segunda-feira, 6 de agosto de 2007

"Ninguém se importa comigo"


Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.

Bertold Brecht (1898-1956)

18 comentários:

  1. É a 1ª vez que aqui venho mas adorei este poema, é lindissimo.

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  2. Olá Lilith
    é bom ver-te por aqui, e se conheces o blog da Carla, deves conhecê-la e é um óptimo cartão de visita, pois gosto muito dela.
    Eu acho o poema lindo, também, daí o ter postado; ainda bem que gostaste.
    Volta sempre que queiras.
    Beijito.

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  3. Meu amigo, esta sociedade é cada vez mais egoísta e quando abrimos os olhos já é tarde.
    Que delícia de música: O Carlos é talvez aquele que melhor cantou o Ary. Pelo menos para mim é.
    Um abraço.

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  4. Sabias e bonitas palavras, amigo Pinguim...

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  5. Olá Pinguim,
    gostei do tema escolhido porque é realidade pura e crua.
    Nunca nos importamos com ninguém mas achamo-nos "coitadinhos" quando é connosco.
    Existem por aí uns (conheço uns poucos)que estão sempre lá quando os outros necessitam e quando precisam...os "amigos" estão de férias ou em parte incerta.
    De berço trouxe várias lições e uma delas é que não devo fazer aos outros aquilo que não gosto que me façam a mim.
    Mas ainda há "bons samaritanos de serviço", tem de haver sempre um.
    É costume confundir-se um bom samaritano com um tonto mas de tontos os bons samaritanos não têm nada.
    É tudo uma questão de respeito.

    Beijinho

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  6. Amigo Paulo
    ninguém como Brecht para nos "explicar" esse fenómeno.
    Quanto à "Estrela da tarde" é para mim, a melhor letra de Ary dos Santos para canções e, tens razão, a voz de Carlos do Carmo é magnífica para esta melodia. Tenho boas surpresas para ir pondo aqui, irás ver (ouvir, melhor dizendo...).
    Abraço.

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  7. E infelizmente, verdadeiras, caro Lampejo.

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  8. Concordo 100% com o que dizes, minha cara amiga R.porter.
    Infelizmente, é o mundo em que vivemos...
    Beijiquitas.

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  9. Lindo... e verdadeiro. Infelizmente, de vez quando, mesmo quando nos importamos com os outros, eles não se importam connosco...mas só realçam as excepções à regra, aquelas que devemos louvar e preservar. Há sempre um lado positivo em tudo ;)

    Beijoquitas enormes :)

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  10. Amiga Catwoman
    Brecht era muito pragmático, acho que não admitia excepções e o altruísmo, mesmo em pequenas doses, não existiria. Estarei errado?
    Beijoquitas.

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  11. Desconhecia este poema...Obrigada pela partilha!
    Quanto há realidade(s), já sabes como penso e ajo.
    Como disse a R.Porter, posso ser apelidada de tonta, mas não me importo.

    Boa semana!
    Beijinhos.

    Fora do contexto: Espero que estejas melhor. Folgava em saber que sim.
    Quanto à «publicidade», muito obrigada :-)

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  12. Olá Carla
    então essas férias?
    A publicidade? Referes-te ao comentário que fiz à Lilith? Mas isso é verdade, não é publicidade.EHEHEHEH!
    Quanto ao poema é bem brecht, não achas?
    Estou melhor sim senhora, devem ser os ares da Croácia a começarem a fazer efeito.
    Beijinhos.

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  13. Sempre gostei imenso de Brecht, já para não falar na minha enorme paixão por autores do género teatral... ele sempre soube fazer sobressair uma "comedia de costumes" não ao estilo queirosiano, mas no seu registo muito proprio e de critica social... pragmatico sim, mas muito ciente do mundo à sua volta e das questões para as quais era necessária atenção...

    eu importo-me e muito!
    altruismo? ou egoismo disfarçado de preocupação? Nao creio que o seja. Importo-me...apenas isso... se o faço bem ou mal isso já é outra estória... mas importo-me!
    e talvez caia no ridiculo, mas importo-me... e só.


    beijokitas

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  14. Minha querida Cris
    penso que este teu comentário me vem dar razão ao que escrevi quando comentei o que a Catwoman disse; de qualquer modo é um grande escritor e na sua obra é justo realçar os seus fabulosos trabalhos para o teatro, como p.ex. "Mãe coragem" e "Círculo de giz caucasiano".
    Beijoquitas.

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  15. Caro amigo Pinguim...
    Há uns dias atrás contavam-me uma história cuja moral vai ao encontro da do teu post.

    Temos de perder mais tempo a refletir... essa é que é essa!

    Grande abraço

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  16. Acho que existe sim, em pequenas doses ou doses um pouco maiores que vão variando de pessoa para pessoa. De qualquer forma, altruísmo não significa "beatificação" e muitas vezes podemos expressar o quanto nos importamos das formas mais erradas e egoístas. O mundo não é a preto e branco, há muitos nichos cinzentos pelo meio e muita cor também :)Nem sempre o gostar significa sermos "gostados" de volta e vice-versa. A capacidade de amar e de cuidar varia consoante cada um de nós e nem sempre é retribuída na mesma medida,seja ela qual for. E mesmo assim há quem continue a amar e a cuidar, porque simplesmente faz parte de nós e da nossa relação com o mundo...

    Beijoquitas :)

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  17. Amigo João
    como diz o povo, que destas coisas, sabe bem, de "olhar para o nosso umbigo"...
    Abraço.

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  18. Catwoman, minha boa amiga
    quando eu fiz a pergunta, não me referia à sociedade em geral, mas sim ao ponto de vista brechtiano.
    Beijoquitas.

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Evita ser anónimo, para poderes ser "alguém"!!!