domingo, 23 de setembro de 2007

Queer Lisboa Festival 11 (análise final)



Terminou o Festival Queer Lisboa 11, que durante uma semana decorreu no cinema S.Jorge.

Em termos de balanço, e claro está, com as lacunas normais de não ter visto muitos dos filmes, (e apesar de tudo, muitos consegui ver), devo concluir que o saldo é positivo, embora com alguns considerandos.

Este festival ganhou já uma importância real, não só no panorama cinematográfico nacional, pois há um aumento significativo de filmes apresentados, de público a assistir, e com júris equilibrados, que fazem com que o evento, passe a ser mais um acontecimento cultural da cidade do que uma simples mostra de filmes GLBT, exclusivamente para o público GLBT; mas também porque é um festival que começa a ter um nome importante nos muitos festivais do género que vai havendo em grandes cidades , pela presença de filmes a concurso absolutamente recentes, e pelo sempre crescente números de convidados estrangeiros aqui presentes.

Claro que não é fácil montar um festival destes e só a conjugação de muitas boas vontades entre os organizadores e diversas organizações públicas e privadas o permitem; não é de admirar algumas falhas na programação, pois não há coisas destas perfeitas 100%.

A programação, a meu ver, sem títulos muito fortes, apostou, no entanto numa diversidade grande, quer de temas, quer de origens dos filmes.

Talvez o conjunto das curtas metragens não tivesse estado ao nível das longas e dos documentários, embora sobre estes, não possa ter opinião concreta, pois não assisti a nenhum.

Assisti a uma quantidade razoável de curtas, das quais poucas destaco: “Chalk line”, de Dan Brophy – Austrália; “Kampisar”, de Magnus Mork – Suécia; “Private life”, de Abbe Robinson – UK; “A prayer in January”, de Ofir Rave Graizer – Israel e “Wrestling”, de Grímur Hákonarson – Islândia.

Destaque para uma iniciativa muito interessante, que foi a exibição de um ciclo de quatro filmes, denominada “Cinematografia gay portuguesa dos anos 70”, da autoria de Óscar Alves (1975/1978).

Houve debates, exibição de sessões com video-clips e a presença de vários realizadores nas sessões em que os seus filmes foram apresentados.

Dos filmes de longa metragem a concurso, vi vários: “The Bubble”, objecto do meu édito anterior; “Keiller Park”, interessante filme sueco de Susana Edwards, sobre o relacionamento amoroso entre um bem sucedido executivo e um imigrante; “Solange du hier bist”, do alemão Stefan Westerwelle, um belíssimo e tristíssimo filme sobre o amor e a solidão de um homem idoso, cuja única alegria é a visita habitual de um prostituto; “Comme des voleurs” , confirmando plenamente que o seu realizador, o suiço Lionel Baier, sabe fazer um cinema vivo, actual e interessante, como o seu “Garçon Stupide”, apresentado há dois anos, e os decepcionantes “Wild tigers I have known”, e “The picture of Dorian Gray” de Cam Archer e Duncan Roy respectivamente, ambos americanos.

O palmarés ditou como vencedor, por maioria, o filme alemão, e embora não fosse o meu preferido, considero-o um bom vencedor, pois não é costume retratar de uma forma tão atenta e digna o problema da homossexualidade na velhice, e a solidão imensa a que isso conduz. Houve ainda um prémio especial, por unanimidade para o desempenho da brasileira Carla Ribas, pela sua interpretação no filme de Chico Teixeira “A casa de Alice”.

Nos documentários venceu “Estrellas de la línea”, do espanhol Chema Rodriguez, que nem sequer é um filme GLBT, mas parece ser um filme muito bom sobre a vida das prostitutas da capital guatemalteca, que para chamarem a atenção para a sua vida miserável, formam uma equipa de futebol.

Finalmente o prémio da melhor curta metragem, atribuído pela votação do publico foi para o filma brasileiro “Singularidades” de Luciano Coelho.

Para o ano há mais...

16 comentários:

  1. Olá :)


    Passei só pra te dizer que estou a amar a tua sensibilidade e as as deliciosas musicas que cá tens ...

    Beijinhos e parabéns

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  2. Olá Sónia
    obrigado pela tua visita e pelas tuas palavras; serás sempre benvinda.
    Beijinhos.

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  3. Reproduzo o comentário que te deixei no nosso blogue:
    Pinguim, tenho pena que não tenha ganho! Mas o júri deve ter tido as suas razões para atribuir o prémio a «Solange du hier bist», que não vi. Mas vou tentar ver, assim que puder. O tema não é usualmente tratado, até parece que não chegamos a velhos :) Além disso, lembro-me de Terêncio: «Homo sum; nihil humanum a me alienum est». The Bubble tem pernas suficientes para andar, isto é, ganhar notoriedade internacional, até porque o Eytan Fox não é propriamente um desconhecido. Mais: «Singularidades» merece bem o prémio.

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  4. Completamente de acordo, amigo Paulo, pois até no que diz respeito ao "Singularidades" que eu não vi, todas as pessoas o indicavam como favorito.
    E já agora, em geito de brincadeira, se houvesse um prémio para o homem mais sexy do festival, o realizador alemão tê-lo-ia ganho, na minha opinião, claro...
    Abraços.

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  5. Decepcionante... é, de facto, o melhor adjectivo para descrever "Wild tigers I have known", eheheh

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  6. Acho que concordo contigo, Pinguim. Prémio para Stefan Westerwelle que tem realmente uns olhos hipnotizantes e um sorriso lindo.

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  7. Poissss... só tenho pena que não haja uma iniciativa destas cá pelo norte. Paciência. Tenho de continuar a socorrer-me da mula. Eu não queria, mas... ;)

    Boa semana.

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  8. Nem me apercebi! Deve ter sido da febre!... :D
    Um abraço!

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  9. Meu caro Will, ou somos estúpidos e não percebemos as "mensagens" do novo cinema, ou há a muitos pseudo-intelectuais a apreciarem cinema, pois há um critico que lhe dá5 (o máximo) e no programa diz que o filme é uma espécie de mistura de Gus Van Sant e David Lynch...
    Tenho a impressão que é o segundo caso, não achas?
    Abraço.

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  10. E falado é extremamente simpático; tive oportunidade de lhe dar os parabéns pessoalmente, hummmmm...
    Abraço.

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  11. Amigo João Manuel
    a "mula" continua a ser a minha "enxada"; ainda hoje estive a "pôr a andar", os filmes que me interessam; só tenho pena de não ter conseguido sacar o filme vencedor...
    Abraço e boa semana.

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  12. Caro Zé
    só mesmo uma febrita te pode desculpar não ter dado um salto ao S. Jorge.
    As melhoras e um abraço.

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  13. Olá meu amigo, concordo contigo em quase tudo, também achei o "Wild Tigers" decepcionante mas o que me desiludiu mesmo foi o "Retratro de Dorian Gray", salvou-se a banda sonora. Para mim o melhor filme foi "The Blossoning of Maximilian Oliveros" mas estava fora de competição. Um abraço e para o ano há mais.

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  14. Amigo Paulo
    estou como tu, no que respeita ao "The bubble", pois não vi esse filme que referes.
    Não se pode ver tudo...
    Como dizes, para o ano há mais.
    Abraço.

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  15. Olá caro amigo, é a primeira vez q estou a visitar o teu blog e dexa-me dizer-te que, ainda bem q algo se faz para divulgar a cultura gay em Portugal, espero que haja continuidade, e pelo q conheci de ti, tenho a certeza q vais fazer o melhor.
    Quanto ao festival, gostava de adiantar algo, o nosso Realizador Oscar Alves, teve o prazer de ser convidado durante o decorrer deste evento para estar presente no próximo ano, no festival de cinema gay de Torino, com os trabalhos q apresentou aqu, lembro q eram filmes realizados logo após o 25 de Abril, e que ficaram na prateleira até aos dias de hoje. Um abraço a todos, e a ti pinguim...continua a ser assim

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  16. Amigo Máximo
    obrigado pela tua visita.
    Quanto ao festival, pois fica essa boa notícia, que só demonstra, por um lado o interesse da obra, que eu referi no texto, mas também a importância que o nosso festival vai tendo, pois estão presentes pessoas ligadas aos mais importantes festivais do género, como o de Turim.
    Abraço.

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