sexta-feira, 24 de julho de 2009

Surpresa e Satisfação


Foi com alguma surpresa e muita satisfação que li aqui o desafio que Miguel Vale de Almeida resolveu aceitar, ao estar incluído, e num lugar de destaque, nas listas do PS ao Parlamento, por Lisboa, como independente.

Este facto tem várias leituras: pela primeira vez estará na AR um deputado assumidamente homossexual, e mais que isso, defensor desde sempre das causas LGBT; o facto de MVA estar na lista do PS é um sinal inequívoco das intenções de legislar sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo, pois caso contrário, nunca MVA teria aceite este desafio; é uma inteligente manobra política para retirar votos ao BE, até aqui o único partido com assento na AR que defendeu convictamente esses casamentos.

Fico agora a aguardar os argumentos da população LGBT deste país que se negava a votar PS por não acreditar que essas propostas fossem mesmo para a frente.

Ao Miguel um enorme abraço de parabéns e mais uma vez demonstra que não é só com palavras, mas com acções, que as coisas se mudam.

Todo o meu apoio.

54 comentários:

  1. hmmm...esperemos que não seja mais que uma jogada politica

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  2. Amigo JCCoelho
    claro que também é uma jogada política, e hábil; mas um facto que ultrapassa a suposição, é que vai haver uma voz homossexual na AR e não vai para lá para estar calado...
    Abração.

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  3. Sempre uma boa coisa, tomara que ele consiga trabalhar por vocês. Mas vem cá... BONITÃO ele, hein? Bem melhor que o nosso Clodovil, blergh!! :-)

    Ah, sonhei com você hoje! Juro que foi "do nada". Mas o teor do sonho é verdadeiramente proibido para senhores casados e/ou namorando firme.

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  4. Olá Edu
    Estou certo que vai fazer um excelente trabalho e claro que é bonitão, mas isso não interessa...
    Fiquei curioso em saber mais do sonho; não queres contar, num mail para mim? Prometo responder à letra...
    Abração.

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  5. Lamento, mas não será essa "manifestação" de intenção que me fará votar nesse sentido...

    Torço por vós que se batem nesse sentido, apenas por vocês, e não por um qualquer partido...

    Beijo e sorte :)

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  6. Natacha
    claro que estás numa posição diferente e o nome de MVA não alterará em nada a tua maneira de ver as coisas; mas para quem tem uma orientação sexual diferente, faz a sua diferença, e para mim, mesmo muita.
    Beijinho.

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  7. Tem o meu apoio também mas apenas desta forma, uma vez que não voto em Lisboa.
    Mas como é óbvio é sempre bastnate positivo o PS mostrar abertura e não se ficar apenas pelas intenções.
    E é importante que, todas as pessoas em geral e os LGBT em particular, não se esqueçam destas atitudes daqui a uns meses.
    hug :)

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  8. Também esperemos que não caia em saco roto, mas também não se pode perder a esperança. Por muita que eu não tenha ás vezes é bom ouvir estas notícias.

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  9. Nós sempre tivemos dúvidas em votar PS para a próxima legislatura, especialmente tendo em conta o chumbo dos projectos de casamento que já este ano passaram pela Assembleia da República. Mas com as iniciativas que vamos observando, e esta em especial, acreditamos que o voto no PS é a escolha adequada.
    O Miguel também tem todo o nosso apoio!

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  10. Para mim não foi surpresa.
    O texto que ele escreveu e que tu deste destaque aqui no blog, tinha "água no bico".
    A não mudar a orientação do PS, o grau de liberdade para os deputados do PS defenderem os seus pontos de vista, foi muito bem identificado pelas palavras de Matilde Sousa Franco ao recusar voltar a ser deputada independente nas listas do PS.

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  11. É essencialmente com acções que as coisas se mudam!!

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  12. Olá Ruy
    é pena realmente que só agora se vejam sinais evidentes de uma mudança de política nas questões LGBT; mas, vale mais tarde que nunca...
    O PS foi roubar um trunfo precioso ao BE nestas questões; daí o desagrado dos bloquistas.
    Abraço amigo.

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  13. Ricardo
    é das melhores notícias que tenho ouvido em política, nos últimos tempos; por aquilo que conheço de MVA, ele só aceitaria este lugar com garantias absolutas do PS sobre este assunto; já antevejo o duelo verbal com a oposição de direita, quando este assunto for debatido na AR.
    É preciso é que a Manuela não ganhe e a direita não tenha maioria...porra!!!!
    Abração.

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  14. Caro Luís
    a leitura que se pode fazer deste caso, é que foi uma oportuna medida do PS: conquista votos na população LGBT, pelo aval concedido por MVA e rouba algum espaço ao BE, que sobre este assunto tinha quase o monopólio dos votos dos homossexuais.
    MVA será uma voz muito importante no Parlamento, estou certo disso.
    Abraço grande para vocês.

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  15. Caro Tong
    a inclusão de Matilde Sousa Franco nas listas do PS foi um erro político, pois tratou-se quase de uma homenagem ao seu falecido marido e também um piscar de olhos aos católicos; mas MSF nunca se sentiu à vontade dentro do grupo parlamentar e a sua não inclusão este ano é um facto absolutamente normal.
    Quem não aceita nada bem este facto de MVA se candidatar nas listas do PS é o Bloco, pois MVA era um trunfo precioso para Louçã e agora está "no outro lado" (os partidos é que não deveriam estar em lados tão diferentes, mas enfim...)
    Abraço grande.

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  16. Olá Justine
    exactamente, e esta é uma acção, quer se queira, quer não...
    Beijinho.

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  17. Já sabes que vou votar PS há já muito tempo, só espero que possamos derrubar este espectro que vejo no horizonte...
    E tb quero dizer que adoro esta musica...

    Sabes que não sou crente mas... Deus queira que o PSD não ganhe...

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  18. Caro Swear
    sei sim , como tu sabes o mesmo de mim.
    Mas claro que me congratulo quando encontro razões acrescidas para justeza do meu voto.
    Sei que nem todos pensam como eu e é fácil demais atacar quem está na mó de baixo; aceito as diferenças de opinião, mas não compreendo as intolerâncias e as falhas de explicação para determinadas opções políticas que se tomam a não ser ideologicamente.
    Abraço grande.

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  19. Parece que o panorama nacional está a mudar, como se diz "de baguinho a baguinho enche a galinha o papinho".
    Abraço

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  20. Amigo A...
    este não é um baguinho, é um bago razoavelmente grande e que prenuncia importantes mudanças no panorama dos homossexuais e lésbicas portugueses.
    Abraço amigo.

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  21. finalmente alguém com "eles" no sitio sentado naquelas cadeiras...foi uma boa manobra política do PS, contudo, sou contra maiorias absolutas parlamentares, o meu voto irá po BE :-)na mesma.

    (migo tou de fériaaaaaaaaaasssssss!! :-D )

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  22. Olá Emanuel
    boas férias, primeiro que tudo!
    O PS, se ganhar as eleições, como espero, nunca terá maioria absoluta, e sinceramente não a desejo; daí ser preferível jogar no seguro, pois é a contar com os votos no BE que a Manuela está a fazer contas...
    Abração.

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  23. Eu também fiquei surpreendido com essa grande novidade. Porém, tenho as minhas reservas, pois, apesar de ser independente, MVA ideologicamente está a biliões de anos-luz do PS.
    Só o tempo dirá se foi uma boa jogada política da sua parte.

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  24. Olá Maldonado
    obrigado pela tua visita.
    Concordo inteiramente que o MVA está longe de ser um apoiante a 100% do PS e tem tomado posições públicas evidentes disso; todavia, a contestação também pode ser feita dentro do próprio partido, embora ele seja independente.
    A mim parece-me um "negócio" pontual entre o Governo, que assim retira espaço de manobra ao BE e MVA, que assim obtém garantias do PS em relação às questões LGBT, de que sempre foi defensor e activista.
    O lucro deste negócio estará para se ver, mas quero crer que haja mesmo lucro e principalmente para a população LGBT, que, e isso é um facto concreto, terá pela primeira vez, uma voz na AR.
    Abraço.

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  25. hmmm...continuo na minha...acho que é uma tentativa desesperada de angariar votos....no fundo vai ficar tudo na mesma...espero estar errado, mas acho que é um passo demasiado grande...

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  26. Foi uma inteligente jogada política do PS e, devo dizer que confio plenamente no MVA. Se votasse em Lisboa, votaria PS, sem hesitar. Será uma voz firme e oportuna e, claro que estará muito mais bem posicionado do que se estivesse no BE. A ver vamos...
    Beijinh@s

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  27. Caro JJCoelho
    Tentativa de angariar votos, será; mas desesperada acho demasiado, até porque tirando os ferrenhos "laranjas" poucos acreditarão que o PS perca as eleições; o problema são aqueles que querendo evitar a maioria absoluta (que o PS não terá, estou certo)votam noutros partidos ainda como punição...
    Quanto a considerares ser um passo gigante, não concordo. Ter um deputado ex-bloquista, como independente, e defensor dos direitos LGBT, sendo ele próprio homossexual assumido, só é um grande passo para nós, comunidade GLBT.
    Ãbraço amigo.

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  28. Olá S.M.
    Concordo com tudo o que dizes, apenas com uma observação: o MVA, pelo lugar em que concorre, em Liboa, tem sempre a sua eleição garantida, pelo que o voto no PS em Lisboa ou em qualquer outro distrito é um voto no PS e não no MVA; claro que para que as causas que ele irá defender na AR, é necessário, não só que ele seja eleito, e isso é um dado adquirido, mas que o PS vença as eleições, e para isso é preciso o voto em Lisboa ou em qualquer outra parte.
    Beijinhos.

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  29. Querido Pinguim ! Sempre optimista!
    Espero que a realidade dura não cai em cima de quem depositou tantas esperanças. Pelo que conheço do M.V.A. ele não é pessoa de fazer fretes a partidos, portanto terá ponderado bem em que condições iria fazer parte da lista. No entanto as promessas são uma coisa e a prática das máquinas partidárias é outra.
    Ele vai ter dificuldades, porque os independentes nunca são bem vistos e raramente têm a palavra no Parlamento.
    Mesmo com um deputado, a luta tem que continuar cá fora e o Eng Sócrates para ganhar as eleições tem que conquistar novamente a confiança dos portugueses, e isso é que vai ser difícil.
    Um grande abraço
    Nocturna

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  30. Amiga Nocturna
    boa e serena análise da situação, minha Amiga.
    Beijinho e bom domingo.

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  31. sim, é de facto uma excelente notícia e agora compreendo muito bem os porquês do texto que tu próprio aqui citaste! vamos ver como corre. a campanha e o resto.

    abraço!

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  32. Paulo
    exactamente, não é o estender de uma passadeira, é todo um caminho a trilhar...
    Mas que o Miguel vai estar na AR é um facto concreto e muito ansiado.
    Abraço amigo.

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  33. Como homossexual liberal e de direita (como tal é possível? sendo, meu amigo), espero a chegada de um Pym Fortyum à política nacional para dar pulos de alegria. Agora a mudança de MVA do Berloque para os Xuxasnalista, longo bocejo!

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  34. CR/52

    Não são boas notícias.

    1) Para a democracia;
    2) Para o Drº Vale Almeida;
    3) Para o Movimento pela Igualdade;


    ( apesar de qualquer cidadão ter o direito de intervir da forma mais assertiva na vida política. Mas, por isso, não está inume a críticas)

    Porquê?

    O PS foi nestes 4 anos e meio, o partido da arrogância, da falta de diálogo, do posso-quero-e-mando.

    O Drº Vale Almeida, vai “validar” esta política, vindo de uma “zona” mais à esquerda para servir de “muleta” ao PS.

    Estou num grupo de pressão ( no sentido que expormos e levamos as nossas propostas no exercício de um direito cívico e não “debaixo de mesas”, entenda-se) que levou à AR, as suas ideias e posições. Pedimos audiências e…
    o PS, nem respondeu. Fomos recebidos na Comissão da especialidade, por pressão dos 4 da oposição. Conseguimos ( os vários tentáculos do Grupo e a cooperação com todas as forças interessadas no assunto ) que a proposta do Governo fosse rejeitada pela comissão, com a abstenção do PS.
    De repente o PS, fez um golpe de estado, e reintroduziu a proposta de novo na comissão sem votação. Insistimos nas audiências e de novo só a oposição (toda) aceitou. No Plenário o PS, ganhou mesmo com 4 dos seus a votarem contra. Faltou-nos convencer a Drª Matilde e o Manuel Alegre a terem continuado no Plenário e a votarem contra, o que daria 115-115 e não os 117-113 ( há um acordo que os ausentes votam a favor, na maioria das vezes).
    Estava em causa a aplicação de uma Lei de Bases que o PS conseguiu aprovar por unanimidade e que , no caso concreto, ignorou para satisfação de interesses inconfessáveis.


    Será este o cenário que o Dr Vale Almeida irá enfrentar.


    Quantas vezes vai sair do hemiciclo para não votar contra as propostas do PS?

    Como ignora que o PS chumbou a proposta de Lei nesta legislatura?

    Não estava no programa? E quantas Leis o PS aprovou sozinho que não estavam no Programa eleitoral?

    Como vai o Drº Vale Almeida votar quando estiver em causa o código do trabalho, o código contributivo, a avaliação dos professores, ou tantas leis fundamentais?

    Respeitar a “disciplina”? E para fazer aprovar uma Lei ( poderá demorar 4 anos a ser apresentada) fazer fretes ao governo ou à coligação?

    Como sairá o movimento pela igualdade deste processo?
    ( Já começou a correr a “boca” juncosa que o PS já têm um novo negócio do “queijo”- e não saiu dos bloquistas –, desprestigiante para o Drº Vale Almeida e para o movimento pela Igualdade)

    O BE, não é prejudicado com a perda desta “apoio”, apesar de no seu seio a corrente PSR ( a corrente UDP nunca tomou posição) ter desde o inicio dos anos 80, esta bandeira política ( Grupo de Trabalho homossexual).

    Eu próprio numa das audiências deste mês, “cobrei” ao BE, a obrigação de intervenção deles noutras áreas para além da legalização das leves e do casamento do mesmo sexo. E nesta perspectiva o BE até fica a ganhar.



    Que trazia água no bico aquele apoio ao António, trazia!



    Um Abraço



    CR/52
    CARLOS

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  35. Manuel
    para quê um Pym Fortyum? Não estamos na Holanda, mas também aqui há skins...
    Cada um tem o direito de optar pelas suas ideologias e contra isso nada tenho a dizer.
    Abração.

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  36. Olá Carlos
    agradeço-te o teu comentário, como sempre esclarecido e conciso, mesmo quando não esteja totalmente de acordo com ele.
    Claro que a tarefa dentro do grupo parlamentar do PS não irá ser fácil, mas acho-o suficientemente lúcido para ter ponderado tudo isso.
    Não quero entrar em pormenores de situações ou de nomes, mas não se poderá olhar esta escolha "dupla" como uma modificação de certas políticas do PS, não tanto no plano económico, onde encetou políticas, com as quais podes não concordar, mas que são as melhores para combater a crise, mas sim noutros planos, com realce para o plano social?
    E o badalado caso do casamento entre homossexuais é apenas um caso mais na defesa de direitos LGBT. E a arrogância que foi um facto, não existirá mais, pois Sócrates é ambicioso e sabe que por aí não irá a lado nenhum, de novo...
    MVA e o seu projecto não penso que venham a sofrer erosão com esta opção; os seus projectos terão sempre mais eficácia num PS, que quer queiram, quer não tem vocação governativa, ao invés de um simpático BE apenas interessado numa ideologia nada prática, diria mesmo utópica no seu todo. E o BE acusou e muito, esta deserção de MVA, pois foi um trunfo valioso numa das suas causas preferidas: os direitos dos LGBT.
    Amigos como sempre.
    Abraço grande.

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  37. A muitos amigos que aqui expressaram as suas dúvidas e a sua oposição à inclusão de MVA nas listas do PS, como independente, aqui deixo, uma defesa do próprio:
    "Como era de esperar, começaram a chover os mails e os comentários (no meu correio e no meu blog pessoal) com ódio e insultos. Tudo bem. Tudo bem, não fosse o que eles revelam sobre o mal-estar da democracia em Portugal. Há dois temas que atravessam esses mails e comentários: o tema da "coerência" e o tema do "tacho". Em ambos os casos a acusação é de crime moral: "perdeu a coerência", "vendeu-se por um tacho". Nestes anos todos de comentário e intervenção política não me lembro de ter usado a coerência e o tacho como argumentos. Há mais gente assim. E, pelos vistos, outra gente que não. Talvez tenhamos aqui um divisor de águas - e ele não separa a direita da esquerda, mas sim a lucidez da paranoia, a seriedade da arruaça.

    A primeira vontade é de responder a esses mails e comentários com argumentos racionais. Começar, por exemplo, por explicar factos: entrei para o Bloco em 1998 através da Política XXI, o seu sector mais moderado. Dentro do Bloco assumi sempre as minhas dúvidas em relação a posições que via como mais extremadas (uma vez disse uma frase irónica que ficou conhecida: "sou da ala direita do Bloco, o que não significa de todo não ser de esquerda"). Há 3 anos atrás saí do Bloco, por razões sobretudo relacionadas com a vontade de intervir sem os limites que naturalmente pertencer a um partido acarreta. E estes 3 anos sem ligação partidária permitiram-me pensar sobre política e intervir sobre questões sociais com liberdade acrescida.

    Nestes 3 anos critiquei ferozmente o PS em várias circunstâncias (dois exemplos: a reforma universitária e o casamento entre pessoas do mesmo sexo). Critiquei atitudes, discursos, políticas, sobretudo em torno da universidade ou em torno das questões LGBT e outras. (Como critiquei - mas essas críticas esquecem-nas os citadores compulsivos - os pressupostos, crenças e tiques de muito pensamento e acção da esquerda à esquerda da social-democracia). Mantenho essas críticas, como se mantem o contexto em que foram feitas. Fi-las por achar que o PS deve ser mais explicitamente de esquerda e rever os erros da terceira via e da cedência a uma suposta inevitabilidade neo-liberal no mundo de hoje. Fiz essas críticas ao mesmo tempo que fui afirmando a minha opção política por uma social-democracia a sério e o meu desejo de que a ruptura histórica entre a área do PS e a área do BE fosse (seja) ultrapassada graças ao contributo daqueles e daquelas que se revêm numa esquerda social-democrata. Continuarei a fazer críticas com estes pressupostos.

    Mas muitas pessoas, e às vezes jornalistas, parecem ter congelado no tempo: há quem pense que transitei directamente do BE para o PS. Duplamente falso, não só por ter saído do BE há 3 anos, como por entrar nas listas do PS como independente. Entra aqui o "argumento" do "tacho". Valerá a pena responder dizendo que, no meu caso pessoal, poder vir a ser deputado não constitui tacho nenhum? Duvido. Ou que não tenho qualquer intenção de um dia assumir cargos executivos, mas sim vontade de participar no Parlamento e contribuir um pouquinho que seja para a sua abertura à "sociedade civil"? Duvido que isto seja ouvido. Ou que acho que o grupo parlamentar do PS, na sua pluralidade e contradições (com sensibilidades ideológicas diferentes, comportamentos éticos diferentes, retóricas diferentes) é um espaço vasto onde julgo poder intervir e influenciar e não um pacote monolítico? Duvido também. Ou que um deputado, e sobretudo um independente, é um indivíduo e que age (pode agir; e deve agir) como tal e representando a cidadania e não somente um partido? Uma vez mais duvido.
    (continua...)

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  38. ..Mails e comentários e colunas de opinião baseados numa ideia a-histórica e descontextualizada de "coerência", ou na demagogia populista do "tacho" precisam, para se aguentarem, de pensar o mundo e as pessoas em caixinhas herméticas. É verdade que às vezes a realidade parece confirmar os piores receios - e tal acontece mais, como seria de esperar (pela proximidade ao poder), nos partidos da governação. Essa realidade pode e deve ser tranformada, nomeadamente com a nossa participação na política, para que ela não fique nas mãos apenas dos jogos de interesse. Mas quando aqueles receios são aplicados em automático a tudo o que de novo surja (como o foi a minha candidatura) revelam uma triste, muito triste visão das pessoas e do mundo."

    Abraço a todos.

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  39. Triste, muito triste a posição das pessoas que partem para o insulto, sempre que alguém toma uma posição, que não compreendem ou com a qual não concordam .
    Ter dúvidas se M.V.A., irá ter espaço dentro do Parlamento é uma coisa, mas duvidar da sua integridade e do quanto se se vai esforçar , é um absurdo.
    Daqui o meu abraço solidário e a certeza de que nunca alinharei em insultos nem em injustiças.
    Nocturna

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  40. Olá Nocturna
    essa é a posição de pessoas decentes, minha amiga.
    Obrigado pela tua adenda.
    Beijinho.

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  41. Acompanho com alguma assiduidade o blog "Os tempos que correm" e tenho as maiores das considerações pelo Miguel Vale de Almeida, mas fico triste por o ver nas listas do PS. No entanto, e a bem dos lisboetas, oxalá faça a diferença numa classe política que tanto nos tem desiludido.

    Amigo, desculpa não ter aparecido nos últimos tempos, mas o trabalho é aglutinador e pouco sobra para os amigos da blogosfera.
    Um beijo grande e aquele abraço

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  42. Querida Blue
    vai, com certeza, fazer a diferença, pois o Miguel é uma pessoa que não muda e têm que o aceitar como ele é...
    Minha amiga, vens quando podes, como é lógico, embora seja sempre um prazer ter-te por aqui.
    Beijinho.


    E o nosso Benfica? Será desta?

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  43. Lamento o cepticismo, mas creio que isto é um «paliativo» face aos projectos mais polémicos que foram chumbados nesta legislatura.

    E depois, sendo independente, pode sempre votar contra ou abster-se em assuntos que exijam disciplina de voto, como é o caso dos casamentos homossexuais.

    Resultado: continuará tudo na mesma, mas com uma voz de protesto ao melhor estilo de Manuel Alegre. Isto em ambos os cenários: quer o PS ganhe ou não.

    Estou muito céptico,reconheço...

    Abraço!

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  44. Caro "meu blog"
    o teu cepticismo até pode ser encarado com alguma naturalidade, em virtude dos acontecimentos passados, mas não vamos a julgar os acontecimentos por antecipação: "wait and see..."
    Abraço amigo.

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  45. Qualquer cidadao é livre de aceitar todo os desafios que entender por bem aceitar, mais para mais quando esses desafios são ao serviço de uma causa em que se acredita e pela qual se luta com empenhamento.
    Entendo, contudo, que MVA está com um enorme problema. Ser deputado da Nação não é apenas ter uma bandeira, querer servir uma única causa e uma única ideia.
    MVA afunilou a sua candidatura a deputado e, mais uma vez, um gay foi colocado do lado marginal, neste caso, do hemiciculo. Isto é:
    Colaram de tal forma a luta pelos direitos dos homosexuais a MVA que não lhe restou espaço para mais nada, não se lhe conhece mais ideias, mais valores, mais projectos. Até agora a única bandeira que vai servir será a dos gays, o que é manifestamente pouco para um deputado.
    Faz-me lembrar qualquer coisa deste genéro: dava jeito ao PS ter um gay de serviço e MVA está disponivel a fazer esse papel.
    Pouco, nada e sem grande futuro.
    A luta pelos direitos dos homosexuais é uma luta de todos e não apenas destes.
    Afunilamos o debate, pois colocamos gays a falar de problemas de gays e não sairemos da cepa torta.
    Ao contrário de muitos não vejo que o mandato de MVA possa trazer as mudanças por que tantos esperam...
    Tiago

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  46. Olá Tiago
    obrigado pelo teu comentário, que levanta uma questão importante; até que ponto o que afirmas pode ou não verificar-se?
    Claro que nos habituámos a ver e ouvir MVA como um defensor e activista da causa GLBT, mas ele não se esgota aí, pois tem emitido opiniões sobre outros variadíssimos assuntos.
    Não me parece que seja "apenas" a causa GLBT que leve MVA a aceitar o desafio a que se propõe.
    Veremos...
    Abraço.

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  47. CR/52
    CARLOS

    “O casamento entre pessoas do mesmo sexo” será um avanço civilizacional para a nossa sociedade, como será para outras, o fim da excisão ou da lapidação, entre muitas outras.

    “A mesma água, não passa duas vezes debaixo da mesma ponte.”

    Nesta legislatura a Xª, estavam criadas condições, para que este avanço civilizacional tivesse sido dado. Existia uma ampla maioria política ( PS-PC-BE) capaz de fazer aprovar a Lei, com votos dentro do PSD a compensar os votos contra dentro do PS.

    Irá repetir-se este cenário?

    Francamente acho que não, meu caro.
    Repara:
    Cenário 1: O PS tem nova maioria absoluta (improvável);
    Cenário 2: O PS faz um acordo de incidência parlamentar com o BE – seria interessante, ver esta causa incluída como moeda de troca, entre muitas outras – ou com o PC (ambos inatingíveis);
    Cenário 3: O PS faz acordo de governo com o PSD (ou o PSD com o PS, depende de quem for 1º) ou com o CDS (qualquer um deles como cenário mais provável).

    O que vai acontecer a esta causa no Cenário 3? O PS não vai poder apoiar qualquer projecto de Lei, neste sentido, porque isso resultará como condição "sine qua non" para um governo de coligação funcionar.

    Lamentará ao Drº Vale Almeida mas nada poderá fazer.
    E neste caso a realidade nua e crua o PS, ao rejeitar a proposta de Lei nesta legislatura, fez um feio jogo de cintura, usou um falso argumento que não estava no programa, para poder usar uma causa “de reserva”, e fazer face ao desgaste da sua governação.

    Uma história recente que serve de fábula:
    “A mesma água, não passa duas vezes debaixo da mesma ponte.”

    Tive, durante dois anos uma “causa social”, propondo aos meus colegas a necessidade de aclaramos determinados artigos de uma Lei. Fiz mesmo um projecto de alteração.

    No dia em que soube que o PP ia mexer naquela Lei – sem contudo tocar na nossa causa – enviei-lhe a nossa proposta, bem como ao BE, PC, PSD ( quando é Governo o PS não ouve a sociedade).

    Resultado: O PP copiou-a integralmente para a sua. E as nossas alterações foram votadas por unanimidade.

    Moral da história: Nem a água passa duas vezes debaixo da mesma ponte, nem devemos ( eu não tenho) ter complexos em cooperar, até com um partido que toma muitas posições xenófobas, mas que curiosamente até é um defensor implacável de alguns dos direitos dos cidadãos.
    Ora, na minha modesta opinião, este convite ao Drº Vale Almeida, vem fora de tempo e, muito provavelmente, não terá efeitos práticos na XIª legislatura.


    Mas como nem esta causa é património do BE, nem do Drº Vale Almeida (graças a deus, duplo) as escolhas, sendo conscientes e livres, que se façam.


    Quem irá ser “comido politicamente” o PS ou o Drº Vale Almeida?

    O tira-teimas só será visível daqui a 4 anos no fim da legislatura, ou mais cedo quem sabe.

    Um Abraço

    CARLOS

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  48. Ai J. estava algo relutante em comentar este teu post, pois apesar de entender a tua motivação não estou de acordo com a conclusão; por políticas assumidamente erradas deste governo PS estamos na situação em que estamos.
    Eu que votei PS nas últimas legislativas (voto de que me arrependo amargamente ... se arrependimento matasse eu seria cadáver desde há muito) não penso mais, durante o tempo que me resta de vida, cometer o mesmo erro, e espero conseguir levar comigo alguma da coorte de pessoas que me rodeia e a quem quero bem, a fazer o mesmo.
    Os erros foram muitos e crassos para que desculpe um partido ter assumido as atitudes que assumiu e ter tomado para si a arrogância de quem tinha a maioria, mas não a vontade dos que o elegeram. Louvo a frontalidade da atitude de MVA e a tua tomada de posição que é meritória e compreensível, mas não vou por esse caminho.
    Grande abraço e um bem hajas
    Manel

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  49. Olá Carlos
    este meu texto tem pelo menos um mérito e grande: trouxe a esta caixa comentários muitíssimo interessantes e válidos, que enriqueceram e de que forma este assunto, como é o caso deste teu texto.
    Confessada que foi, desde o início, a minha satisfação pela atitude de MVA e a minha declaração de voto no PS, que já estava tomada e que a candidatura de MVA apenas reforçou, vejo-me na ingrata posição de dar uma resposta a cada um dos comentadores (é hábito desde o início, neste blog); e como confesso humildemente que não tenho bagagem suficiente para certos argumentos, concordando ou discordando deles, pelo menos para manter a "conversa" a níveis altos, imagina a minha atrapalhação.
    Daí não ir rebater a tua brilhante argumentação, da qual concordo com certas coisa e discordo de outras, vou ficar-me pela tentativa de resposta à tua pergunta final: e se nem o PS nem MVA forem comidos? Afinal, em política as coisas são tão volúveis que "quase" a mesma água passa debaixo das mesmas pontes...
    Como dizes bem, daqui a 4 anos, ou antes (o Cavaco é imprevisivel) logo veremos.
    Abraço e um grande obrigado pela tua contribuição.

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  50. Meu caro Manuel
    sempre ouvi dizer que em política e religião nada se pode discutir e tudo se pode conversar; assim sendo, não percebo a tua relutância de exprimir ideias diferentes das minhas, ainda por cima, da forma elevada que é tua norma.
    Não vou, como é lógico, fazer a defesa da "minha dama", pois já o fiz variadas vezes e de variadas formas; cada um terá as suas razões subjectivas para exercer o seu direito de voto conforme a sua consciência o ditar.
    Daqui por poucas semanas, decerto muito mais se falará sobre o assunto, que mais não seja com o tipicamente português rescaldo eleitoral de que todos ganharam...
    Algo que eu ganhei e não perco, de forma alguma, com esta nossa divergência, é a amizade que já nos une.
    Abraço grande.

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  51. Apenas jogada política para captar os muitíssimos votos dos gays, bis e afins.
    Como a política é e está cada vez mais suja e não olha a meios para atingir os fins?
    E depois tem assim a publicidade grátis e balofa e idiota de blogs...
    Que nojo! Abram os olhos. De boas intençôes...

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  52. Olá Fernando
    estás muito extremista; claro que também é uma jogada, mas a política faz-se de jogadas, ou não?
    Mas, e o facto de haver no Parlamento uma voz abalizada das minorias GLBT não conta para nada?
    Acho que se está a ver este assunto de uma maneira demasiado política, em detrimento de ser um passo deveras importante para a comunidade GLBT...
    Abraço amigo.

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  53. Olá João

    Já sabes a minha posição, que nada tem a ver com o Miguel Vale de Almeida ou qualquer outro. O PS até podia convidar o Obama que a minha opinião não se modificaria. Eu para votar num partido preciso de respeitar os políticos como pessoas e neste caso o nível do meu respeito nunca desceu tão baixo.

    Isto para mim é penoso, porque ao mesmo tempo não quero lá ver aquela senhora, mas dou a volta, ao fim e ao cabo é importante haver outras vozes fortes de esquerda no parlamento para puxar por medidas que de outro modo ficariam no esquecimento. Estou perfeitamente convencida de que este PS só age por calculismo e que se lhe convier fazer cair as promessas com que agora acena, o faz num segundo.

    Enfim, vamos ver. Um beijinho para ti e que o MVA tenha mais sorte do que outros independentes que se juntaram ao PS.

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  54. Olá Mar_maria
    respeito, é evidente, a tua opinião embora discordando dela; mas não podemos estar sempre do mesmo lado do barco, senão lá ia ele ao fundo...
    Quando há elevação nos argumentos, as conversas fluem, e nunca há discussões.
    Beijinho.

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