eu o vir na programação, aviso-te da data...
    Abraço amigo.

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  28. Pinguim, cá em casa ainda não aderimos à tv cabo:$, eu passo pouco tempo por cá e os meus pais não encontram vantagens em ter, mas em breve isso irá mudar, mas obrigado pela dica.
    Abraço doce
    Sairaf

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  29. Sairaf
    de qualquer maneira, se tiveres oportunidade de conseguir ver o filme, vais ficar deslumbrada.
    Beijinho.

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  30. "Crepúsculo dos Deuses" é realmente um MUST!!!!!! Fico FELICÍSSIMO de te-lo encontrado... uma maravilha de cinema, nao é???

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  31. Ricardo
    como poderia estar em desacordo contigo,perante um facto tão evidente?
    Um beijo.

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Evita ser anónimo, para poderes ser "alguém"!!!