segunda-feira, 29 de outubro de 2007

De "Narciso" a "Masculine"


Desde que começou a sair a revista “Time Out”, já por três vezes utilizei sugestões que aí encontrei, não para os filmes de estreia, peças de teatro nos palcos mais conhecidos, concertos há muito anunciados ou exposições nos sítios do costume; apenas referências pequenas, difíceis de encontrar noutros locais.

Assim, fui ver a exposição “Zoolywood”, que aqui referi em recente post; mas antes disso fui a um espaço que desconhecia em absoluto, num 1º.andar em frente ao Conservatório, ao Bairro Alto, e que tem o curioso nome de “Bomba Suicida”, onde há espectáculos alternativos, e onde assisti a uma peça de bailado, “Narciso”, com coreografia e interpretação de Filipe Viegas, sendo o palco uma pista de dança quase vazia, apenas com um dançarino, na sua tentativa de agradar, de conquistar tudo e todos; o público segue-o através dos seus passos de dança, e ele avança para uma exposição mais erótica ou porno provocadora. O exibicionismo, que vai entre o degradante, o íntimo ou o enternecedor é uma última tentativa de captar o desejo/amor do público, que o vê expor-se. Talvez até à alma. “Narciso” é uma peça sobre a solidão. Infelizmente já não está em exibição.

Esta tarde foi a vez de ir ao Teatro Maria Matos, assistir a um “bailado”, coreografado por Paulo Ribeiro, nome que não necessita apresentação no panorama da dança em Portugal.

Um quarteto de intérpretes masculinos protagonizam “Masculine”, uma peça intensa, quase febril, capaz de levar fàcilmente o público ao riso ou às lágrimas e que gira à volta do que aproxima esses intérpretes da “pessoa” de Fernando Pessoa.

Miguel Borges, Peter Michael Dietz, Romeu Runa e Romulus Neagu são os intérpretes de um espectáculo, com um ritmo avassalador, e que não encaixa bem, numa só nomenclatura, pois sendo essencialmente dança ( e que bem dançam os quatro intérpretes), tem também teatro, pantomina e tem...Fernando Pessoa, em todos os seus “eus”.

Termina com uma admirável sequência de sobreposição de corpos ao som do “Bolero” de Ravel, onde não falta alguma erotização. Enfim, um espectàculo imperdível, mas que, não entendo bem porquê, esteve apenas em cena, sábado à noite e domingo à tarde.

6 comentários:

  1. Tu andas muito "turista", rsrsrsrs. Além de achar muito bem que escolhas coisas menos mainstream, também acho que - pelo que li - o que é bom acaba depressa (mas não será isso também um sinal de vitalidade?!)

    Sabes que, nem de propósito, ontem, pela noite, quando fui tomar um chá de Marrocos ao Rosa Escura (Rua da Picaria), passei por um alfarrabista na esquina da mesma com a Rua da Conceição que tinha em exposição a colorida colecção toda dos cadernos D. Quixote por 60 euros. De quem é que me lembrei, de quem foi? ;))

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  2. Sempre com boas dicas a Time Out. O primeiro não conhecia mas já tinha ouvido falar do "Masculine". O problema é que são muitos eventos e o tempo é escasso.
    Um abraço

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  3. Caro João Manuel
    a oferta é muita e a disposição ( e o dinheiro...) às vezes não é muita, mas estou a "mexer" um pouco mais, o que é bom.
    Quanto ao que contas do alfarrabista aí fica a dica para quem quiser adquirir essa "preciosidade", ois está ali parte da história dos finais dos anos 60 e começo dos 70 e o preço é uma "pechincha"; que rica prenda de Natal para algumas pessoas.
    Isto é que se chama partilhar.
    Abraço amigo.

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  4. Tens toda a razão amigo Paulo
    ainda bem que actualmente, pelo menos aqui em Lisboa, já se põe o problema de optar; não é sem tempo...
    Abraço.

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  5. Parece que V. Exa saíu da letargia a que pensava estar votado nos últimos tempos e está a (re)descobrir o mundo das artes. Um homem interessante como és, muito mais vais ficar com estes pequenos e grandes apontamentos de arte que vão acontecendo por Lisboa.

    Um abraço e um obrigado pela dica do filme que vai hoje passar pelo canal "Arte"; canal infelizmente banido da TV Cabo.

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  6. Amigo Luís
    é incrível como as coisas são; dei-te a dica do filme e mais a uma meia dúzia de amigos, e eu acabei por não ver nem gravá-lo, pois estive com uma avaria aqui na zona que me deixou grande parte da noite sem netcabo e sem internet...
    O que vale é que tenho uma cópia do filme em dvx.
    Abraço.

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