sexta-feira, 6 de março de 2009

A borboleta


Foi numa sauna já desaparecida desta Lisboa que o vi. Era lindo,sedutor, diferente. A sauna estava cheia, a fauna habitual, que ao ver "sangue novo", se excita e se prepara para atacar a presa. O homem, trintão, ar estrangeirado, ia deambulando pelos espaços, e um bando de vampiros o seguia, sequioso. Deixei-me ficar, observando a cena, mas tão excitado como os demais. Alguns minutos mais tarde, o homem, visivelmente agastado, dirigiu-se ao sítio dos cacifos, para se vestir e sair. Fui mais rápido, agi prontamente e saí primeiro. Não o esperei cá fora; uma estranha intuição me dizia que seria de uma companhia de aviação, e provavelmente estaria hospedado no Sheraton (intuição de puta, dirão...). Para lá me dirigi e não tive que esperar muito tempo para ver parar um táxi que o trazia. Sorri-lhe, sorriu-me, entrámos, subimos ao seu quarto sem uma palavra e pude ver tatuada na sua nádega direita uma pequeníssima e bela borboleta. Não sei do que mais gostei, se da borboleta, se do seu habitat. Era manhã, quando deixei a borboleta voar.

Escrevi este pequeno conto para participar num interessante concurso de histórias, sob o tema “Blind Date”, que há tempos o blog “Uma imensa minoria” promoveu e que teve um sucesso muito razoável.

 

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52 comentários:

  1. Delícia de conto. Um dia escrevo a versão sob ponto de vista "dele", hehe... :-)

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  2. Afinal, sempre voou! ;)
    Bom Fim de Semana!

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  3. Ez
    um pouco devido a ti, como imaginas...
    Mas foi à censura prévia do Déjan, que aprovou, sem reservas, claro!
    Bom fim de semana.

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  4. Conto caliente e emocionante...quente e doce...Borboleta voa e pousa!!!!
    Um beijo

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  5. Free soul
    digamos que é um conto softcore...
    Beijito.

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  6. Não, amigo Sócrates, já cresci tudo o que tinha a crescer...
    Abraço grande.

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  7. Quando comecei a lei, a cena parecia-me tão real como acontecida comigo/contigo. Boa, Pinguim.

    Abraço grande! (Até já)

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  8. Bonito pequeno conto...
    O conto é um género literário que sempre me agradou muito, pelo que às vezes também gosto de exercitar. E, pinguim, nunca digas que já cresceste tudo porque crescemos sempre mais um pouco cada dia ;)
    Beijinhos

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  9. que belo naco de prosa, caro Pinguim. a servir de antídoto para a minha desinspiração.
    abração

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  10. Gostei...sinceramente gostei...embora não tenha percebido, mas isso também não interessa não é?
    Abraço! :)

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  11. Confesso...sou um soturno e romantico...lol
    um blind date tem muito que se lhe diga....sou pro-blind dates acho giríssimo, mas nada a ver com o contexto :-D

    numa observação mais "literária" está uma literatura bem light (o que ñ quer dizer que seja mau, tb sou pro-literatura light:-D )

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  12. Violeta
    depende do ponto de vista; eu, modéstia à parte também acho...
    Beijinhos.

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  13. Ophiu
    e teria acontecido (contigo/comigo)???
    Abração.

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  14. S.M.
    no sentido em que empreguei a palavra, talvez tenhas razão...
    Beijito.

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  15. Miguel
    tu desinspirado?
    Não acredito...
    Abraço amigo.

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  16. A...
    diz-me lá o que não percebeste que eu explico teoricamente, é claro...eheheheh.
    Abraço.

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  17. Ima
    de uma forma muito generalista até se pode ver esta história como um "blind date"...
    E eu também prefiro uma história light do que tudo "preto no branco"; assim damos asas à imaginação de como "é que se poderia ter passado".
    Abração.

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  18. Sandrinha
    é melhor dizer "giro" para diferenciar do vulgar giro, pois vai bastante além disso...
    Beijinho.

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  19. Por mais saunas que assombrem o meu imaginário e por mais que queira fazer das palavras um transporte seguro para que seja levado nas asas duma borboleta, hoje senti-me preso pela minhas palavras. É melhor fechar a gaveta do dia de hoje senão o que era uma borboleta torne-se-á num insecto e isso basta esperar pelo mata moscas.

    Que chegue um novo dia.

    *Hugs n' smiles*
    Carlos

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  20. Carlos
    já vi que algo não te correu bem hoje, mas amanhã é outro dia, como bem dizes; e uma borboleta quer esvoaçando, quer tatuada numa pele sensível, nunca se poderá transformar num insecto: está noutro patamar, como tu estás em relação a determinadas situações...
    Abraço muito amigo.

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  21. Adorei a forma como está escrito e o lado soft dá-lhe uma caracteristica misteriosa e sedutora.
    Abraços

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  22. Alex
    sabes, a questão do soft é realmente importante; é como numa praia ver um corpo quase desnudado, mas não nú, que é mais saboroso, pois dá-nos a possibilidade de sonhar com o pouco que está resguardado...é sonhar um pouco...
    Abraço.

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  23. Ai seu malandro !!!!!!

    Obrigado pelas simpáticas palavras lá no meu sítio.

    Abraços

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  24. o conto, ainda eu em versão minimalista, é um género que muito me interessa. E muito interessante foi este que aqui nos ofereces.

    um abraço

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  25. Estava a ficar entusiasmado com o conto. Achei-o engraçado mas a determinada altura parece que tudo se segue muito rapidamente até ao desenlace.

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  26. Luís
    ao pé de ti, sou um humilde aprendiz de feiticeiro...
    Abraço amigo.

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  27. Popelina
    o trintão estrangeirado? Quer-me parecer que sim, que seria lindo de morrer...
    Beijinho.

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  28. Amigo Brama
    querias "desenvolvimentos"? Para isso terás que comprar o livro; e vale a pena, pois até fotos tem...
    Abraço amigo.

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  29. Pinguim,
    Tu és um poeta !
    Consegues com o teu pequeno conto, tocar-nos profundamente e encontrar afinidades com casos que a vida já nos colocou à frente.
    Um grande abraço e sê feliz
    Nocturna

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  30. Nocturna
    há uma coisa que dizes no teu comentário com a qual concordo: a poesia não tem obrigatoriamente que conter rima para ser poesia...
    O resto...são amabilidades!
    Beijinho.

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  31. Adoro! Simples, bonito e absorvente! :)

    Beijinhos

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  32. Bonito como tudo aquilo que tu escreves. Tens uma escrita fluente, madura, despreconceituosa. Gosto, amigo, Pinguim. Bem-hajas!
    O "A Ver o Mar" regressará em breve. Com nome de mar. Sempre! É meu!

    Beijinhos

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  33. Martinha
    que bom que tenhas gostado...
    Beijinho.

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  34. Catavento
    que boas notícias o vento me traz aqui...
    Quanto à escrita, concordo que é despreconceituosa...
    Beijinhos.

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  35. Divertido, bonito, descontraido. Gostei. Abraço

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  36. Caro X
    às vezes acontece saírem histórias assim; há dias...
    Abraços.

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  37. Elegante manuseamento das palavras, Pinguim. Excelente exercício de criatividade:))

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  38. Lindo conto, parabéns, como sempre adorei vir aqui ver as novidades, um garnde abraço e uma óptima semana.
    Bruno Cardona

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  39. Justine
    obrigado pelo teu amável comentário.
    Uma boa semana para ti.
    Beijito.

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  40. Amigo Bruno
    obrigado pelas tuas palavras; também me agradam as tuas obras.
    Na Páscoa vou aí ver a família; seria interessante conhecer-te.
    Abraço amigo.

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  41. Obrigado pelo teu conto.
    Prima por ser directo e pela simplicidade, sem subterfúgios!
    Creio mesmo ser ficção, pois o pouquíssimo, mas mesmo pouquíssimo que te conheço (e estou aqui a entrar em campo escorregadio devido à minha ignorância e presunção) não sei se serias capaz de tal ... hehehehe, mas que apetece fazê-lo, apetece!
    Eu, infelizmente (tenho alguma inveja de uma certa coragem, dita "sensual"), também nunca seria capaz de o fazer, ainda que adivinhasse que a criatura iria a caminho deste ou daquele hotel.
    Abraço, e é bom ler-te neste campo
    Manel

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  42. Manel
    obrigado pela tua avalizada opinião sobre este meu conto; ficção ou realidade, onde termina uma e começa a outra?
    Abraço amigo.

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  43. Simples e muito bonito. Sobretudo o final. Gostei bastante de ler.

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  44. Graduated
    é um final que diz tudo, mesmo o que lá não está.
    Abração.

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  45. Eu conheço outras borboletas mas daquelas + comuns xD

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  46. Natcho
    quem não conhece?
    Mas essas voam e há quem não corra atrás delas...
    A que eu refiro estava ali, bem quietinha, mesmo à espera de uma festa; já imaginaste fazer festinhas numa borboleta????
    Abração.

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Evita ser anónimo, para poderes ser "alguém"!!!