segunda-feira, 9 de agosto de 2010

"O Império" ou a importância do "quarto poder"

Acabei de ler o terceiro livro seguido de Gore Vidal. Embora permaneça no romance histórico (há quem o considere o maior romancista histórico vivo), Vidal, desta vez localiza temporalmente a sua obra no virar do século XIX para o XX, e situa-a nos Estados Unidos da América, mais propriamente em Washington, capital do país e onde através de figuras públicas importantes, como os presidentes William McKinley e Theodore Roosevelt, o magnata da Imprensa William Randolph Hearst e outras menos conhecidas como o Secretário de Estado John Hay, o pensador Henry Adams e o escritor Henry James, misturadas com personagens de ficção, se mostra como foi o início da “construção” do grande Império norte-americano, afinal tão curiosamente fundamentado, na altura, numa política colonialista, o que partindo de uma ex-colónia inglesa, não deixa de ser interessante.
“O Império” recria de forma brilhante uma época cheia de possibilidades e promessas, um período que viria a ser recordado como a Idade de Ouro da América. Tudo se desenrola nos palcos da política e do jornalismo numa América de transição. E, enquanto o país luta para definir o seu destino, a bela e ambiciosa Caroline Sanford luta para afirmar a sua própria personalidade: ela é, afinal, a encarnação desta jovem e complexa nação. Dos escritórios do seu jornal em Washington, Caroline impulsiona-se para o meio político da capital e enfrenta os dois homens que ameaçam cercear a sua ambição: William R. Hearst (de quem se afirma ser o modelo de “Citizen Kane” de Orson Welles), por quem Caroline sente simultaneamente curiosidade e repulsa, e o incrivelmente ambicioso Blaise Sanford, seu meio-irmão e protegido de Hearst.
Os corredores do poder, principalmente depois do assassinato do presidente McKinley e a chegada ao poder de Teddy Roosevelt, um dos mais carismáticos presidentes que os EUA já tiveram (não confundir com Francklin Roosevelt, presidente durante a II GG), são perfeitamente dissecados e aqui se mostra o imenso poder da Imprensa na ascenção e queda de políticos; na altura apenas a imprensa escrita, mas hoje alargada às televisões e outros meios, não é por acaso que é conhecida como o “Quarto Poder” e na própria América, mais recentemente isso ficou provado, com a exoneração de Nixon, no caso Watergate, provocado por jornalistas do “Washington Post”.
E nós por cá, à nossa reduzida escala, é claro, também temos, e cada vez mais, a poderosa influência desse quarto poder na política; se por um lado, a Televisão Pública, faz, COMO SEMPRE FEZ, o favor de ir agradando ao poder , vemos hoje um ataque nunca visto, principalmente por parte de dois dos mais conhecidos jornais portugueses, “O Público” e “O Sol” e por parte da TVI a um político no poder, procurando denegri-lo da forma mais baixa, independentemente dos erros da sua governação. O famigerado caso Freeport é das maiores nojeiras existentes não só no nosso país, mas até mesmo internacionalmente, uma novela que estes dois jornais vêm alimentando, e que parte de uma denúncia “anónima” fabricada por colaboradores próximos de Santana Lopes e de personalidades ligadas ao CDS. Depois de anos e anos de “trabalho” com o caso juridicamente encerrado, vem agora a suspeição, para sempre, de fraudes sobre impossibilidades processuais POR FALTA DE TEMPO!!!!
Pode ser que um dia Gore Vidal se resolva a escrever um livro sobre a política portuguesa dos últimos anos; estou certo que muita “porcaria” viria ao de cima.


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19 comentários:

  1. Andas mesmo encantado com este autor, tenho que o "conhecer" não gosto de ficar para trás:):):)
    Abracinho

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  2. Maria Teresa
    quando era bastante mais jovem comprei alguns livros de Gore Vidal, para ler mais tarde, mas sem saber bem quais as suas principais obras; apenas sabia ser um escritor homossexual e muito conhecido na altura.
    Curiosamente nenhum dos três livros lidos até agora foca absolutamente nada sobre a homossexualidade, mas sim a História e em épocas tão distintas como o século V AC, o século III DC e agora o virar do ano 1900. E estou deslumbrado...
    Tive sorte, mas agora quero mais, e depois de ler os dois que ainda tenho na estante, irei à procura de outros que entretanto pesquisei, sobretudo no que respeita à América do século XX.
    E claro estou deliciado com o que tenho aprendido.
    Beijinho.

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  3. Essa interessante obra levanta questões inquietantes que mantêm a sua actualidade...
    Gore Vidal é um crítico da sociedade americana em todos os aspectos.
    Tenho de ler esse livro!

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  4. Já tinha reparado que tem um gosto especial por romances históricos. E essa última parte foi muito bem comparada com o nosso estado actual. É a caça ao homem pura e simplesmente. Olhe pinguim, um dia ainda o culpam pela crise mundial.

    bj

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  5. Maldonado
    e por aquilo que li, a vida política americana naquele tempo não era um mar de rosas; estava-se num período de auge republicano e Gore Vidal é, como se sabe um convicto democrata.
    Outra coisa curiosa é que no começo do século XX, McKinley foi já o terceiro presidente a ser assassinado; não sei se estou enganado, mas depois disso apenas Kennedy o foi, embora tentativas tivesse havido algumas.
    A luta pela posse de Cuba e das Filipinas como estados americanos é um imenso sinal de neo-colonialismo, à custa da antiga potência colonial, a Espanha e também se procedia á estranha forma de alargar o território, através da compra de estados: realmente a América é um país estranho...
    abraço grande.

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  6. MZ
    Sócrates já foi acusado de tudo; só lhe faltava essa...
    Beijinho.

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  7. andas-me a aguçar o apetite, com as tuas leituras do GV. fiquei muito curioso para saber o papel do Henry James neste livro, até porque, como sabes, tenho andado às voltas com ele.
    abração

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  8. A trama parece ser bastante interessante, sim senhor! Não conheço nada de Gore Vidal, mas por norma faço exactamente o mesmo que tu, quando gosto de um autor, leio tudo dele até à exaustão. Um dia ainda vou dedicar-me ao Gore Vidal ;D

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  9. Miguel
    não te quero de forma alguma criar uma falsa ilusão quanto a esse ponto.
    Henry James é uma personagem relativamente secundária nesta obra, que foca essencialmente a política e James não era um político, mas pertencia a um grupo de americanos daquele tempo, que caracterizava bastante bem uma certa sociedade, embora GV seja algo critico, nas entrelinhas, para a demasiada ausência de Henry James, no contexto dessas mesma sociedade, como que um americano "exilado" na Europa e que retornava a casa de tempos a tempos.
    Mas o conhecimento da obra de Gore Vidal é muito importante, acredita.
    abraço grande.

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  10. Meldevespas
    assim o espero; gostaria imenso de encontrar por aqui alguém que já tivesse lido o livro, para debater certas ideias.
    Beijinho.

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  11. Amiable brief and this enter helped me alot in my college assignement. Say thank you you as your information.

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  12. Este comentário foi removido pelo autor.

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  13. Vou comprar para ler na semana de Férias de Setembro que me resta.

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  14. Sôfrego
    e tenho a certeza que não te vais arrepender se gostares deste tipo de livros, é claro...
    depois diz alguma coisa.
    Abraço e continuação de boas férias.

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  15. LOL Quem diria, João Carlos. Até o Sócrates foi apanhado pelos paparazi este verão a ler Vidal. Lê tudo, tudinho o que apanhares dele. Ah e qto aos livros em que ele escreve abertamente sobre a homossexualidade, "A Cidade e o Pilar", bem, não tenhas pressa em ler, pois não é grande coisa. Agora todo o ciclo de que Império faz parte, esse sim vale a pena. Há anos, encontrava-se todinho na Fnac.

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  16. Manuel
    claro que já estou informado sobre esses livros e irei adquiri-los: ainda tenho mais dois livros dele aqui em casa que vou ler primeiro, mas depois serão esses.
    Pode-se dizer que fiquei fã do Gore Vidal.
    Abraço grande.

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  17. bem, ficaste mesmo fã do Vidal, hein! ainda estou para o descobrir.,,

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  18. Paulo
    em absoluto; e quero ler toda a sua obra. Até agora tenho adorado cada livro.
    Abraço amigo.

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